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Café brasileiro bateu recorde de exportações no ano passado e projeta safra histórica para 2026, apesar de tarifaço
Publicado 27/08/2025 • 12:44 | Atualizado há 4 horas
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Publicado 27/08/2025 • 12:44 | Atualizado há 4 horas
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Setor cafeeiro brasileiro enfrenta tarifas dos EUA, mas mantém alta nas exportações e aposta na demanda global.
O setor cafeeiro brasileiro enfrenta um cenário de volatilidade internacional, mas mantém otimismo diante dos desafios impostos pelos Estados Unidos. Apesar da elevação da tarifa para 50% sobre produtos do Brasil, o desempenho do café nacional segue positivo, com três safras consecutivas acima da média de preços. Em maio, o valor do grão atingiu recorde de 451 centavos de dólar por libra-peso, e, em 26 de agosto, foi negociado a 395,05 centavos, bem superior aos 261,05 centavos registrados um ano antes.
Em 2024, as exportações brasileiras bateram recorde, alcançando 50,5 milhões de sacas. A previsão da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) para a safra 2025/2026 aponta produção de 55,7 milhões de sacas, um aumento de 2,7% sobre o ciclo anterior. Segundo Márcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), o setor está capitalizado e investe em produtividade para aproveitar a crescente demanda, especialmente de países asiáticos e europeus.
O avanço do consumo na China é um dos destaques, com três milhões de consumidores e redes de cafeterias atraindo milhares de novos clientes diariamente. Ferreira explicou que, mesmo diante das restrições dos Estados Unidos, a busca global por café se mantém firme. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT-SP), apontou esse cenário como justificativa para os produtores de café não integrarem o programa Brasil Soberano, destinado a setores mais vulneráveis às tarifas.
Nas lavouras, há renovação dos cafezais e expectativa de safra recorde para 2026. Ferreira destacou que o estoque remanescente das últimas colheitas ainda contribui para suprir a demanda, mas a produção futura deve ser determinante. A área total cultivada aumentou 0,3% em 2025, chegando a 412,6 mil hectares, com destaque para o crescimento de 5,3% nas áreas em formação.
“Hoje, o desafio do setor é comunicar para o mundo o que o Brasil faz. Produzimos com sustentabilidade e temos um Código Florestal que é extremamente rígido, obrigando o produtor a preservar entre 20% e 80% da área, dependendo do bioma, mas acredito que o protocolo que o café brasileiro tem, pela sua história e por aquilo que representa, realmente faz com que possamos navegar num mar geopolítico muito difícil por causa das guerras e das tarifas americanas”, disse Ferreira à Agência DC News.
Sobre a atuação do Cecafé diante da tarifa imposta pelo presidente Donald Trump (Partido Republicano-EUA), Ferreira explicou: “Desde a primeira tarifa [10%], o Cecafé vem trabalhando no NCA [National Coffee Association], que é a indústria americana, no sentido de mostrar a relevância do café para a economia e o fato de que o café também não compete com outros produtos, já que não é produzido ali nos Estados Unidos. Com o advento dos 50%, nós estamos tentando entender se iremos acentuar os esforços para reverter essa tarifa e isso só será possível através da diplomacia entre os governos brasileiro e americano, e obviamente com apoio também da iniciativa privada”.
Ferreira destacou ainda que a solução para as tarifas deve ser buscada pelo diálogo diplomático: “No primeiro momento, a tarifa de 10% tinha como base a questão da reciprocidade. Nos últimos anos a balança comercial Brasil e Estados Unidos tem sido favorável aos Estados Unidos, e não contra. Quando nós vimos o anúncio de 50%, percebemos outro enfoque. Não era sobre reciprocidade. É uma questão geopolítica, do BRICS, que deve ser tratada em nível de diplomacia”.
Para 2025, a expectativa é exportar cerca de 40 milhões de sacas, número abaixo do recorde de 2024, devido à redução dos estoques e à normalização da oferta em outros grandes produtores, como Vietnã e Indonésia. Ferreira acredita que o Brasil pode voltar a bater o recorde de exportação, levando em conta o crescimento anual da demanda global, que sobe 2% ao ano, o que representa aumento de dois milhões de toneladas dentro de um consumo mundial superior a 170 milhões de sacas.
Ao analisar o mercado asiático, Ferreira ressaltou: “Hoje é uma demanda crescente, vamos falar assim. O principal foco é China, que hoje consome seis milhões de sacas. O número parece pequeno, só que você deve ter ouvido que ali, por exemplo, a maior rede de cafeteria tem três mil novos clientes por dia, pessoas jovens ou adultas tomando café. Quando você leva isso para uma população de um bilhão, hoje já há 300 milhões de consumidores de café na China. Isso vai criando uma cultura, um hábito.”
