A Ucrânia, sob a liderança do presidente Volodymyr Zelensky, atacou nesta sexta-feira (22) a infraestrutura de um oleoduto que transporta petróleo da Rússia para a Hungria e a Eslováquia, em uma ofensiva para causar danos a Moscou enquanto continuam as negociações por um cessar-fogo. Foi o segundo ataque nesta semana contra o oleoduto Druzhba.
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O ataque interrompeu o fluxo de petróleo para países do Leste Europeu por cinco dias. Além de Eslováquia e Hungria, que são membros da Otan e da União Europeia, o oleoduto também fornece combustível para Belarus e outras nações. O fornecimento já havia sido paralisado entre segunda (18) e terça-feira (19).
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, publicou uma carta enviada a Donald Trump, na qual afirma que a Ucrânia atacou o Druzhba poucos dias antes de o americano se encontrar com Vladimir Putin no Alasca, em 15 de agosto. Orbán classificou o ataque como “um movimento muito infeliz”.
Uma foto da carta, divulgada por Orbán no Facebook, mostra o que parecia ser um bilhete manuscrito de Trump, no qual se lê: “Viktor, não gosto de ouvir isso, estou muito irritado com isso”. A Casa Branca não se pronunciou oficialmente sobre os ataques.
Laços com o Kremlin
A União Europeia reduziu o fornecimento de energia russa após a invasão da Ucrânia, em 2022, e busca eliminar gradualmente a dependência de petróleo e gás até o fim de 2027. Eslováquia e Hungria, no entanto, mantiveram laços próximos com o Kremlin. Bruxelas afirma ter investido em infraestrutura energética na Croácia, capaz de fornecer suprimentos alternativos aos dois países.
As autoridades húngaras criticaram a Ucrânia, alegando que os países prejudicados pelos ataques são os europeus, não a Rússia. “O oleoduto Druzhba é indispensável para o nosso abastecimento energético. Sem ele, o fornecimento de petróleo aos nossos países é fisicamente impossível”, escreveu o ministro das Relações Exteriores, Péter Szijjártó, no X.
Na mesma declaração, Szijjártó disse ter enviado, junto com o chanceler eslovaco Juraj Blanár, uma carta à vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, e ao comissário de Energia, Dan Jørgensen, pedindo que atuem contra os ataques ucranianos. Segundo ele, a Comissão já havia prometido agir, mas se manteve em silêncio após três ofensivas. “Bruxelas precisa entender: eles são a Comissão Europeia, não a Comissão Ucraniana!”, afirmou.
Os ataques contra a infraestrutura russa fazem parte da estratégia de Kiev para enfraquecer Moscou e obter melhores condições em uma eventual negociação de paz. Por sua vez, a Rússia segue bombardeando instalações energéticas ucranianas, comprometendo o aquecimento da população durante o inverno e o fornecimento de combustível à indústria.
A Ucrânia também já atingiu diversas refinarias russas, na tentativa de interromper as exportações de energia e provocar escassez de combustíveis em várias regiões do país.
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