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Refit acumula anos de polêmicas, dívidas e suspeitas criminais; relembre os casos
Publicado 27/11/2025 • 20:34 | Atualizado há 15 minutos
Publicado 27/11/2025 • 20:34 | Atualizado há 15 minutos
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Reprodução/Governo Federal
Grupo Refit foi alvo de operação nesta quinta-feira (27)
A megaoperação deflagrada na manhã desta quinta-feira (27) marcou mais um capítulo da extensa lista de investigações que cercam o Grupo Refit, dono da antiga Refinaria de Manguinhos e de diversas empresas do setor de combustíveis.
Batizada de Poço de Lobato, a ação mobilizou mais de 600 agentes públicos e teve 190 alvos, entre pessoas físicas e empresas ligadas direta ou indiretamente ao conglomerado comandado pelo empresário Ricardo Magro.
Apontado pelo Fisco como um dos maiores devedores de impostos de São Paulo, Rio de Janeiro e da União, o grupo é investigado por crimes que incluem fraude fiscal, lavagem de dinheiro, organização criminosa e práticas contra a ordem econômica. Segundo os investigadores, o esquema causou um prejuízo estimado de R$ 26 bilhões aos cofres públicos.
A operação desta quinta-feira se apoia em uma trajetória marcada por interdições, autuações, recuperações judiciais e sucessivas investigações ao longo de mais de uma década.
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A antiga Refinaria de Manguinhos, inaugurada nos anos 1950 com capital totalmente nacional, foi comprada em 2008 pelo Grupo Andrade Magro, que já atuava no setor por meio da Rede Tigrão. O grupo incorporou também a Distribuidora Manguinhos e retomou projetos da refinaria, cuja produção só voltou efetivamente em 2010.
Mas, também a partir desse período, o nome Manguinhos voltou ao noticiário por motivos negativos.
Interdições, vazamentos e dívidas (2013)
Em 2013, parte das instalações foi interditada pelo Instituto Estadual do Ambiente após um vazamento de álcool. Reportagens da época apontavam que as empresas do grupo deviam cerca de R$ 1 bilhão ao Fisco do Rio, além de figurarem em investigações estaduais por sonegação. Foi também o ano em que o grupo ingressou em recuperação judicial.
Ligação com Lava Jato e fundos de pensão (2016)
O conglomerado voltou a ser citado em 2016, na esteira da Operação Lava Jato. Delações relatavam pressões políticas para que a Petrobras e a BR Distribuidora avaliassem a compra da refinaria, movimento que nunca ocorreu, mas que colocou o ativo sob suspeita.
No mesmo ano, Ricardo Magro foi um dos alvos da Operação Recomeço, que investigava desvios nos fundos de pensão Petros e Postalis. O MPF apontou que recursos destinados aos fundos teriam sido desviados para empresas e contas ligadas ao empresário. Magro foi posteriormente absolvido.
Nova investigação fiscal e fraude na importação de combustíveis (2020)
Em 2020, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) concluiu que a Refit simulava operações para pagar menos tributos na importação de combustíveis. Segundo o relatório, uma empresa do grupo importava combustível pronto, enviava para um depósito e, de forma fraudulenta, emitia notas como se houvesse processo de refino antes de revender à refinaria. O auto de infração somava R$ 249,2 milhões.
Conexão com o crime organizado e nova operação (2024)
Em 2024, a Polícia Civil de São Paulo abriu investigação sobre suposto esquema de lavagem de dinheiro ligado ao grupo, após apreensão de um caminhão com cocaína no Pari, na capital paulista. As suspeitas incluíam uso de postos de combustíveis e formuladoras ligadas ao grupo como instrumento de lavagem.
Naquele momento, Magro acumulava uma dívida estimada de R$ 7,4 bilhões de ICMS em São Paulo e R$ 8,2 bilhões no Rio.
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Interdição da Refinaria de Manguinhos (2025)
Em setembro, um desdobramento das operações Cadeia de Carbono e Carbono Oculto levou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a interditar cautelarmente a refinaria. A agência apontou irregularidades como uso de tanques não autorizados, descumprimento de medidas cautelares e indícios de importação irregular de combustíveis da Rússia. Dois navios foram apreendidos pela Receita e pela ANP.
A operação desta quinta-feira revela que o Grupo Refit estruturou uma rede paralela de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro envolvendo fintechs, holdings, offshores, meios de pagamento e fundos de investimento.
O Fisco identificou 17 fundos ligados ao grupo, que somam R$ 8 bilhões em patrimônio líquido. A maioria é composta por fundos fechados com um único cotista, normalmente outro fundo do mesmo conglomerado, criando camadas sucessivas de opacidade. Segundo os investigadores, administradoras teriam colaborado com o esquema ao omitir informações à Receita.
O modelo, afirmam Receita e Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), permitia ao grupo “operar sistematicamente em déficit operacional”, enquanto distribuidoras e outras empresas ligadas ao conglomerado repassavam lucro aos beneficiários verdadeiros por meio de fundos e empresas no exterior.
De acordo com os órgãos responsáveis pela investigação, o conjunto de fraudes praticadas ao longo dos anos drenou R$ 26 bilhões em impostos estaduais e federais, um dos maiores rombos tributários já identificados no setor de combustíveis.
A Operação Polo de Lobato pretende avançar sobre a rede financeira que sustentava as práticas do grupo e sobre seus beneficiários finais, apontando um uso contínuo de estruturas empresariais complexas para mascarar lucros, ocultar patrimônio e evitar o pagamento de tributos.
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