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Agro afirma ter sido responsável por trazer a inflação para meta em 2025

Publicado 09/12/2025 • 12:42 | Atualizado há 15 horas

KEY POINTS

  • O VBP (Valor Bruto da Produção) total do agronegócio deve alcançar R$ 1,57 trilhão ano que vem.
  • A produção de soja é projetada para atingir 177,6 milhões de toneladas na próxima safra.
  • A inadimplência do crédito rural (taxas de mercado) atingiu 11,4% em outubro.

Unsplash.

Balança comercial tem superávit de US$ 50,4 bilhões até outubro, impulsionada pelo agronegócio.

Durante uma coletiva de imprensa virtual para apresentar o balanço do agro em 2025 e as perspectivas para 2026, o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, afirmou que “o agro foi responsável por segurar a inflação”. Segundo ele, o comportamento dos preços dos alimentos — com alta de 6% — evitou pressão maior sobre o índice geral.

A CNA avaliou que o setor evitou um descumprimento das metas de inflação, especialmente diante de uma taxa Selic ainda elevada, em 15% ao ano. Para a entidade, sem o desempenho da produção agrícola, o país enfrentaria risco de política monetária ainda mais restritiva.

Bruno destacou que a apreciação recente do real está mais ligada ao movimento dos Estados Unidos do que a um fortalecimento interno consistente. Ele também alertou para os efeitos da dívida pública, que afetam juros, PIB e investimentos no campo.

O presidente da CNA, João Martins, classificou 2025 como um ano atípico, marcado por recorde de produção mesmo diante de clima adverso e restrições de crédito. “Foi um ano bom”, afirmou.

Ele reforçou que a agricultura brasileira é guiada pela demanda global. Segundo ele, o aumento da procura por milho, impulsionado pelo etanol, é um dos exemplos de como o mercado externo orienta decisões internas. O presidente disse ainda estar satisfeito com a expansão da base produtiva .

Seguro rural e endividamento

Bruno Lucchi e João Martins chamaram atenção para o desmonte do seguro rural. “O seguro é uma das maneiras de garantir estabilidade para a agropecuária”, disse João, afirmando que produtores evitam ampliar coberturas porque as seguradoras não são incentivadas a operar no agro.

A inadimplência preocupa. O crédito rural com taxas de mercado atingiu 11,4% em outubro — o maior patamar desde 2011. Para Bruno, não há dados precisos sobre o perfil da inadimplência e a transparência é limitada: “Não existe dado que permita mensurar claramente esse patamar de 11,4% da carteira.”

As causas incluem eventos climáticos, queda das commodities, custos maiores e políticas de crédito mais duras e a questão do tarifaço.  

A diretora Sueme Mori destacou que cerca de 40% dos produtos brasileiros continuam tarifados nos EUA e que o cenário pode se agravar com as novas diretrizes da política comercial americana. Países têm firmado acordos preferenciais com Washington, reduzindo compras de terceiros. A CNA estima impacto anualizado de até US$ 2,7 bilhões caso as tarifas adicionais permaneçam.

Ela citou que o café verde antecipou embarques por causa das tarifas e que a carne bovina sofreu forte impacto. Mesmo assim, houve crescimento no mercado americano em alguns períodos do ano.

Acordo Mercosul–UE

A CNA avalia que o avanço do acordo Mercosul–União Europeia em 2026 pode representar riscos para o agro brasileiro. A preocupação central é que a Comissão Europeia quer aprovar apenas o capítulo comercial, deixando de fora dispositivos que trariam equilíbrio ao tratado. Para a entidade, isso abre brechas para salvaguardas e novas exigências sobre produtos agrícolas do Mercosul, especialmente em temas sanitários e fitossanitários.

Segundo a CNA, parte das propostas europeias não está alinhada ao marco regulatório da OMC para medidas SPS (Sanitárias e Fitossanitárias). O bloco tem defendido padrões próprios — e mais rígidos — para resíduos, bem-estar animal, rastreabilidade e monitoramento ambiental. Como essas regras não são harmonizadas internacionalmente e refletem realidades de países de clima temperado, podem se transformar em barreiras técnicas, com impacto direto sobre exportações como carnes, soja e outros produtos agrícolas.

