Café pode ser isento da tarifação dos EUA pela importância no mercado americano, aponta diretor da Cecafé

Em entrevista exclusiva para o Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC o diretor técnico do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Eduardo Heron, avalia que o café pode escapar das tarifas de 50% anunciadas pelo governo norte-americano.

Os Estados Unidos são o maior consumidor de café do mundo, importando cerca de 24 milhões de sacas todos os anos. Deste mercado, o Brasil representa 34% das compras do país, o que representa cerca de 8,1 milhões de sacas de café brasileiro.

Eduardo Heron explica os impactos das tarifas de 50% para o consumidor americano e a possibilidade de isenção da alíquota para esse produto.

Heron explica que o mercado de café dos dois países são importantes um para o outro justamente pela grande participação das exportações brasileiras para os Estados Unidos e o grande consumo de café pelos norte-americanos. “Assim como o café brasileiro é importante para os Estados Unidos, os Estados Unidos também é importante para o café brasileiro”.

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A alíquota de 50% geraria um efeito inflacionário na economia americana, com repasse de valores para os consumidores e falta de substitutos no mercado para o café brasileiro. “O Brasil hoje, 80% do café exportado para os Estados Unidos são da variedade arábica. E os Estados Unidos não teriam nenhum outro país substituto nesse momento para continuar mantendo abastecido a sua indústria.”, explica.

Por conta disso, ele aponta uma possibilidade do café poder ser isento das tarifas de 50%. A National Coffe Association, a maior associação de café dos EUA, está propondo uma lista de isenção de produtos naturais não existentes no país, o que inclui o café brasileiro. A proposta poderá atingir a tarifação zero e conduzir uma manutenção do mercado entres os dois países.

“Queremos acreditar que, dado a importância do café brasileiro para ambas as nações, consigamos aí, por meio desse caminho da lista de isenção de produtos naturais inexistentes, chegar a uma solução mais equilibrada para ambos os destinos, para ambos os países.”

Além disso, o diretor técnico do Cecafé apontou que apesar de algumas previsões como o impacto na competitividade do Brasil e no marketshare no mercado americano, a curto prazo ainda não é possível prever o que as tarifas de 50% impactaram na economia brasileira. Segundo ele ainda “não tem havido cancelamentos de contratos, suspensões de embarques ou mesmo prorrogações”, o que já representa um fator positivo.

Porém, os cafés que já estão a caminho dos EUA e as próximas compras para suprir a demanda dos Estados Unidos ainda trazem dúvidas para a Cecafé. Heron aponta que não há países que consigam produzir um volume suficiente para produzir essa demanda americana e que para o Brasil ampliar o mercado para outros exportadores também seria “uma missão quase impossível”, a curto prazo.

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