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Sendo o Brics antissistêmico, qual seu sistema proposto?

Publicado 07/07/2025 • 19:09 | Atualizado há 17 horas

Redação Times Brasil

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Alberto Ajzental

Analista Econômico do Jornal Times Brasil e do Money Times, é Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mestre e Doutor em Administração de Empresas com ênfase em Economia pela FGV. Atuou como Professor de Economia e Estratégia de Negócios na EESP-FGV e atualmente coordena Curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários na EAESP-FGV. Trabalha há mais de 30 anos no mercado imobiliário de São Paulo, em incorporadoras e construtoras de alto padrão, assim como em fundo imobiliário. Atualmente é CEO de importante empresa patrimonialista imobiliária.

KEY POINTS

  • Durante décadas, a economia global foi definida pela liderança ocidental — mais especificamente, pela aliança entre Estados Unidos e Europa, com Japão em posição de suporte tecnológico.
  • Mas o século XXI viu surgir um movimento contrário, liderado por potências emergentes que buscaram maior protagonismo.

Durante décadas, a economia global foi definida pela liderança ocidental — mais especificamente, pela aliança entre Estados Unidos e Europa, com Japão em posição de suporte tecnológico.

Mas o século XXI viu surgir um movimento contrário, liderado por potências emergentes que buscaram maior protagonismo. Esse movimento passou a ser identificado como o surgimento do chamado "Sul Global" — um termo que engloba economias da Ásia, África e América Latina que não integraram plenamente a lógica de poder da Guerra Fria, mas que, nos últimos anos, começaram a reivindicar maior peso político e econômico nos fóruns internacionais.

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O Sul Global não é homogêneo, tampouco ideologicamente alinhado, mas sua importância cresce à medida que representa a maior parte da população mundial, vastas reservas de recursos naturais e potencial de taxas mais altas de crescimento econômico.

É neste contexto que nasceram blocos como o BRICS, enquanto os já consolidados União Europeia (UE) e NAFTA se redefiniram frente à nova geopolítica.

O bloco dos dissidentes: BRICS

Criado como uma sigla inventada por economistas do Goldman Sachs em 2001, o BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China) virou realidade política com a entrada da África do Sul em 2010, formando o BRICS.

Em 2024, o BRICS foi ampliado com o ingresso formal de novos membros: Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita — ampliando tanto o peso econômico quanto as divergências internas.

O bloco uniu países com grandes populações, mercados internos em expansão e, não raro, governos insatisfeitos com a ordem liberal anglo-saxã e ocidental.

PaísRegimePopulação (milhões)PIB (US$ trilhões)
BrasilDemocracia~212~2,2
RússiaAutoritário~146~2,2
ÍndiaDemocracia~1.461~3,9
ChinaDitadura~1.408~18,3
África do SulDemocracia~63~0,4
EgitoAutoritário~107~0,4
EtiópiaAutoritário~132~0,1
IrãTeocracia autoritária~90~0,4
Emirados Árabes UnidosMonarquia absoluta~10~0,5
Arábia SauditaMonarquia autoritária~36~1,1

Totais BRICS (10 países): População ~3,67 bilhões | PIB ~US$ 29,4 trilhões

Apesar da musculatura numérica, o bloco sofre com desequilíbrios internos.

A China representa cerca de 62% do PIB deste Bloco e opera sob regime de partido único. Rússia vive regime autoritário e enfrentou sanções ocidentais. Brasil, Índia e África do Sul são democracias instáveis e desiguais.

Os novos membros, em sua maioria autocracias ou monarquias, trazem petróleo, gás e localização geopolítica estratégica, mas também ampliam as diferenças de regime e visão de mundo, além de serem geograficamente descontínuos.

A promessa de uma nova ordem multipolar através da institucionalização deste bloco parece distante de se consolidar.

União Europeia: coesão política e heterogeneidade econômica

A União Europeia é, de longe, o bloco mais institucionalizado do planeta. Com 27 países, moeda comum em boa parte deles e um mercado único, a UE consolidou-se como um experimento inédito de soberania compartilhada.

PaísRegime políticoPopulação (milhões)PIB (US$ trilhões)
AlemanhaDemocracia parlamentar~83~4,7
FrançaDemocracia semi-presidencial~68~3,2
ItáliaDemocracia parlamentar~59~1,9
EspanhaDemocracia parlamentar~48~1,7
Países BaixosDemocracia parlamentar~18~1,2
PolôniaDemocracia parlamentar~36~0,9
SuéciaDemocracia parlamentar~10~0,6
BélgicaDemocracia parlamentar~12~0,6
ÁustriaDemocracia parlamentar~9~0,5
IrlandaDemocracia parlamentar~5~0,5

Totais UE (27 países): População ~449 milhões | PIB ~US$ 19,9 trilhões

O bloco é coeso institucionalmente, contínuo geograficamente, mas enfrenta desafios estruturais: envelhecimento populacional, transição energética cara, perda de relevância industrial.

Ainda assim, lidera em IDH, governança e sofisticação produtiva.

É o contraponto liberal à agenda do BRICS.

NAFTA (USMCA): o pragmatismo continental

O NAFTA, assinado em 1994, foi renegociado sob Trump e renomeado USMCA. Une as economias da América do Norte em um pacto de integração comercial sem precedentes na região. Apesar de suas assimetrias, funciona: EUA, Canadá e México são dependentes entre si — mas cada uma conserva sua soberania política e monetária.

PaísRegime políticoPopulação (milhões)PIB (US$ trilhões)
Estados UnidosDemocracia presidencial federal~340,0~29,2
CanadáDemocracia parlamentar federal~41,5~2,2
MéxicoDemocracia presidencial (frágil)~132,0~1,8

Totais NAFTA / USMCA: População ~513 milhões | PIB ~US$ 33,2 trilhões

Entre os três blocos, o NAFTA é o mais concentrado economicamente dado que os EUA respondem por quase 88% do PIB deste Bloco.

No entanto, a continuidade geográfica e a complementaridade produtiva com México e Canadá gera ganhos de escala e eficiência.

É o modelo liberal funcional — distante das ambições geopolíticas do BRICS e mais ágil que a burocracia europeia.

Conclusão: números dizem, regimes explicam

O BRICS pode ter o maior peso populacional e um PIB expressivo, mas é um colosso com pés desiguais.

A União Europeia, mesmo com menor população, oferece estabilidade institucional e legitimidade democrática.

Já o NAFTA/USMCA mostra como o pragmatismo liberal, quando bem alinhado, entrega resultado.

No fundo, o regime importa: sem instituições estáveis, liberdades garantidas e quem sabe, continuidade geográfica, números grandiosos podem não sustentar uma liderança duradoura.

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