China

A China segue como destino central do agro, mas 2026 deve ser um ano de pressão. O país investiga importações de carne bovina e pode aplicar salvaguardas que atingiriam todos os fornecedores. Como o Brasil responde por cerca de 50% das compras chinesas, qualquer mudança tende a ter impacto direto sobre preços e volumes exportados.

A CNA também vê risco na relação entre China e Estados Unidos. Caso Pequim aceite ampliar as compras de soja americana, o Brasil pode perder espaço no seu maior mercado. Esse movimento já preocupa tradings e produtores, especialmente em um cenário de margens mais apertadas.

Outro ponto monitorado é o 15º Plano Quinquenal chinês. O documento prevê fortalecer a produção doméstica, reduzir a dependência de importações e criar regras mais rígidas para produtos estratégicos. Entre as medidas está o incentivo a alternativas ao farelo de soja na nutrição animal — algo que, no longo prazo, pode reduzir a demanda pelo grão brasileiro.

Produção, VBP e safra

As projeções mostram que o Valor Bruto da Produção (VBP) deve alcançar R$ 1,57 trilhão em 2026, avanço de 5,1% em relação a 2025. O segmento agrícola deve responder por R$ 1,04 trilhão, beneficiado pelo aumento de produtividade em grãos. Já a pecuária tende a atingir R$ 528 bilhões, puxada pela recuperação gradual dos preços da arroba e por uma oferta mais ajustada.

Na agricultura, a soja permanece como o principal motor de crescimento. A área plantada deve ultrapassar 49 milhões de hectares e a produção tende a atingir 177,6 milhões de toneladas, avanço de 3,6% sustentado por tecnologia, biotecnologia e maior estabilidade climática. O setor, porém, continua pressionado pelos custos de fertilizantes, logística e armazenagem.

O milho deve ter comportamento distinto. A segunda safra — responsável pela maior parte da produção nacional — deve recuar 2,5%, totalizando 110,5 milhões de toneladas. Somadas as três safras, a produção chega a 138,8 milhões de toneladas, queda de 1,6%. O ajuste reflete redução de área, antecipação do plantio da soja e maior competição com culturas como algodão e sorgo.

O arroz segue como um dos destaques negativos. A área encolheu devido ao consumo estagnado e à pressão sobre preços, resultando em produção estimada de 11,3 milhões de toneladas, queda de 11,5%. A CNA alerta que o país pode depender mais das importações do Mercosul caso o cenário se mantenha, especialmente diante das perdas recentes no Rio Grande do Sul, que responde pela maior parte da colheita nacional.

O café mantém trajetória positiva. A produção de arábica se beneficia de maior regularidade climática e renovação de lavouras, enquanto o conilon avança em produtividade e consolida o Brasil como maior produtor mundial da variedade. As regiões Sudeste e Norte tendem a puxar o crescimento, com melhora na qualidade e capacidade de exportação.

Em culturas de menor expressão, mas relevantes para abastecimento interno, como feijão e trigo, a oferta deve seguir ajustada. A dependência de condições climáticas é elevada, principalmente no Paraná e Rio Grande do Sul, o que mantém volatilidade de preços e margens mais apertadas para os produtores.

Na pecuária, os abates cresceram em 2025, especialmente pela alta participação de fêmeas, chegando a 49,9% do total. O movimento reduz a oferta de animais para 2026 e abre espaço para valorização da arroba. A CNA projeta queda de 4,5% na produção de carne bovina no próximo ano, o que tende a elevar preços e aumentar a competitividade de proteínas alternativas como frango e suíno.

DADOS DE 2025 (REALIZADOS OU ESTIMADOS)

Macroeconomia

  • Inflação deve fechar 2025 em 4,4%.
  • PIB do Agronegócio em 2025: expansão estimada de 9,6%, chegando a R$ 3,13 trilhões.

VBP – 2025

  • VBP total estimado: R$ 1,49 trilhão (+11,9% vs. 2024).
  • VBP agrícola: R$ 981,3 bilhões (+10,8%).
  • VBP pecuária: R$ 516,52 bilhões (+14,2%).
  • Destaque: recuperação dos preços da bovinocultura de corte.

