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Saúde mental nas empresas: da “moda” do bem-estar à mensuração de ROI e impacto real na produtividade

Publicado 29/05/2025 • 12:42 | Atualizado há 1 dia

Alexandre Hercules, Editor-Chefe do Portal Brazil Health

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O cuidado com a saúde mental deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade estratégica e financeira para as empresas brasileiras.

O Brasil enfrenta uma crise de saúde mental com reflexos diretos e preocupantes no ambiente corporativo. Dados recentes do Ministério da Previdência Social, divulgados em março de 2025, revelam um recorde histórico: quase meio milhão de afastamentos do trabalho por transtornos mentais em 2024, o maior número em uma década e um aumento de 68% em relação ao ano anterior. Ansiedade e depressão lideram as causas, afetando majoritariamente mulheres (64%) na faixa dos 41 anos.

Esse cenário alarmante, intensificado pelas cicatrizes da pandemia e pelas pressões socioeconômicas, impõe às empresas um novo olhar sobre o bem-estar de seus colaboradores. Não se trata mais apenas de oferecer benefícios pontuais ou seguir uma “moda” de bem-estar, mas sim de integrar a saúde mental à cultura organizacional, medir seu impacto real na produtividade e, consequentemente, nos resultados financeiros.

Para o especialista em gestão de pessoas Vicente Picarelli, fundador da consultoria Picarelli Human Capital, o principal obstáculo ainda está enraizado em um modelo mental ultrapassado. “Embora os números sejam claros — como a redução de até 41% no absenteísmo —, muitas empresas ainda operam sob modelos mentais antigos, que enxergam a saúde mental como um ‘custo’ e não como um ativo estratégico”, afirma. Ele ressalta que a pressão por metas de curto prazo, aliada ao despreparo das lideranças, impede que o bem-estar emocional seja visto como uma ferramenta de alta performance. “É como se um sistema estivesse dando alertas de sobrecarga, e a única resposta fosse continuar inserindo mais dados”, alerta. “Investir em saúde mental é, na verdade, proteger o dínamo humano da empresa — é uma decisão de inteligência organizacional.”

Gestão e RH: Transcendendo o Bem-Estar Superficial

Empresas líderes já perceberam que ações isoladas, como palestras motivacionais ou sessões de ginástica laboral, são insuficientes. A verdadeira transformação reside na incorporação da saúde mental como um pilar estratégico da gestão de pessoas. Isso envolve criar um ambiente psicologicamente seguro, onde os colaboradores se sintam à vontade para falar sobre suas dificuldades sem medo de estigma ou retaliação.

Segundo Picarelli, muitas vezes é a própria cultura organizacional que adoece as pessoas. “O burnout institucional não surge apenas da sobrecarga operacional, mas de uma cultura doente, onde há ausência de escuta, excesso de controle, desumanização das metas, competitividade tóxica e relações movidas a medo”, afirma. Ele destaca que a liderança tem papel central não apenas na solução, mas na origem do problema. “Reconhecer isso exige autoconhecimento, humildade e disposição para evoluir — atributos tão importantes quanto qualquer competência técnica.”

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Um bom exemplo é a Nestlé Brasil que lançou o programa Parceiros do B.E.M. (Bem-estar Mental), em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein. A iniciativa visa capacitar colaboradores para atuarem

como aliados da saúde mental dentro da empresa, criando uma rede de apoio para identificar situações de risco e direcionar colegas ao tratamento adequado. Em 2024, a empresa destinou R$ 1,5 milhão para esse programa, com foco especial na formação de lideranças mais preparadas para lidar com questões emocionais no ambiente corporativo.

A Unilever implementou globalmente o programa de Mental Health Champions, formando quase 4.000 colaboradores treinados para oferecer suporte emocional aos colegas. Além disso, a empresa disponibiliza a ferramenta Team Energy Assessment, que permite às equipes avaliarem seus níveis de energia física, emocional, mental e de propósito, promovendo discussões sobre apoio mútuo e bem-estar coletivo.

A chave para justificar e aprimorar esses investimentos está na mensuração de resultados concretos. Empresas visionárias estão correlacionando iniciativas de saúde mental com indicadores-chave de RH: redução do absenteísmo (faltas), combate ao presenteísmo (quando o funcionário está presente, mas improdutivo), diminuição do turnover (rotatividade) e aumento do engajamento e da satisfação geral. Estudos citados pelo E-Investidor (Estadão) indicam que um ambiente que promove saúde mental pode reduzir o absenteísmo em até 41%.

