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Veja repercussão da tarifa de 50% imposta ao Brasil por Trump
Publicado 09/07/2025 • 19:25 | Atualizado há 1 mês
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Publicado 09/07/2025 • 19:25 | Atualizado há 1 mês
Brics/AFP
Lula e Trump.
A notícia que os Estados Unidos vão impor uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros importados divulgada nesta quarta-feira (8) pelo presidente Donald Trump causou diversas reações na economia – e política – brasileiras.
Políticos, entidades, associações de diversos setores se posicionaram sobre a nova alíquota dos EUA que entra em vigor a partir de 1º de agosto. Confira:
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Por meio da página oficial do Palácio do Planalto, o governo federal manifestou novamente sua contrariedade às ações do presidente norte-americano Donald Trump. Às 19h59 desta quarta-feira (8), o comunicado oficial reiterou a soberania do Brasil, afirmando que o nosso país “não aceitará ser tutelado por ninguém”.
“O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais. No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática”, diz trecho da nota.
Veja o material na íntegra:
“Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta quarta-feira (9), é importante ressaltar:
O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.
O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.
No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.
No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.
É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos.
Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.
A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo.”
O senador afirmou que a decisão pela imposição tarifária é um ataque às instituições brasileiras, ressaltando ainda que o “comportamento irresponsável” acabará por impactar o povo.
O ministro defendeu a ideia de que as sanções tarifárias são resultados de uma campanha “contra o Brasil”, veiculada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro junto de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). “Ninguém leva a sério as ameaças de Trump mas se ele decidir do dia para a noite impor tarifas a produtos brasileiros já sabemos de quem é a culpa, do inelegível”, afirmou o ministro.
A entidade atuante no setor pecuarista e produção e exportação de carne também condenou a ameaça de tarifar em 50% os produtos exportados pelo Brasil. A ABIEC referiu-se à ação como “entrave ao comércio internacional”. Veja o comunicado na íntegra:
“A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), entidade que representa as principais empresas exportadoras de carne bovina do Brasil, esclarece que qualquer aumento de tarifa sobre produtos brasileiros representa um entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina.
A ABIEC reforça a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países.
A Associação segue atenta e à disposição para contribuir com o diálogo, de modo que medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos, que recebem nossos produtos com qualidade, regularidade e preços acessíveis.”
Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que a imposição das tarifas por Donald Trump resulta do “anti-patriotismo” do petista. “Parabéns lula, você conseguiu ferrar o Brasil! Você está com raiva dos brasileiros? Seu anti-patriotismo não tem limites! Depois de tantas ações provocando a maior democracia do mundo, tá aí o resultado do vexame da sua política internacional ideologizada”, comentou o senador.
Em uma publicação posterior, às 21h22 (horário de Brasília), o senador disse que “a taxação de 50% é 100% culpa do Lula”, e elogiou o presidente da Argentina, Javier Milei, ressaltando que, na nação vizinha, há tarifa zero para 80% dos produtos importados.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) ressaltou que a alíquota imposta por Donald Trump tem potencial de alto impacto no agronegócio brasileiro, mencionando a alta do dólar como um dos fatores citados. Veja o comunicado da entidade na íntegra:
“A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) manifesta preocupação com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, comunicada por meio de carta oficial enviada ao governo brasileiro, representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países.
A nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras.
Diante desse cenário, a FPA defende uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações.”
Mencionando “profunda preocupação”, a Amcham Brasil disse que a medida anunciada por Donald Trump pode trazer desdobramentos problemáticos “sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas” que EUA e Brasil compartilhem em suas relações comerciais.
Veja a nota na íntegra:
“Nota da Amcham Brasil sobre o aumento de tarifas às exportações brasileiras aos Estados Unidos
São Paulo, 9 de julho de 2025
A Amcham Brasil manifesta profunda preocupação com a decisão anunciada pelo governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, com vigência a partir de 1º de agosto. Trata-se de uma medida com potencial para causar impactos severos sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas entre os dois países.
A relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos sempre se pautou pelo respeito, pela confiança mútua e pelo compromisso com o crescimento conjunto. O comércio de bens e serviços entre as duas nações é fortemente complementar e tem gerado benefícios concretos para ambos os lados, sendo superavitário para os Estados Unidos ao longo dos últimos 15 anos — com saldo de US$ 29,2 bilhões em 2024, segundo dados oficiais norte-americanos.