Endividamento

  • Inadimplência do crédito rural (taxas de mercado) em outubro/2025: 11,4% — maior da série desde 2011.
  • Em outubro/2024: 3,54%.
  • Em jan/2023: 0,59%.

Seguro Rural

  • PSR 2025: pior desempenho desde 2007.
  • Área coberta: 2,2 milhões de hectares (menos de 5% da área agricultável).

Pecuária (dados de 2025)

  • Abates de bovinos: +5,6% até o 3º trimestre.
  • Produção de carne bovina: +3,8%.
  • Abate de fêmeas: 49,9% (nível alto, que antecipa restrição futura).

Comércio Exterior (2025)

  • Exportações do agro para os EUA (ago–nov/2025): queda de 37,85% vs. 2024.

PROJEÇÕES PARA 2026

Macroeconomia

  • PIB do Agronegócio 2026: crescimento previsto de 1%.
  • Cenário fiscal desafiador — governo deve aumentar fiscalização e buscar novas bases de arrecadação.
  • Risco de política monetária mais dura caso o agro não contribua para inflação.

VBP – 2026 (projeção)

  • VBP total: R$ 1,57 trilhão (+5,1%).
  • VBP agrícola: R$ 1,04 trilhão (+6,6%).
  • VBP pecuária: R$ 528,09 bilhões (+2,2%).
  • Bovinocultura de corte: +4,7% projetados.

Safra 2025/26 (dados de projeção para colheita de 2026)

  • Produção total estimada: 354,8 milhões de toneladas (+0,8%).
  • Soja: 177,6 milhões t (+3,6%).
  • Milho (3 safras): 138,8 milhões t (-1,6%).
  • Milho 2ª safra: 110,5 milhões t (-2,5%).
  • Arroz: 11,3 milhões t (-11,5%) com redução de área.

Pecuária (2026)

  • Produção de carne bovina: queda de 4,5%.
  • Menor oferta deve elevar o preço da arroba e de animais de reposição.
  • Possível ganho de competitividade das outras carnes.

Comércio Exterior (2026)

  • EUA devem manter política comercial agressiva.
  • Negociações e acordos podem reconfigurar o fluxo global.
  • Se tarifas extras de 40% forem mantidas, o impacto pode chegar a US$ 2,7 bilhões ao ano para o agro brasileiro (22% das exportações aos EUA).

Acordo Mercosul–UE

  • Expectativa de avanço na ratificação em 2026.
  • CNA alerta para risco de salvaguardas que prejudiquem produtos agrícolas do Mercosul.

China

  • Investigações sobre carne bovina podem resultar em salvaguardas para todos os fornecedores.
  • Brasil responde por ~50% das importações chinesas de carne bovina.
  • Acordo com os EUA pode redirecionar compras de soja para o produto americano.
  • 15º Plano Quinquenal chinês deve reforçar:
    • redução da dependência de importações,
    • estoques estratégicos,
    • regras mais rígidas para produtos sensíveis,
    • alternativas ao farelo de soja.

Questão do leite

A CNA voltou a defender a investigação antidumping contra a Argentina. Segundo João Martins, Uruguai e Argentina adotam postura agressiva nas exportações. Ele afirma que o problema não está apenas na concorrência externa, mas também na desigualdade interna entre estados brasileiros  mais e menos eficientes.

A entidade acredita que poderá comprovar o dano ao produtor brasileiro na nova etapa da investigação.

Riscos e desafios para 2026

A CNA listou os principais pontos de atenção para o agronegócio em 2026, reunindo fatores internos e externos que podem pressionar a produção, afetar a competitividade do setor e influenciar diretamente o desempenho econômico do país no próximo ano.

  1. endividamento crescente;
  2. insegurança jurídica;
  3. efeitos climáticos;
  4. eleições e instabilidade política;
  5. falta de seguro rural;
  6. riscos tarifários e regulatórios globais.

Para a entidade, o Brasil precisa avançar em políticas de gestão de risco e previsibilidade, porque o agro não muda de um ano para outro.

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