Lula recebe título honorário na Malásia e prepara encontro com Trump durante cúpula asiática

Em mais um dia de sua visita pelo Sul da Ásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, neste sábado (25), em Kuala Lumpur, o título de Doutor Honoris Causa em Desenvolvimento Internacional e Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia (UKM). O correspondente internacional do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, Diego Mezzogiorno, acompanha tudo da capital malaia.

Pela manhã, antes da cerimônia, Lula se reuniu com o primeiro-ministro da Malásia durante um café da manhã de trabalho, no qual discutiram maior integração econômica e parcerias com os BRICS. O presidente destacou a importância de ampliar as alianças econômicas entre países do Sul Global, reforçando o papel da Ásia na estratégia brasileira de diversificação comercial.

Durante a cúpula do Sudeste Asiático, Lula propôs encontros bilaterais com outros líderes regionais para o domingo (26). O mais aguardado deles é com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cuja realização ainda depende de confirmação de horário e local.

Na pauta da reunião estão as tarifas impostas pelos EUA a produtos brasileiros, as relações comerciais entre os dois países e as sanções aplicadas a autoridades brasileiras há mais de um mês.

Homenagem

A homenagem reconhece a trajetória política de Lula e sua atuação em prol da inclusão social, do combate à fome e da cooperação internacional.

Em seu discurso, o presidente agradeceu a distinção e afirmou que o título representa um reconhecimento ao povo brasileiro, segundo nota do Palácio do Planalto.

“Recebo o título com profunda emoção e sincera gratidão. Este título é um merecido reconhecimento ao povo brasileiro. Esse diploma não é do Lula. É de 215 milhões de brasileiros”, declarou.

Leia também:

• Trump confirma reunião com Lula e diz que pode reduzir tarifaço ao Brasil sob certas condições
• Brasil e Malásia fecham acordo para cooperação em semicondutores
• Lula diz que não haverá assunto vetado em reunião com Trump, mas admite que acordo pode não sair de imediato

O presidente ressaltou que a homenagem reafirma sua fé na educação como instrumento de emancipação e reforça a tese de que a política deve ser um meio de transformação social. Segundo ele, o conhecimento é a base para construir uma sociedade mais justa e igualitária.

Lula destacou ainda a ampliação do acesso ao ensino superior como uma das marcas de seus governos.

“Tenho orgulho de ser o presidente que mais criou instituições de ensino técnico e superior, mesmo sem ter diploma universitário. E que abriu as portas das universidades aos filhos das classes trabalhadoras”, afirmou.

A cerimônia de outorga foi presidida pelo sultão de Negeri Sembilan e reitor da universidade, Tuanku Muhriz. O vice-reitor da UKM, professor dr. Sufian Jusoh, destacou que a homenagem simboliza o reconhecimento internacional ao legado de Lula e à sua contribuição para ampliar o acesso à educação. Ele também ressaltou o potencial de maior sinergia acadêmica e científica entre Brasil e Malásia.

O presidente brasileiro, que cumpre viagem ao Sudeste Asiático com passagens pela Indonésia e pela Malásia, afirmou enxergar espaço para ampliar parcerias e intercâmbios entre os dois países.

“Que o dia de hoje seja mais uma semente lançada para fortalecer os laços humanos e inspirar as novas gerações a sonhar, a questionar e a agir. Espero que o português do Brasil possa ser ouvido nos corredores da Universidade Nacional da Malásia. E que mais professores, pesquisadores e estudantes malásios possam vivenciar as instituições de ensino brasileiras.”

Ao mencionar a trajetória da Malásia, Lula destacou a importância da ação do Estado no combate à pobreza e o papel dos países do Sul Global na construção de uma nova ordem internacional baseada na cooperação e no diálogo.

Críticas ao FMI e defesa do clima

O presidente também criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI), classificando como “inaceitável” o fato de os países ricos terem nove vezes mais poder de voto no organismo do que o Sul Global. Segundo ele, a arquitetura financeira internacional precisa direcionar recursos ao desenvolvimento sustentável das nações mais pobres.

“Não podemos vislumbrar um mundo diferente sem questionar um modelo neoliberal que aprofunda as desigualdades. Três mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015 — cifra que supera o PIB nominal anual da ASEAN e do Brasil somados.”

Lula também fez referência à crise climática, afirmando que, na busca por lucros ilimitados, “muitos se esquecem de cuidar do planeta Terra”.

“As mudanças climáticas podem levar até 132 milhões de pessoas à extrema pobreza até 2030. Uma década após o Acordo de Paris, faltam recursos para uma transição justa e planejada. Sobretudo, falta tempo para corrigir rumos.”

A poucos dias da realização da COP-30, que acontecerá em Belém (PA), em novembro, o presidente afirmou que esta será a “COP da verdade”, marcada pelo compromisso de superar a ganância extrativista e agir com base na ciência.

Relações bilaterais

–

Chico Fireman

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no