A Amcham Brasil — que há mais de um século atua pelo fortalecimento dos laços econômicos entre os dois países — conclama os governos a retomarem, com urgência, um diálogo construtivo. Reiteramos a importância de uma solução negociada, fundamentada na racionalidade, previsibilidade e estabilidade, que preserve os vínculos econômicos e promova uma prosperidade compartilhada.”
Falando à Agência Estado, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, disse que uma alíquota de 50% sobre produtos brasileiros pode inviabilizar as relações comerciais com os Estados Unidos.
Para ele, as empresas devem, inicialmente, suspender as vendas para clientes estadunidenses até que a situação tome um equilíbrio ou, ao menos, um caráter mais definitivo. Em seguida, o executivo pediu por maiores esforços diplomáticos entre os dois países em um esforço mútuo para reverter o quadro.
Castro ainda disse que o valor da alíquota foi recebido com surpresa por ele e outros membros da associação. Originalmente, vale lembrar, o piso percentual das tarifas propostas por Donald Trump era de 10% para o Brasil. O presidente da AEB ainda afirmou esperar um valor de 20%: “deixa a impressão de que o Brasil cometeu algo gravíssimo e que, por isso, está sendo penalizado. Na dúvida, ninguém vai querer fazer negócio com a gente. É um cenário que ultrapassa todos os limites”, comentou.
Para ele, o valor de 50% torna ainda mais difícil a competição manufatureira dos produtores brasileiros em relação aos dos EUA, e que a possibilidade de procurar outros destinos para oferta de produtos (uma saída comum a todos os países tarifados por Trump) é mais complicada para o Brasil devido aos custos de produção local do nosso país.
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) recebeu “com surpresa e preocupação” a informação da taxa de 50% a incidir sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. Haroldo Ferreira, que preside a entidade, chamou o caso de “um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro.”
A entidade menciona o mês de junho, quando o setor teve alta de 24,5% nas exportações em comparação com o mesmo período em 2024. Esse crescimento veio devido aos negócios ampliados com os Estados Unidos, um dos principais destinos da exportação nacional, que foi impulsionada em 40% no mesmo comparativo.
À Agência Estado, Ferreira disse que “no primeiro semestre, estávamos, aos poucos, recuperando mercado nos Estados Unidos, apesar de todas as instabilidades.”
Segundo o presidente da associação, os EUA receberam um milhão de pares de calçados do Brasil, sob valor de US$ 20,76 milhões (R$ 115,89 milhões), um crescimento de volume (+39,4%) e receita (+25,4%). No acumulado do semestre, as exportações para os EUA 5,8 milhões de pares e US$ 111,8 milhões (R$ 624,12 milhões), incrementos de 13,5% e de 7,2%, respectivamente, em relação a 2024.
Em uma postagem na rede social X (antigo Twitter), a deputada federal e ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) manifestou repúdio à ação de tarifar os bens comercializados entre Brasil e EUA em 50%. Ela também acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família de “subserviência” aos EUA.
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) disse, por meio de um comunicado à imprensa, estar “profundamente preocupada” com a tarifa de 50% a incidir sobre produtos brasileiros. Segundo a entidade, a medida terá um impacto ameaçador à indústria de alto valor agregado.
“O mercado americano é estratégico para o Brasil. Exportar para os Estados Unidos significa competir em alto nível e acessar um dos mercados mais exigentes e bem remunerados do mundo. São empresas que investem em tecnologia, em qualidade e que sustentam empregos de melhor remuneração. Uma tarifa de 50% torna praticamente inviável esse tipo de operação, afetando diretamente o faturamento, a rentabilidade e os empregos de qualidade dessas empresas”, afirma José Ricardo Roriz, presidente do conselho da ABIPLAST.
Roriz também destaca que o impacto não se restringe apenas aos produtos finais exportados, mas a toda a cadeia produtiva. Nesse contexto, o setor plástico se mostra fundamental. “O plástico está presente em 95% do que é produzido no Brasil. Ele é parte essencial de embalagens de alimentos, componentes automotivos, fertilizantes, sistemas de irrigação, estufas e logística. Ou seja, além da exportação direta de produtos plásticos, como filmes e embalagens técnicas, nosso setor será afetado indiretamente pela retração de outros setores exportadores”.
A turbulência entre os dois países, segundo Roriz, faz o Brasil transicionar de “um dos países com menores tarifas de importação” para uma nação comercialmente isolada, desestimulando o investimento produtivo e comprometendo a credibilidade como um parceiro de confiança. Em seguida, o presidente da ABIPLAST pediu cautela na busca por uma solução.