O presidente do Cecafé aconselhou os produtores a manterem atenção aos custos de produção: “Administrar os seus custos, ter consciência de qual é o seu custo. Quando você não sabe para onde você vai, qualquer lugar serve. E para o produtor, o lugar que você vai é administrar os seus custos. Porque o mercado, ele vai ser ditado por vários fatores, mas o seu custo é você quem controla. Se você teve a possibilidade de vender café três, quatro vezes acima do seu custo, isso é o que nós chamamos em inglês de outlier: fora da curva. Não tente repetir isso no ano seguinte, porque não vai acontecer. Você tem que procurar vender seu café na média de preço em uma safra, duas, três, quando o rendimento e lucratividade sejam animadores. Essa é a preocupação”, disse à Agência DC News.
Quanto aos investimentos, Ferreira apontou que o bom desempenho recente estimula aportes elevados: “O investimento é proporcional àquilo que o café está te dando. Como os últimos três anos foram muito bons para os produtores, isso não quer dizer que o produtor surfa só a onda boa. O produtor passou dez anos sofrendo com preços extremamente baixos. Mas os últimos três anos têm sido coisas muito boas. Se eu tenho um negócio cuja rentabilidade me dá, como a gente viu aí, mais de 100% de lucro, o investimento vai ser altíssimo.”
Sobre o custo da produção, ele detalhou: “Cada um tem o seu, por isso que eu digo que o produtor tem que administrar. Mas se você olhar, por exemplo, o ano passado, o governo federal abaixou o preço mínimo do robusta e do arábica. Eu me lembro que eu participava de uma reunião em Brasília e aí perguntei: ‘Por que vocês baixaram o preço mínimo?’. E aí a resposta do governo foi ‘porque esse é o custo de produção’. Hoje, um conilon bem produzido não vai custar mais de R$ 500 por hectare. Um arábica bem produzido não vai custar mais do que R$ 800 por hectare.”
Em relação aos preços, Ferreira prevê um ajuste para baixo, conforme o mercado se adapta à oferta e ao comportamento dos fundos de investimento: “A tendência do mercado no momento, e as condições climáticas como estão, é um ajuste de preços. É natural que o mercado se ajuste mais para baixo. Mas tem uma coisa importante que a gente deve acrescentar é que existe um player importantíssimo nas bolsas e ele se chama fundo. E o fundo eu costumo dizer que é igual aquela música, ‘quem sabe faz a hora e não espera acontecer’. O fundo nunca espera acontecer.”
Ele acrescentou sobre a atuação dos fundos: “Sim. Ele antecipa a alta, então ele compra no nível mais baixo e diminui a nossa alta. Esse mesmo fundo é rápido quando os indicadores são de que o mercado pode ceder. E aí ele é o primeiro a liquidar posições compradas. E a pergunta é: se um grande comprador na alta era o fundo e agora ele vira vendedor, quem vai comprar? Aí começa a faltar comprador até que o mercado ache o patamar justo.”
Sobre a volatilidade, Ferreira classificou o cenário como sem precedentes: “Sim, a volatilidade é muito grande atualmente. É enorme. Em 48 anos no café, eu nunca vi uma volatilidade igual. Essa volatilidade existe, atualmente, porque os fatores que levam o mercado para baixo indicam uma produção possivelmente recorde em 2026. É o fato de a indústria lá fora e supermercados terem estoques a preço muito caros, então o mercado vai esperar ao máximo para comprar. Daí a volatilidade quanto à queda.”
Em relação ao comércio internacional do café em 2024/2025, Ferreira comemorou o desempenho brasileiro: “Para o Brasil foi a exportação 50,4 milhões de sacas. Um recorde. E isso se deu pela nova legislação da Europa [a EUDR, que entrará em vigor em janeiro de 2026]. Com essa perspectiva os importadores europeus passaram a comprar muito mais café do Brasil. O Brasil aumentou 48% suas exportações. E desde deste ano janeiro entrou a safra do Vietnã. De janeiro até agosto, o Vietnã aumentou substancialmente a exportação também para a Europa.”
Olhos voltados para 2026, a perspectiva é novamente de safra recorde, graças ao investimento em plantio e à renovação das lavouras. Ferreira avalia que a oferta maior não resulta, necessariamente, em queda dos preços, pois a demanda acompanha o crescimento. O presidente do Cecafé também reforçou o papel da entidade no apoio ao produtor, informando sobre questões ambientais e representando o café brasileiro internacionalmente.
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