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Estadunidenses viajam à Europa para comprar artigos de luxo e evitar tarifas de importação dos EUA
Publicado 27/08/2025 • 13:54 | Atualizado há 3 horas
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Publicado 27/08/2025 • 13:54 | Atualizado há 3 horas
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Compras de relógios e moda no exterior ganham força entre estadunidenses após novas tarifas elevarem preços internos.
Jamie e o marido vão para a Suíça em dezembro para uma temporada de esqui. Mas o casal também quer escapar das altas tarifas dos EUA sobre produtos suíços. Segundo Jamie, eles pretendem comprar um relógio de luxo — um Patek Philippe Nautilus — direto na loja da marca em Genebra, como presente de aniversário para o marido. O orçamento deles para o relógio está entre US$ 50 mil e US$ 75 mil (R$ 272.270 a R$ 408.405).
Se der certo, eles podem economizar muitos milhares de dólares em relação ao preço de um relógio suíço importado. O governo Trump, em 7 de agosto, impôs uma tarifa de 39% sobre produtos da Suíça, uma das mais altas do mundo.
O casal já pensava em fazer uma viagem de esqui nos Alpes suíços havia algum tempo. Mas a chance de conseguir um Patek com um belo desconto nos impostos “foi um incentivo a mais”, diz Jamie, nova-iorquina de 42 anos.
O interesse dos mais ricos em viajar para fazer compras e fugir das tarifas disparou nas últimas semanas, conta Erica Jackowitz, agente de viagens especializada nesse público. A Suíça — terra de marcas de relógio de luxo como Rolex, Piaget e Audemars Piguet — lidera o ranking dos destinos, segundo ela.
Outros países da Europa, como França e Itália — onde estão grifes famosas como Hermès e Prada — também viraram pontos quentes para essas compras, diz Jackowitz. A União Europeia enfrenta uma tarifa de 15% dos EUA sobre a maioria dos produtos, que também começou a valer em agosto (a Suíça não faz parte da UE.)
O fantasma das tarifas europeias ronda desde abril, quando o presidente Donald Trump anunciou pela primeira vez tarifas “recíprocas” sobre a UE e a Suíça (além de mais de 100 outros países), antes de adiá-las.
As tarifas dão uma nova cara a uma velha estratégia: viajar para o exterior de olho em descontos.
Muita gente já viaja para aproveitar o câmbio favorável. “Isso abriu a cabeça das pessoas para o fato de que dá para conseguir preços melhores em outros lugares”, diz Jack Ezon, agente de viagens de luxo em Nova York.
Segundo ele, a quantidade de viagens focadas em compras entre seus clientes aumentou 48% neste verão, em relação a 2024. Milão, Paris e Madri são os destinos mais buscados, afirma Ezon, fundador e sócio da Embark Beyond. Os maiores atrativos são moda e relógios, diz ele. “Com essas tarifas, cada centavo faz diferença.”
Para ilustrar a economia possível, uma análise da FlavorCloud, empresa de logística internacional, mostra o caso de um Rolex importado. Um relógio Lady-Datejust em Oystersteel com ouro Everose custa US$ 11.300 (R$ 61.530) antes dos impostos. Com as tarifas, o mesmo relógio pode chegar a US$ 15.700 (R$ 85.481) — ou seja, US$ 4.400 (R$ 23.759) a mais.
A análise considera que o custo da tarifa é repassado ao consumidor final. Muitos economistas acreditam que as empresas transferem ao menos parte desse valor. A porta-voz da Rolex, Virginie de Meuron, preferiu não comentar.
O preço de relógios suíços de luxo pode ultrapassar os US$ 500 mil (R$ 2.722.700) — e aí, a economia com tarifas pode ser enorme, diz Jackowitz. O valor final da economia depende de fatores como o país de origem do item e eventuais impostos já aplicados antes da entrada das tarifas recíprocas, explicam especialistas em comércio internacional.
Claro que a estratégia pode sair pela culatra. Segundo a Alfândega dos EUA, todo viajante deve declarar os itens comprados no exterior e trazidos para o país.
Ou seja, não adianta tentar esconder: aquele relógio suíço ou bolsa francesa pode sim ser taxado. O valor das tarifas depende de fatores como onde o produto foi comprado, fabricado e do que ele é feito.
Há isenções de impostos em certos casos, especialmente para itens de menor valor, mas, para produtos de luxo caros, a regra é a mesma de uma importação: o item está sujeito a todas as taxas e tarifas normais, além de impostos e outras cobranças, segundo especialistas.
“Uma bolsa de US$ 4 mil (R$ 21.781), um relógio de US$ 10 mil (R$ 54.454), você vai pagar imposto, e ele será cobrado na hora da declaração na fronteira”, diz Rathna Sharad, cofundadora e CEO da FlavorCloud. “Não tem como fugir disso”, completa.
Ezon e Jackowitz, os agentes de viagens, sabem desse risco e dizem sempre orientar os clientes a declarar as compras. Quem não faz isso pode ser multado, perder o item e até ser excluído do programa Global Entry da Alfândega dos EUA.
Mas, segundo especialistas, os fiscais têm certa flexibilidade para cobrar ou não as tarifas. Na prática, também é difícil saber se uma roupa ou joia usada pelo viajante foi realmente comprada naquela viagem. Cada pessoa tem direito a trazer US$ 800 (R$ 4.356) em mercadorias livres de impostos, segundo a Alfândega dos EUA. Viajantes vindos das Ilhas Virgens Americanas, Samoa Americana e Guam podem trazer até US$ 1.600 (R$ 8.713).
Famílias viajando juntas podem somar esses valores, diz o porta-voz do órgão. Tarifas sobre relógios e outros itens seguem a Tabela Harmonizada de Tarifas, levando em conta detalhes como movimento, caixa e pulseira, explicam eles.
Agentes de viagem e consultores em alfândega dizem que ainda há vantagens em comprar produtos de luxo europeus lá fora, mesmo que eles acabem taxados na volta aos Estados Unidos. O principal motivo é o reembolso do imposto sobre valor agregado (VAT) que os estadunidenses podem receber nessas compras.
O benefício para o viajante: esse reembolso pode ser bem generoso, muitas vezes acima de 15%. Receber o VAT de volta traz uma dupla vantagem, diz Sharad: além do desconto direto, o valor declarado para a alfândega é menor, o que reduz o imposto a ser pago na entrada.
Além disso, o preço-base dos produtos costuma ser menor lá fora, afirma Ezon. Os especialistas lembram que é preciso seguir alguns passos para garantir o reembolso do VAT.
Por exemplo, a loja precisa fornecer o formulário de reembolso na hora da compra, e normalmente o viajante deve apresentar o passaporte. Para pedir o reembolso, é preciso fazer o procedimento em serviços específicos, geralmente localizados nos aeroportos, antes do embarque.
No fim das contas, para que a viagem compense financeiramente, as economias com VAT ou tarifas precisam superar todos os gastos com a viagem.
Mas os agentes de viagem também estão criando roteiros que focam na experiência das compras. Jackowitz, por exemplo, está organizando uma viagem de compras para Paris para um cliente, incluindo uma visita à La Galerie Dior.
Já para o casal de Nova York indo a Genebra, conseguir um horário na Patek Philippe para experimentar diferentes modelos — além da viagem de esqui — foi parte do encanto.
“Poder comprar o relógio que a gente quer com um desconto enorme em relação ao que pagaríamos nos EUA, e ainda ter a experiência de viajar e o dia da compra — tudo isso junto foi o que nos convenceu”, diz Jamie. “Acho que vai ser uma experiência incrível”, completou.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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