Pelo X, o senador Ciro Nogueira teceu críticas ao presidente Lula, alegando que a posição do mandatário em oposição à candidatura de Trump, nas últimas eleições norte-americanas, não teve “o melhor para o Brasil” em seus interesses.
“O senhor, presidente Lula, não perdeu uma oportunidade para atacar com palavras o presidente da maior economia do planeta, a maior economia das Américas. E, ao invés de diplomacia, preferiu apostar em ataques infantis contra um país muito mais poderoso e mais forte do que o Brasil”, comentou o senador.
Veja a publicação na íntegra:
Em comunicado emitido pela sua assessoria de imprensa, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que não há nenhum fato econômico que justifique uma alíquota tributária de 50% sobre bens de exportação brasileiros. Entretanto, a entidade também rogou pela manutenção da parceria comercial com os EUA.
“Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia. Por isso, para o setor produtivo, o mais importante agora é intensificar as negociações e o diálogo para reverter essa decisão”, avalia Ricardo Alban, presidente da CNI.
A entidade ainda citou um levantamento conduzido por ela própria junto a seus membros, entre junho e o início de julho. Nele, cerca de um terço dos exportadores de bens brasileiros para os EUA confirmaram impactos negativos em seus negócios. A CNI reiterou que o levantamento, entretanto, foi conduzido antes do anúncio desta quarta-feira (9), quando a taxa-base ainda era de 10%.
O deputado federal e líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, fez diversas manifestações por dois canais: à Agência Brasil, o deputado afirmou que a tarifa de 50% a incidir sobre bens exportados do Brasil para os EUA é um ataque às instituições soberanas do país:
“Temos um ataque econômico, mas temos um ataque às instituições, à democracia, ao Supremo Tribunal Federal. Por isso, temos certeza que o governo vai tomar uma medida contra esse posicionamento. É mais do que economia, é a defesa das instituições, da soberania nacional”, apontou.
“A gente está trazendo o nosso repúdio, a nossa indignação com o Trump e com essa extrema direita. Vamos estar em diálogo com o Itamaraty, com o governo e, com certeza, vai ter uma posição do governo brasileiro e vai ter uma posição nossa no campo legislativo”, ele acrescentou.
Já pelo seu perfil oficial no X, Farias fez diversas publicações chamando atenção para o assunto. Em tom de repúdio, o deputado chamou a ação de Trump de “justificativa política para retaliar o Brasil”, além de atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, que também têm cargos no Senado e na Câmara dos Deputados:
Sem mencionar explicitamente as tarifas, o senador Renan Calheiros disse em seu perfil no X que “o Brasil já dispõe de uma lei para retaliar protecionismos e terrorismos comerciais”. Ele ainda mencionou que “soberania não se negocia”.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, licenciado de seu mandato nos Estados Unidos, fez duas publicações elogiosas às ações do governo estadunidense. Na primeira, ele compartilhou uma foto de Trump, convocando seus seguidores a enviarem postagens de agradecimento ao presidente dos EUA.
Em seguida, ele compartilhou uma publicação de Mike Benz, diretor da organização de direita Foundation of Freedom Online, que marcava um discurso do vice-presidente dos EUA, JD Vance, elogiando as tarifas e condenando o Estado Brasileiro.
Mais cedo, o deputado também assinou e divulgou carta onde pediu que autoridades brasileiras “evitassem escalar” o conflito com os Estados Unidos para evitar “o pior”, que seria a aplicação das tarifas de 50% pelos EUA ao Brasil a partir de 1º de agosto. A carta também é assinada por Paulo Figueiredo, ex-apresentador da JovemPan e denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por suposto envolvimento em tentativa de golpe de estado.
Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)
À Folha de são Paulo, Marcos Matos, diretor-executivo do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), disse que a entidade vem trabalhando em uma agenda positiva à medida em que acompanha a evolução das discussões tarifárias.
Segundo ele, um dos argumentos dessa agenda positiva vem do quanto o café movimenta na economia americana – US$ 1 (R$ 5,462 nesta quarta) de café importado equivale a US$ 43 (cerca de R$ 234) em negócios locais; além da geração de 2,2 milhões postos de trabalho. Matos argumenta que a tarifa imposta pelos EUA pode impactar negativamente esses números.
“Temos a esperança de que o bom senso prevaleça e a previsibilidade de mercado, porque nós sabemos que quem vai ser onerado é o consumidor norte-americano. E tudo que gera impacto sobre o consumo é ruim para o fluxo do comércio, é ruim para a indústria”, disse o executivo.
