Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no
IA que escuta consultas médicas: a corrida bilionária por tempo, eficiência e novos modelos de negócio na saúde
Publicado 01/07/2025 • 14:11 | Atualizado há 1 mês
“Deusa da riqueza”, chinesa é condenada pelo maior golpe em criptomoedas da história
Fintech avaliada em US$ 7,3 bilhões abre nova rodada de financiamento
Alibaba diz que seus gastos com IA em e-commerce já estão no ponto de equilíbrio
Rendimentos do Tesouro Americano caem enquanto pesquisa do Fed da Filadélfia mostra fraqueza regional
Bolha da IA ameaça mercado, mas chance de uma correção é “muito alta”, diz ex-executivo da Meta
Publicado 01/07/2025 • 14:11 | Atualizado há 1 mês
KEY POINTS
Pixabay
Na rotina exaustiva dos consultórios e hospitais, cada minuto conta. Para médicos pressionados por metas de produtividade e pacientes em busca de atendimento mais humanizado, a inteligência artificial que “escuta” consultas e transforma falas em prontuários estruturados pode ser mais do que uma inovação: pode ser a chave para reinventar a prática médica.
Conhecida como ambient listening, essa tecnologia baseada em IA generativa promete automatizar a transcrição e o resumo de consultas, registrar sinais clínicos e até sugerir exames e tratamentos com base em guidelines médicos.
A proposta tem despertado o interesse de grandes players globais. A Microsoft, por exemplo, já disponibiliza o DAX Copilot, integrado ao Microsoft Nuance, em centenas de hospitais nos Estados Unidos. O sistema grava a consulta, transcreve e estrutura o conteúdo diretamente no prontuário eletrônico, liberando o médico da digitação contínua. Segundo a empresa, o tempo médio de documentação médica é reduzido em cerca de 50%.
“O DAX permite que o médico volte a olhar no olho do paciente. Essa mudança de dinâmica tem valor clínico e comercial”, declarou Charles Lamanna, vice-presidente corporativo da Microsoft Health & AI, durante apresentação no HIMSS 2024.
Leia também:
Por que a Inteligência Artificial não pode substituir o médico
Para o cardiologista Dr. Rodrigo Souza, a tecnologia tem o potencial de transformar radicalmente a prática clínica. “Atua como uma ponte entre eficiência e humanização. O cardiologista pode manter o foco total no paciente, sem desviar a atenção para o prontuário eletrônico. Isso é especialmente valioso em consultas de alta complexidade, onde cada detalhe do histórico é relevante”, afirma.
Segundo ele, o recurso melhora a qualidade dos dados e pode gerar sumários clínicos automatizados, otimizando o tempo entre atendimentos. A preocupação, diz, está na privacidade e no cumprimento da LGPD.
Na radiologia, onde a IA já é amplamente usada para triagem e leitura de imagens, a tecnologia de escuta pode preencher uma lacuna importante. “Hoje, boa parte das informações clínicas chegam ao radiologista de forma fragmentada. Se conseguirmos extrair automaticamente hipóteses diagnósticas, queixas principais e histórico, os laudos terão maior aderência à realidade clínica”, avalia Dr. Felipe Roth Vargas, coordenador de Radiologia Intervencionista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “A escuta automatizada pode melhorar a comunicação entre especialidades, reduzir erros e tornar o processo de diagnóstico mais eficiente.”
Já a nefrologista Dra. Carlucci Ventura destaca o potencial da tecnologia para pacientes crônicos de alto risco. “A IA pode ajudar com programas específicos voltados a necessidades complexas. Em ambulatórios ou centros de diálise, pode organizar dados clínicos, alertar sobre eventos adversos, enviar lembretes de sessões e até otimizar a ultrafiltração em tempo real.” Para ela, o uso em larga escala no SUS exige primeiro a informatização total dos prontuários, mas é viável no futuro.
Estima-se que o mercado de IA aplicada à documentação clínica movimente mais de US$ 10 bilhões até 2030, de acordo com relatório da Grand View Research. O crescimento é impulsionado pela explosão dos modelos de linguagem natural (LLMs), pela pressão por eficiência nos sistemas de saúde e pelo avanço da digitalização hospitalar. Grandes redes como a Mayo Clinic, a Kaiser Permanente e o Cleveland Clinic já testam ou implementam tecnologias semelhantes.
Na outra ponta, startups buscam espaço nesse novo ecossistema. A Suki AI, que tem entre seus investidores a Google Ventures, oferece uma IA médica voltada para voice notes e automação de tarefas repetitivas. Já a Abridge, que recentemente captou US$ 150 milhões, foca na transcrição em tempo real com validação por médicos humanos.
Apesar do entusiasmo, a adoção em larga escala enfrenta barreiras relevantes. O custo médio por médico ainda varia entre US$ 100 e US$ 500 por mês, o que limita o uso a grandes sistemas de saúde ou clínicas com fluxo elevado. Além disso, há preocupações legítimas com privacidade e segurança, especialmente em um setor onde a informação é altamente sensível.
“É essencial garantir a acurácia da transcrição e a segurança dos dados. Um resumo malfeito pode comprometer o cuidado”, alerta Dr. Felipe Vargas. Ele lembra que essas tecnologias devem ser sempre validadas por profissionais. “Elas são ferramentas para potencializar a prática clínica — jamais substitutos do olhar crítico do médico.”
Dr. Rodrigo Souza também aponta que, embora a IA possa auxiliar na padronização de condutas clínicas, há o risco de excessiva dependência de algoritmos. “A IA deve ampliar a consistência e a segurança, mas nunca substituir o julgamento individualizado do médico.”
No Brasil, o uso de IA para escuta de consultas ainda está nos estágios iniciais. Algumas healthtechs já testam modelos semelhantes, mas o potencial se concentra principalmente em planos de saúde verticais e redes privadas integradas. “Com a digitalização crescente e a sobrecarga dos médicos, o cenário é favorável para a adoção dessa tecnologia nos próximos anos”, projeta o consultor Vinícius Oliveira, da KPMG Health.
Seja para aliviar a pressão assistencial, enriquecer a documentação ou reduzir erros, a IA que escuta consultas médicas inaugura uma nova fronteira na saúde digital. Em um setor que precisa ser mais humano e mais eficiente ao mesmo tempo, ouvir pode ser o primeiro passo para transformar.
—
📌ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
Mais lidas
EXCLUSIVO: Presidente dos Correios prepara trocas nas diretorias como parte do ‘choque de gestão’ para conter rombo bilionário
Braskem cai 2,55% e volta a flertar com mínimas: desconfiança e cenário petroquímico pressionam
Como a crise de Ambipar e Braskem explica o derretimento dos COEs e as perdas expressivas dos investidores de XP e BTG
Consumo de macarrão dispara enquanto arroz e feijão perdem força com alta de preços
XP avalia criação de fundo para investidores afetados por COE da Ambipar