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Pequim reage à guerra de preços dos carros elétricos e pede fim da “involução” no setor

Publicado 05/06/2025 • 10:04 | Atualizado há 2 dias

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Redação CNBC

KEY POINTS

  • No último dia 23 de maio, a BYD lançou uma série de descontos, incluindo uma redução de mais de 30% no valor de um de seus modelos.
  • Apesar de os preços estarem caindo há dois anos, executivos do setor acreditam que o pico da guerra de preços ainda não foi atingido.
  • A startup lançou recentemente a versão Max do modelo Mona 03 por 129.800 yuans (US$ 18.020), valor 17% inferior ao preço anunciado em agosto passado.
Trabalhadores inspecionam carros no final da linha de produção da fábrica da Volvo em Ghent, em 25 de abril de 2025.

Mesmo com as tentativas do governo de acalmar o setor, analistas e representantes da indústria acreditam que a disputa entre empresas deve se intensificar ainda mais

Nicolás Tucat | Afp | Getty Images | CNBC Internacional

Em meio à acirrada guerra de preços no mercado de veículos elétricos na China, autoridades do alto escalão estão soando o alarme. O governo tem feito apelos para conter a competição excessiva, popularmente conhecida como “neijuan” — termo chinês que pode ser traduzido como “involução” ou uma corrida sem sentido para o fundo do poço.

A expressão ganhou destaque no relatório anual do premiê Li Qiang, divulgado em março. No mês passado, o órgão regulador do mercado também defendeu uma “ação abrangente” para corrigir essa concorrência desleal.

No início desta semana, executivos das principais montadoras de veículos elétricos do país foram convocados a Pequim para discutir medidas de autorregulamentação, segundo informou a Bloomberg.

Mesmo com as tentativas do governo de acalmar o setor, analistas e representantes da indústria acreditam que a disputa entre empresas deve se intensificar ainda mais.

A Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, ligada ao governo, criticou publicamente os cortes agressivos de preços iniciados por uma montadora — referindo-se à BYD — e que logo foram seguidos por outras empresas, gerando uma nova rodada da chamada “guerra de preços”.

No último dia 23 de maio, a BYD lançou uma série de descontos, incluindo uma redução de mais de 30% no valor de um de seus modelos.

Leia mais: BYD supera Tesla em vendas de carros elétricos na Europa, apesar de tarifas da UE, diz relatório

“Essas guerras de preços desordenadas intensificam a competição e pressionam as margens de lucro, além de trazerem riscos à segurança do consumidor”, alertou a associação, pedindo respeito à concorrência leal e condenando práticas de dumping (venda abaixo do custo).

O jornal oficial do Partido Comunista, Diário do Povo, reforçou a crítica: “Guerras de preços não têm vencedores, tampouco futuro”, citando uma declaração do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação, que prometeu ampliar a regulação contra práticas anticompetitivas.

A BYD respondeu à CNBC que apoia os apelos por um mercado saudável e concorrência justa.

Cortes, pressão e excesso de oferta

Analistas apontam que os cortes mais recentes da BYD apenas formalizam descontos que os consumidores já conseguiam antes por meio de programas de subsídio do governo.

Apesar de deter quase 30% do mercado, a BYD também sente a pressão da concorrência. Um relatório do banco japonês Nomura indicou que as vendas da montadora cresceram 14% no mês passado, desacelerando em relação ao ritmo de 19% registrado em abril.

“Diante do excesso de oferta atual no setor automotivo chinês, acreditamos que a fase mais intensa da concorrência ainda está por vir — até que o mercado passe por uma consolidação significativa”, afirmaram os analistas da Nomura.

Zhong Shi, especialista da Associação de Concessionárias de Automóveis da China, afirmou que, apesar da retórica do governo, há pouco que se possa fazer para conter a dinâmica do livre mercado. Ele destacou que outros países observam atentamente o que está acontecendo na China, por temerem impactos sobre suas próprias indústrias automobilísticas.

De fato, o preço médio dos carros exportados pela China caiu desde 2023. Dados compartilhados nas redes sociais por Cui Dongshu, secretário-geral da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros, mostram que o valor médio de exportação para a Alemanha recuou de US$ 30 mil, em 2023, para US$ 21 mil neste ano.

O México, principal destino das exportações, foi exceção: o preço médio subiu para US$ 13 mil, ante US$ 12 mil há dois anos.

No mercado interno, o preço médio de um carro novo caiu cerca de 19% em dois anos, chegando a 165 mil yuans (US$ 22.900), segundo dados do Autohome Research Institute citados pela Nomura.

A competição feroz levou até a um fenômeno curioso: a venda de carros “usados” com quilometragem zero. Segundo o presidente da Great Wall Motor, Wei Jianjun, entre 3 mil e 4 mil vendedores estão colocando esses veículos em plataformas de revenda.

Os carros são registrados como vendidos pelas montadoras, mas acabam voltando ao mercado quase imediatamente, inflando artificialmente os números de vendas e criando confusão no setor.

Só o começo

Apesar de os preços estarem caindo há dois anos, executivos do setor acreditam que o pico da guerra de preços ainda não foi atingido.

“A competição será ainda mais acirrada nos próximos cinco anos”, disse He Xiaopeng, CEO da Xpeng, à mídia chinesa — declaração confirmada pela empresa à CNBC.

“Isso é apenas um aperitivo do que está por vir”, acrescentou, explicando que a Xpeng pretende competir com foco em tecnologia e expandir suas operações para além da China.

A startup lançou recentemente a versão Max do modelo Mona 03 por 129.800 yuans (US$ 18.020), valor 17% inferior ao preço anunciado em agosto passado.

A Xpeng entregou mais de 30 mil veículos por mês nos últimos sete meses, mas, como outras startups, ainda opera no vermelho: registrou prejuízo de cerca de US$ 90 milhões no primeiro trimestre.

Já a Nio, focada em carros elétricos premium, teve perdas de quase US$ 950 milhões no mesmo período. Por outro lado, a Xiaomi — que entrou no mercado automotivo no ano passado com o sedã SU7 — afirmou à CNBC que espera lucrar com seu negócio de veículos elétricos ainda neste semestre. A empresa planeja desafiar o Model Y da Tesla com o lançamento do SUV YU7 neste verão.

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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

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