Em sessão plenária na Câmara dos Deputados, Nikolas Ferreira (PL-MG) e André Janones (Avante-MG) foram protagonistas indiretos de um tumulto. O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro discursava no púlpito, ecoando discursos da oposição de que a culpa pela imposição tarifária dos EUA seria de Lula e do governo federal.
Próximo a ele, mas sem interagir diretamente, Janones gravava um vídeo para seus canais nas redes sociais, acusando os deputados opositores de contribuírem com o atrito entre Brasil e EUA. Em meio a ataques onde os chamava de “capachos” e “vira-latas”, atraindo reação e “empurra-empurra” de deputados próximos.
Nikolas acabou por interromper brevemente o seu discurso, dada a confusão.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou nota manifestando preocupação com a decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Rodrigo Santiago, presidente do Conselho Empresarial de Relações Internacionais da Firjan, afirmou que o impacto seria significativo tanto para o Rio quanto para o país. “Se afetarmos o principal item da nossa exportação para os Estados Unidos, afetamos também o PIB do estado. Isso atinge os royalties e os recursos para saúde e investimentos”, explicou.
Ele reforçou a importância de manter o diálogo técnico com os EUA e disse confiar na diplomacia brasileira. Para Santiago, medidas como quebra de patentes devem ser avaliadas com cautela. “O setor privado preza por previsibilidade. Acreditamos que a resposta do governo virá com firmeza, mas de forma pragmática e responsável.”
Em coletiva de imprensa realizada na quinta-feira (11), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que “as tarifas não devem se tornar uma ferramenta de coerção, bullying e interferência nos assuntos internos de outros países”.
A declaração foi feita em resposta a uma pergunta sobre o anúncio recente dos Estados Unidos, que justificaram a medida alegando “injustiça” nas relações comerciais com o Brasil e exigindo o fim de uma suposta “perseguição política” interna.
Mao ressaltou que princípios como soberania, igualdade e não interferência nos assuntos internos estão na base da Carta das Nações Unidas e das normas que regem as relações internacionais. “Esses princípios devem ser respeitados por todos os países”, afirmou.
Levantamento do analista em monitoramento de redes sociais Pedro Barciela mostra que 78% das menções à crise expressam repúdio à taxação dos produtos brasileiros e à atuação da família Bolsonaro, especialmente à do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Filho do ex-presidente, o parlamentar licenciado se mudou para os Estados Unidos em fevereiro em busca de sanções contra autoridades brasileiras para ajudar o pai, réu por golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Apenas 12% das menções expressam apoio ao presidente americano. Foram analisados mais de 35 mil comentários em perfis de portais da imprensa nas redes sociais. A estratégia é usada para afastar da análise os nichos de páginas bolsonaristas ou governistas, que tendem a reunir apenas apoiadores.
“É possível afirmar que a perspectiva bolsonarista do episódio, que envolve a defesa de ‘punição coletiva’ como resposta à impunidade de um indivíduo (Jair Bolsonaro) não gerou a catarse esperada nas redes, muito pelo contrário”, analisou Barciela. Veja aqui os dados completos.
Antes mesmo de entrar em vigor, a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já está afetando o setor de pescado. Segundo Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), importadores norte-americanos suspenderam imediatamente os pedidos, uma vez que as remessas só chegariam ao país após a aplicação da nova taxação.
“O setor está paralisado, está muito preocupado, porque 70% de todas as exportações de pescados do Brasil vão para os Estados Unidos”, afirmou, em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC nesta sexta-feira (11).
A situação se agrava pela falta de alternativas. Lobo lembrou que o Brasil está impedido de exportar pescado à União Europeia desde 2017, o que inviabiliza a substituição do mercado americano. Com 58 contêineres e cerca de mil toneladas de peixe parados em portos brasileiros, muitos carregamentos já estão sendo devolvidos às fábricas. Veja a entrevista completa.
O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos e ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, avaliou que a atual tensão comercial e política entre Brasil e Estados Unidos deve ser tratada prioritariamente pelos canais diplomáticos e pela mobilização de empresários.
De acordo com Ricupero, o Brasil dispõe de cerca de 20 dias para tentar construir, por meio da embaixada em Washington e órgãos como o Departamento de Estado e a Secretaria de Comércio dos Estados Unidos, um ambiente favorável à negociação. Veja mais.
