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ESG EM PAUTA Marina Grossi

As novas faces do mutirão global pelo clima

Publicado 10/06/2025 • 21:36 | Atualizado há 3 dias

Foto de Marina Grossi

Marina Grossi

Marina Grossi é economista e pioneira em sustentabilidade empresarial no Brasil. Tem mais de 25 anos de experiência em mudança do clima e finanças sustentáveis. É presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

KEY POINTS

  • A cinco meses da COP30, o mutirão global pelo clima começa a tomar corpo.
  • A inspiração veio dos povos indígenas brasileiros, que cunharam o termo "motyrõ”, que significa trabalho coletivo, em um movimento espontâneo, orgânico e sem hierarquia definida.
  • Ao apresentar o conceito ao mundo, o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, convocou, em sua primeira Carta da Presidência Brasileira, uma mobilização e um esforço conjunto mundial para enfrentar a crise climática.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

A cinco meses da COP30, o mutirão global pelo clima começa a tomar corpo. A inspiração veio dos povos indígenas brasileiros, que cunharam o termo "motyrõ”, que significa trabalho coletivo, em um movimento espontâneo, orgânico e sem hierarquia definida.

Ao apresentar o conceito ao mundo, o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, convocou, em sua primeira Carta da Presidência Brasileira, uma mobilização e um esforço conjunto mundial para enfrentar a crise climática.

O recado foi claro: todos são protagonistas do desenvolvimento sustentável, não apenas o corpo diplomático dos países que fazem parte da Convenção do Clima da ONU. O anúncio, em maio, dos 30 Enviados Especiais para a COP30 representa uma inovação brasileira fundamentada no multilateralismo, que tem sustentado as iniciativas de ESG no cenário recente, repleto de incertezas.

A diversidade de atuações deixa claro que todos serão impactados pelos resultados das ações propostas na COP30.

A figura do Enviado Especial é inédita. São 10 Enviados para regiões estratégicas do mundo (oito deles, estrangeiros) e 20 para setores-chave (todos brasileiros). "Caixas de ressonância de setores e geografias", nas palavras de Corrêa do Lago, devemos ter, pelo menos, três reuniões formais com a Presidência da COP30, e temos a missão de promover um diálogo amplo com a sociedade, furar bolhas, facilitar o fluxo de informações e de percepções de cada região ou setor.

Tenho a honra de ser a Enviada Especial para o Setor Empresarial - nomeação que é, acima de tudo, um reconhecimento do papel cada vez mais estratégico das empresas na construção de soluções climáticas.

Na minha bagagem, somo mais de 20 anos de experiência em mudança de clima e finanças sustentáveis, representando o Brasil nas COPs entre 1997 e 2001, participando das tratativas do Protocolo de Kyoto, e coordenando o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas entre 2001 e 2003.

Estar nessa posição também reflete o trabalho que temos feito no Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), do qual sou presidente desde 2010, para mobilizar os negócios em torno de uma agenda comum, ambiciosa e orientada à ação.

É de extrema importância que as empresas estejam atentas ao que será discutido em Belém. A COP30 ocorre em um cenário desafiador, com o mundo já enfrentando um aquecimento global muito próximo dos limites do Acordo de Paris, com a escalada dos riscos físicos trazidos pelos eventos climáticos extremos, além dos riscos inerentes à transição.

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A conferência tem muitas tarefas a serem conduzidas, o que vai exigir do Brasil um esforço para restaurar uma nova era de confiança na diplomacia e na governança climática internacional. Nesse sentido, a figura de uma Enviada Especial para o setor empresarial será fundamental para que sejam feitas as pontes necessárias entre os negócios e a ação climática que é urgente e necessária. A mensagem que levaremos à COP30 é clara: as empresas brasileiras estão prontas.

Prontas para colaborar com políticas públicas mais ambiciosas, para desenvolver e escalar soluções, e para posicionar o Brasil como um verdadeiro hub global de inovação climática e sustentabilidade. O setor privado também reconhece seu papel na aceleração da transição para uma nova economia, baseada em baixo carbono, inclusão social e valorização da natureza.

Por ser plural, diverso e especializado, o grupo de Enviados Especiais trará uma grande contribuição para tornar Belém o palco de uma Conferência emblemática. A COP30, que já vem carregada de fortes simbolismos - primeira no Brasil e na Amazônia e com forte presença dos povos indígenas - deve entrar para a história também como a mais inovadora.

"Movimento de movimentos"

A começar pela estrutura de governança proposta pela Presidência, que é multifacetada, envolvendo a liderança formal, frentes de ação estratégicas, mecanismos de mobilização global inclusivos, a ativação de agentes de alta alavancagem (Enviados Especiais, Campeões), e a criação dos Círculos de Liderança - mais uma novidade trazida pela COP30, formada por quatro grupos (Presidentes das COPs; Povos; Ministros da Fazenda e Balanço Ético Global), que têm o objetivo de ampliar a mobilização global e canalizar a sabedoria coletiva e promover diálogo. Com isso, espera-se catalisar um "movimento de movimentos" para acelerar a implementação climática e o engajamento da sociedade em uma discussão que é relevante para todos.

É importante destacar ainda que, na história das COPs de clima, a mobilização dos chamados “atores não estatais” vem crescendo não só em presença, mas também em relevância. Foi a partir da COP21 (2015), que resultou no Acordo de Paris, que as COPs passaram a ter “dois trilhos oficiais”: o trilho formal de negociação entre as Partes, e o trilho de ação climática global, institucionalizado sob o guarda-chuva da Convenção do Clima da ONU, mas fora das negociações.

A COP26 (2021, Glasgow) consolidou o papel da ação climática global, com o surgimento de diversas iniciativas de mobilização setorial, tais como a Race to Zero, Race to Resilience, a GFANZ (Glasgow Financial Alliance for Net Zero) e a realização de mais de 500 eventos paralelos, acordos bilaterais e acordos voluntários. Assim, o sucesso de uma conferência climática passou a ser medido não apenas pelo que é aprovado nos textos legais, mas também pelos anúncios e compromissos políticos voluntários.

A terceira e recém-lançada Carta da Presidência da COP30 ecoa novamente a transformação do papel das COPs e da política climática em si - que “só será eficaz se promover transformações socioeconômicas". E conclama "todos os atores públicos e privados para cooperar para a plena implementação do Acordo de Paris” com ações práticas e responsabilidades compartilhadas, tais como reverter o desmatamento até 2030 e acelerar a transição energética global.

Ao buscar esse ponto de inflexão e uma parceria ampla entre governos, empresas e sociedade, Belém pode marcar, definitivamente, uma nova era de participação social e de resultados concretos como nunca vistos em três décadas de conferências do clima. Com novas estratégias e novas faces, a COP 30 já está fazendo história.

  • Marina Grossi é presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), entidade com 28 anos de atuação e 120 grandes empresas associadas

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