Crédito no varejo segue caro e seletivo com juros em 15% até 2026, alerta presidente da Acrefi

Com a taxa Selic mantendo-se em 15% desde julho, o cenário de crédito no varejo brasileiro enfrenta juros elevados e rigor maior nas concessões, segundo análise de Tadeu Silva, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). A expectativa é de que a Selic permaneça nesse patamar até o segundo semestre de 2026, conforme o Boletim Focus divulgado em 15 de agosto.

Apesar do custo elevado, as instituições financeiras ainda disponibilizam crédito ao setor, mas sob condições mais exigentes. Tadeu Silva explica que, atualmente, o acesso depende de garantias sólidas e de operações estruturadas. “Só que ele está mais seletivo, mais caro e com foco em garantias”, afirmou à Agência DC News.

Desafios para varejistas na obtenção de crédito

Para os varejistas, o momento demanda organização interna e histórico de crédito positivo, independentemente do porte da empresa. “As operações bem estruturadas, que tenham algum lastro, vão conseguir crédito”, disse Silva. Pequenas empresas também podem obter recursos, desde que apresentem garantias e boa reputação financeira.

O presidente da Acrefi ressalta que, nos casos de risco elevado e ausência de garantias, as instituições tendem a reduzir a oferta e aumentar o custo das operações. “Onde o risco é alto e sem lastro, o acesso diminui e o custo aumenta”, explicou. O mercado, segundo ele, trabalha com maior exigência de colaterais para reduzir problemas futuros.

Sobre o nível de alavancagem do varejo, Silva considera que não existe um cenário de estresse extremo, mas reconhece bolsões de fragilidade. Ele aponta que recentes mudanças na resolução do Banco Central incentivaram postura mais conservadora das instituições, fortalecendo a resiliência do sistema financeiro.

Mesmo com previsão de desaceleração das vendas no segundo semestre, Tadeu Silva acredita que a demanda por crédito deve crescer, pois os lojistas precisarão de capital para compensar o recuo nas receitas. “Esse período vai exigir uma gestão mais conservadora, de preservação de caixa, trabalhar com um estoque mais enxuto, com foco em margens e renegociação de prazos”, avaliou.

Impactos da Selic alta e desafios de endividamento

A manutenção da Selic em níveis elevados manterá as linhas de crédito caras nos próximos meses, segundo Silva. Para ele, os comerciantes que souberem administrar a saúde financeira durante esse período estarão melhor posicionados para aproveitar o crescimento futuro. “É hora de fazer a lição de casa”, afirmou.

Quanto aos desafios do setor, o presidente da Acrefi destaca o alto endividamento das famílias, que compromete a renda e aumenta o risco de inadimplência, dificultando as vendas a prazo mesmo com incentivos do governo. “Esse endividamento pode comprometer as concessões de crédito”, alertou.

Silva defende que o enfrentamento do problema do endividamento exige esforço conjunto da sociedade e políticas públicas voltadas à educação financeira. “É importante que a educação financeira seja incentivada e seja colocada cada vez mais no currículo do brasileiro”, disse Tadeu Silva.

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Decio Trujillo

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