A Secretaria de Política Econômica (SPE) avaliou nesta sexta-feira (11) que o impacto do aumento das tarifas de importação dos Estados Unidos para o Brasil de 10% para 50% tende a ser pouco significativo no crescimento de 2025, embora alguns setores da indústria de transformação possam ser especialmente prejudicados.
O Ministério da Fazenda revisou a sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 para 4,9% – acima do teto da meta, de 4,5% – no Boletim Macrofiscal divulgado nesta sexta pela Secretaria de Política Econômica (SPE).
O Ministério da Fazenda aumentou mais uma vez sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano, de 2,4% para 2,5%. Veja outros dados da avaliação aqui.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou nesta sexta-feira (11) que pode conversar com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, após a imposição de tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil. “Em algum momento posso falar com Lula, mas não agora”, afirmou, ao ser questionado sobre o tema por repórteres em frente à Casa Branca.
Trump também comentou a relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, dizendo que “Bolsonaro era muito duro em negociações” e que “é muito injusta a maneira com que o Brasil o trata”. O republicano se referiu ao julgamento do ex-presidente em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre uma tentativa de golpe de Estado. A Corte brasileira foi alvo de críticas de Trump na carta em que anunciou a tarifa de 50% sobre o Brasil.
Ao tratar das tensões com o Canadá, Trump afirmou que as tarifas de 35% aplicadas ao país vizinho, anunciadas na noite de quinta, foram “razoavelmente bem recebidas”. Ele acrescentou que “recebi uma ligação do Canadá ontem, após a carta”, sem revelar detalhes, e indicou que eventuais exceções tarifárias ainda estão sendo avaliadas: “Veremos”.
A Interfarma, associação que representa 41 laboratórios farmacêuticos globais voltados à pesquisa e inovação, manifestou preocupação com os impactos do aumento tarifário anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que pode chegar a 50% a partir de 1º de agosto de 2025.
Em nota, a entidade também criticou possíveis contramedidas estudadas pelo governo brasileiro, como a adoção de licenças compulsórias de medicamentos previstos na nova Lei de Reciprocidade Tarifária.
“É preocupante voltar a conviver com a incerteza jurídica e econômica causada por contramedidas dessa natureza”, afirmou a associação, destacando o risco de prejudicar investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a viabilidade de empresas internacionais instaladas no Brasil.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão, Cláudio Azevedo, afirmou nesta sexta-feira (11), em entrevista ao Real Time, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, que o setor pode paralisar totalmente caso entrem em vigor as tarifas de 50% anunciadas pelos Estados Unidos.
“Se nós não tivermos o mercado norte-americano, vamos encerrar nossa atividade, praticamente se encerra”, disse.
Segundo Azevedo, entre 90% e 95% das exportações do setor são destinadas às usinas siderúrgicas norte-americanas.
O executivo estima que 3 mil a 3,5 mil empregos diretos estejam em risco, além do impacto sobre a cadeia produtiva, que envolve desde a extração do minério até o fornecimento de carvão vegetal proveniente de florestas plantadas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (11) que pretende acionar organismos internacionais e parceiros comerciais para evitar a adoção de novas taxações sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos.
“Vou tentar brigar em todas as esferas para que não venha taxação. Vou brigar na OMC, vou conversar com meus companheiros dos Brics”, disse Lula, referindo-se ao grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos integrantes, e à Organização Mundial do Comércio.
No discurso, o presidente classificou como equivocada a alegação de que os Estados Unidos são deficitários na relação comercial com o Brasil. Segundo ele, o país acumula, nos últimos 15 anos, um déficit de US$ 410 bilhões com os norte-americanos. “Os Estados Unidos não têm déficit comercial com o Brasil. É o Brasil que tem déficit comercial com os Estados Unidos”, declarou.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que se reuniu nesta sexta-feira (11), em Brasília, com Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Segundo ele, é preciso buscar soluções efetivas diante das tarifas impostas pelos EUA a produtos brasileiros.
“Acabo de me reunir com Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, em Brasília. Conversamos sobre as consequências da tarifa para a indústria e agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas”, escreveu o político no X (antigo Twitter).
Acabo de me reunir com Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, em Brasília. Conversamos sobre as consequências da tarifa para a indústria e agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas. Vamos abrir diálogo com as empresas…
— Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) July 11, 2025
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) criticou o anúncio feito pelo governo dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre todas as importações brasileiras a partir de 1º de agosto. Em nota divulgada nesta sexta-feira (11), a entidade questionou os argumentos usados pelo presidente Donald Trump e defendeu uma solução negociada com apoio do governo brasileiro.
