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O paradoxo da vacinação no Brasil: investimento milionário, retorno bilionário — e a responsabilidade individual
Publicado 21/06/2025 • 10:01 | Atualizado há 1 mês
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Publicado 21/06/2025 • 10:01 | Atualizado há 1 mês
vacinação
Pexels
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do SUS é um dos mais amplos e bem-sucedidos do mundo, com cerca de 49 imunobiológicos gratuitos (32 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas) oferecidos à população. São centenas de milhões de doses aplicadas anualmente — uma média de 130 milhões nos últimos 20 anos. Apesar de gratuito ao cidadão, este programa representa um investimento significativo dos cofres públicos. Estimativas apontam que o custo anual do PNI gira em torno de R$ 19 bilhões.
Um levantamento comparativo revela o incrível retorno desse investimento:
• Em 2013, o PNI gastou cerca de R$ 1,2 bilhão e economizou aproximadamente US$ 635 milhões em importações, demonstrando o valor da produção nacional.
• Estudos sobre a vacina pneumocócica 10-valente indicam que ela é altamente custo-efetiva, com um preço por dose de até R$ 19,88 para justificar seu uso — abaixo disso, o benefício em DALYs (Anos de Vida Ajustados por Incapacidade) supera o custo, evidenciando a importância da prevenção.
• Na pandemia de COVID-19, estima-se que cada R$ 1 investido gerou uma economia de R$ 6 em internações, exames e vidas salvas. Além disso, o impacto econômico estimado da vacinação contra a COVID-19 pode chegar a R$ 150 bilhões em cinco anos, ressaltando o papel crucial da imunização na saúde pública e na economia.
• Globalmente, a Unicef estima que cada US$ 1 investido em vacinas gera até US$ 44 em economia, incluindo ganhos de produtividade e redução de custos com cuidados médicos. Isso demonstra o valor universal da vacinação como investimento.
É paradoxal: o SUS investe bilhões em vacinação — cerca de R$ 19 bilhões ÷ 1,37 bilhão de doses —, mas cada real evita gastos que poderiam chegar a dezenas ou centenas de reais por tratamento hospitalar, internação e até morte. A vacinação é a diferença entre prevenir uma doença com um custo baixo e reagir a ela com um custo exponencialmente maior. Por exemplo, o custo de uma dose da vacina contra o sarampo é ínfimo comparado ao de tratar um caso grave, que pode incluir internação, medicamentos e até UTI.
Não bastam vacinas disponíveis. A queda da cobertura vacinal, especialmente desde 2015, está ligada à hesitação (falta de confiança, fake news e barreiras logísticas). Essa hesitação, muitas vezes alimentada pela desinformação, compromete o investimento coletivo e a saúde de todos.
Exemplo alarmante: a vacinação contra a poliomielite, que exige 95% de cobertura, ficou abaixo de 77% em 2022 — colocando o país sob risco real do retorno da doença. Isso mostra como a falta de adesão individual pode reverter décadas de progresso na erradicação de enfermidades.
Um estudo de 2024 mostra que 68% dos médicos consideram a falta de informação e 25% apontam as fake news como causas principais da recusa vacinal. É fundamental combater a desinformação com campanhas educativas claras e acessíveis.
Em muitos municípios, faltam doses (ex.: varicela em 52% das cidades), evidenciando que a oferta não é o único desafio. No entanto, mesmo onde há vacinas, a baixa adesão persiste, indicando que a responsabilidade individual é um fator crítico.
Mais do que faltar vacinas, falta responsabilidade individual. Ao recusar a imunização, o cidadão não só se expõe, mas impede a chamada imunidade de rebanho, encarece o sistema com hospitalizações desnecessárias e reduz o impacto do investimento coletivo — pago com impostos. Fomentar essa responsabilidade exige educação em saúde, transparência na comunicação e políticas públicas que facilitem o acesso e a adesão à vacinação.
As recusas têm consequências claras:
• Ressurgimento de doenças: o sarampo, presente em países como os EUA por surtos em “bolhas antivacina”, pode voltar ao Brasil. A não vacinação individual coloca em risco a saúde coletiva e o controle de doenças já erradicadas.
• Sobrecarga do SUS: internações evitáveis saturam leitos, desviam recursos de outras urgências e aumentam os custos do sistema. A decisão individual de não vacinar impacta diretamente a capacidade de atendimento.
• Perda econômica: além do custo direto hospitalar, há perda de produtividade, faltas ao trabalho e aumento nas despesas com transporte, exames e suporte social. A saúde individual reflete na economia do país.
Vacinar é investir — em saúde, economia e sociedade. Cada real aplicado retorna múltiplas vezes em benefícios coletivos, prevenção de doenças e economia. O sucesso do PNI é um testemunho do poder da vacinação como política pública. Mas isso só se sustenta com memória coletiva, educação e responsabilidade individual. O paradoxo da vacinação só será superado quando o cidadão reconhecer que, ao vacinar-se, não protege apenas a si, mas fortalece o SUS (e o Brasil), garantindo um futuro mais saudável e próspero para todos.
Alexandre Hercules, Editor-Chefe do Portal Brazil Health
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