Alcione Albanesi: Nosso projeto não é assistencialismo, é transformação

A empresária Alcione Albanesi, presidente da ONG Amigos do Bem, contou em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC que a virada de sua carreira começou com um choque de realidade no sertão nordestino. “Foi a indignação que me moveu. Em 1993, encontrei pessoas que não sabiam o que era Natal, nem em que ano estavam. Vi adultos e crianças sem roupas, sem comida, e voltei para São Paulo com a certeza de que precisava agir. A indignação só faz sentido quando se transforma em ação”.

Fundado com apenas 20 voluntários, Amigos do Bem cresceu e hoje é considerado um dos maiores projetos sociais do país, atendendo mais de 150 mil pessoas e contando com 11 mil voluntários. “Hoje trabalhamos com quatro pilares: educação, geração de renda, saúde e acesso à água e moradia. É um trabalho muito complexo, mas que tem mudado vidas. Foi a decisão mais difícil e mais consciente da minha vida: vender uma empresa líder e dedicar meu tempo a cuidar de pessoas”, disse a executiva.

Ex-presidente da FLC, uma das maiores fabricantes de lâmpadas do Brasil, Alcione construiu uma carreira sólida no setor privado antes de se dedicar integralmente ao voluntariado. Ao vender sua empresa em 2014, decidiu atuar em tempo integral no projeto que fundou duas décadas antes. Desde então, coleciona prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais por seu impacto social.

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A ONG Amigos do Bem atua no sertão de Alagoas, Pernambuco e Ceará, promovendo transformação por meio de projetos contínuos de educação, geração de renda e infraestrutura. “Nós temos um dos melhores IDEBs do país, 9.2, e isso em condições extremamente difíceis. Muitas crianças percorrem até 30 quilômetros em estradas de terra para chegar à escola. Mas acreditamos que a educação é o caminho mais sólido para quebrar o ciclo da pobreza”, destacou a empresária.

Ela também enfatizou a importância de capacitar e gerar trabalho para as famílias do sertão: “Criamos a maior plantação de caju do sertão de Pernambuco. Damos mudas aos agricultores e depois compramos as castanhas para nossas fábricas. Não é assistencialismo, é sustentabilidade. Muita gente diz que temos que ensinar a pescar, e eu concordo. Mas, como eu costumo dizer, em rio seco não se pesca. É preciso levar as condições para que eles possam pescar”.

Com mais de 30 anos de atuação, Alcione reforçou que o maior desafio ainda é garantir recursos para expandir o impacto do projeto. “A nossa grande limitação é financeira. Precisamos de pessoas físicas e empresas que se tornem parceiras. Cada doação, seja de R$ 30 ou R$ 50, ajuda a planejar o futuro. E quando fazemos o bem, somos os maiores beneficiados. O Brasil só vai mudar se a sociedade civil e as empresas caminharem juntas”, afirmou.

Ao encerrar a entrevista, Alcione deixou uma mensagem de esperança e propósito. “O Brasil é um país lindo, cheio de pessoas generosas. Se não posso fazer tudo o que devo, devo ao menos fazer tudo o que posso. Esse é o lema que seguimos todos os dias, porque transformar vidas é um dever de todos nós”, concluiu.

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Felipe Pjevac

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