“Esses números mostram que a relação comercial é vantajosa para os Estados Unidos, o que anula o argumento de que haveria um desequilíbrio que justificasse a imposição de tarifas de importação adicionais”, afirmou a associação.
Segundo a Abimaq, os EUA são atualmente o principal destino das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos, que somaram US$ 3,54 bilhões em 2024. No entanto, as importações do setor vindas dos Estados Unidos totalizaram US$ 4,7 bilhões, gerando um déficit comercial de US$ 1,16 bilhão para o Brasil. Em relação ao comércio geral, o país também registrou saldo negativo de US$ 283 milhões com os norte-americanos no mesmo período.
A entidade também destacou que “grande parte dos produtos exportados pelos Estados Unidos ao Brasil entram com tarifa zero” e que a alíquota média aplicada é de apenas 2,7%. Para o setor de máquinas, esse número seria ainda menor devido a regimes especiais de importação.
Um grupo pequeno de parlamentares democratas criticou a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 50% sobre importações do Brasil, como um sinal de “abuso de poder”.
A oposição, porém, não delineou medidas concretas de reação, após o republicano demandar o fim do julgamento do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro na Justiça ao justificar a sobretaxa. Veja o posicionamento completo.
Em comunicado, o senador Ron Wyden, membro do Comitê Financeiro, acusou Trump de “sacrificar a economia” para ganhos pessoais. “Trump vai fazer os americanos pagarem mais por café, hambúrgueres e moradia, não para conseguir um acordo melhor para os trabalhadores ou famílias dos EUA, mas para pressionar o Brasil a deixar seu ex-presidente corrupto escapar impune”, afirmou, em comunicado.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta sexta-feira (11) que o Parlamento está atento aos desdobramentos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e reafirmou o compromisso da Casa com a defesa da indústria nacional.
Motta informou, em uma postagem no X (antigo Twitter), o que conversou com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto.
Segundo ele, ambos relataram os impactos negativos que a taxação anunciada pelo governo norte-americano pode provocar em setores estratégicos da economia brasileira.
O Ministério de Portos e Aeroportos informou nesta sexta-feira (11) que acompanha com atenção os desdobramentos das novas tarifas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos, mas avalia que os efeitos sobre a movimentação portuária brasileira são pontuais e não comprometem a eficiência dos terminais.
De acordo com a pasta, a maior parte dos impactos logísticos está restrita a portos com volume elevado de carga destinada ao mercado norte-americano. O ministro Silvio Costa Filho destacou que o governo federal trabalha junto ao setor produtivo para mitigar os efeitos das tarifas sobre a produção e o emprego.
Um comitê do governo brasileiro se reunirá em breve com o setor produtivo e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) para discutir a sobretaxa de 50% que os Estados Unidos planejam impor aos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A informação foi confirmada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, nesta sexta-feira (11).
Alckmin destacou que os Estados Unidos possuem um déficit significativo de US$ 1,2 trilhão em exportação e importação de bens, mas que, com o Brasil, o saldo comercial é positivo. “Mostraremos claramente que os Estados Unidos têm, sim, déficit, e um déficit grande, de US$ 1,2 trilhão na questão de exportação e importação de bens, mas com o Brasil têm superávit comercial”, afirmou Alckmin em entrevista à Rádio CBN. “Então, o Brasil não é problema”.
O vice-presidente da República também mencionou que a alíquota média de exportação dos EUA para o Brasil é de 2,7%, exceto para produtos já isentos. “Nós não aumentamos nada. Os Estados Unidos que estabeleceram alíquota de 10% e maior para aço, alumínio e setor automotivo. E agora essa alíquota de 50%, totalmente equivocada”, acrescentou e ressaltou. “Nós que deveríamos estar reclamando do déficit da balança comercial”. Veja mais.
A tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros anunciada por Donald Trump deve afetar o Brasil, mas não de uma maneira dramática. Pelo o menos é que afirmou Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, em entrevista exclusiva ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.
“Os Estados Unidos hoje já não são o maior parceiro comercial do Brasil. O país tem um déficit comercial com os EUA e o nosso maior parceiro comercial hoje é a China. Se a tarifa for mantida por razões políticas, o governo brasileiro não vai dizer ao Supremo Tribunal o que deve fazer, porque isso não é cabível no Brasil e pela Constituição”, disse o economista. Veja a entrevista completa.
(Matéria em atualização)
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Acordo inédito para exportação de sorgo abre nova fronteira para o agronegócio brasileiro