EXCLUSIVO: Meninos Rei celebra ancestralidade e criatividade na SPFW, mas reconhece que a moda ‘precisa virar negócio’

Durante o quarto dia do São Paulo Fashion Week, os estilistas Céu Rocha e Júnior Rocha apresentaram a nova coleção da Meninos Rei, que celebra os 10 anos da marca. Com estilo afrobaiano e inspiração na ancestralidade, as peças exibiram estampas vibrantes, cores marcantes e recortes ousados, em uma homenagem à cultura da Bahia, onde os irmãos cresceram.

Apesar do foco criativo, Júnior Rocha destacou a importância de equilibrar arte e sustentabilidade financeira.

“Apesar do trabalho de desenhar as peças, a moda também precisa virar negócio”, afirmou em entrevista exclusiva ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

Os estilistas reconheceram que, por muito tempo, falar sobre dinheiro gerava desconforto, mas hoje entendem que discutir viabilidade financeira é essencial para ampliar oportunidades e consolidar a marca.

“Eu acho que por muito tempo a gente sentia desconforto em falar sobre grana, mas pra gente que faz uma moda autoral, as coisas realmente se tornam um pouco mais difíceis, a gente não está no centro. Então, toda a movimentação que a gente faz é para realmente ser um avanço em espaços que essas oportunidades sejam convertidas em negócios, em colab.”

Os irmãos afirmaram ainda que a liberdade criativa segue no centro da Meninos Rei, e que buscam um público que não apenas admire as peças, mas que também tenha a ousadia de usá-las.

Leia mais:
Saiba quem são as modelos mais ricas a desfilar na Victoria’s Secret em 2025
Semanas de moda internacionais: o que de fato vimos na estreia dos novos estilistas
Baby boomers ainda amam suas lojas de departamento e compras presenciais – e o varejo agradece

“A gente tem essa consciência de que a nossa moda é uma moda que é criada na base de muita intuição, tem as nossas orientações espirituais e que a gente partilha muito dentro do processo criativo, mas que dentro de uma praticidade a gente precisa ter a consciência de que isso precisa virar dinheiro”, explica Júnior Rocha.

Além disso, Rocha destacou a importância do desfile no São Paulo Fashion Week como forma de impulsionar a marca e atrair novos clientes, especialmente pelo fato de a Meninos Rei não possuir lojas físicas, operando exclusivamente pelo e-commerce.

“Ainda não temos uma loja física. A gente sabe o quanto é importante, mas tudo hoje pela marca é pelo site. Então, a gente sabe essa importância de você buscar, de você pesquisar, de você ter rede de apoios, impulsionar, porque a gente tem que fazer um trabalho muito lindo, muito incrível, mas isso também precisa virar negócio.”

Mesmo com essa consciência financeira, a Meninos Rei mantém sua essência criativa. A nova coleção preserva a centralidade das estampas africanas, agora somadas a elementos do folclore, das danças e da religiosidade típicos do Recôncavo Baiano. Essas referências influenciam silhuetas, estampas e acessórios artesanais, criados com metal, couro e cerâmica. O estilista também ressaltou o uso do algodão como matéria-prima principal desta temporada.

“A gente tem essa volumetria que é uma marca da Meninos Rei, o maximalismo, são as cores, as estampas, mas que para essa coleção a gente pôde experimentar mais. Então a volumetria veio diferente, os babados vieram diferentes e que você pode perceber isso de um desfile para o outro.”

Ao fim do desfile, os irmãos expressaram satisfação com o resultado e com o reconhecimento conquistado pela marca, que traduz a trajetória dos dois criadores.

“A gente está super satisfeito com o trabalho, uma marca de dois irmãos nascidos no subúrbio ferroviário de Salvador, que a gente está conseguindo alcançar esses espaços que sempre foram negados, mas a gente está aqui mostrando o nosso trabalho, o que a gente acredita com muita força, com muita ancestralidade, e é isso, o resultado está lindo”, afirmou.

__

Laura Kaiser

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no