O Custo da Negligência: Impacto Financeiro e o Papel dos Benefícios

Ignorar a saúde mental dos colaboradores tem um preço alto. Um estudo da FIEMG estimou que os transtornos mentais causam uma perda anual de R$ 397,2 bilhões no faturamento das empresas brasileiras, impactando a economia em 4,7% do PIB. A perda em produtividade, custos médicos diretos e indiretos (afastamentos, tratamentos) e o impacto no clima organizacional são significativos. A OMS estima que a perda global de produtividade associada a transtornos mentais alcance US$ 1 trilhão anualmente.

Nesse contexto, os benefícios corporativos, especialmente os planos de saúde, desempenham um papel crucial. A tendência aponta para a flexibilização e personalização. Pesquisas da Pipo Saúde mostram que os trabalhadores valorizam planos de saúde com boa cobertura para saúde mental e a possibilidade de ajustar benefícios às suas necessidades individuais, incluindo assistência psicológica. Operadoras e empresas de benefícios como Vidalink e Wellhub destacam a crescente oferta de planos modulares e créditos em plataformas que permitem ao colaborador escolher onde alocar seus recursos, priorizando o cuidado mental. Além disso, a pesquisa revelou que 78% dos colaboradores brasileiros estariam dispostos a trocar de emprego por benefícios mais completos e flexíveis, incluindo assistência psicológica e programas de bem-estar.

Investir em saúde mental não é apenas um custo, mas um investimento com retorno comprovado (ROI). Embora o cálculo exato do ROI possa ser complexo, plataformas como Guia da Alma e Caliandra Saúde apontam para metodologias que correlacionam o investimento em programas de bem-estar com a redução de custos associados ao absenteísmo, presenteísmo e turnover, além do aumento da produtividade. O ROI pode variar, mas a lógica é clara: colaboradores mentalmente saudáveis são mais produtivos, engajados e leais. Pesquisa da Caliandra aponta que a cada US$ 1 investido em diagnóstico precoce, tratamento e prevenção de transtornos mentais, há um retorno de US$ 4 para a empresa.

“Falta uma mudança de paradigma”, diz Picarelli, ao comentar sobre a dificuldade das empresas em enxergar o ROI da saúde mental. “Assim como foi com a qualidade total, segurança do trabalho ou ESG, a saúde mental precisa ser compreendida como um fator de sustentabilidade e vantagem competitiva.” Para ele, o verdadeiro retorno está no que não se vê imediatamente nos relatórios: “O ROI da saúde mental está no invisível que sustenta o visível — pessoas com clareza, energia, relações saudáveis e propósito entregam mais e melhor.”

Tecnologia e Inovação: Escalando o Cuidado Mental

A tecnologia surge como uma aliada poderosa para democratizar e escalar o acesso ao cuidado mental no ambiente corporativo. Plataformas digitais, aplicativos e a telepsicologia ganham cada vez mais espaço, oferecendo conveniência, confidencialidade e personalização.

Soluções incluem desde aplicativos de monitoramento de humor e gerenciamento de estresse até plataformas completas que conectam colaboradores a terapeutas via teleconsulta. A inteligência artificial (IA) também começa a despontar, com chatbots terapêuticos (como o Woebot) e algoritmos que auxiliam na triagem e no direcionamento para o cuidado adequado, como explorado em pesquisas da ResearchGate e artigos da Lognis Psicologia. No contexto brasileiro, estudos sugerem que ferramentas baseadas em IA podem preencher lacunas nos cuidados em saúde mental, especialmente na Atenção Primária à Saúde, oferecendo suporte escalável e acessível.

Contudo, a implementação dessas tecnologias traz desafios. A privacidade e a segurança dos dados sensíveis dos colaboradores são preocupações primordiais. O engajamento contínuo dos usuários nas plataformas digitais é outro obstáculo, assim como a necessidade de comprovar a efetividade clínica dessas soluções e navegar por um cenário regulatório ainda em construção para a IA na saúde.

O futuro das organizações que não despertarem para a saúde mental é preocupante. “Ambientes tóxicos e líderes indiferentes não terão espaço num mundo cada vez mais conectado, sensível e exigente”, avalia Picarelli. Ele destaca que empresas que ignoram o tema caminham para a perda de talentos, reputação e relevância. “Por outro lado, aquelas que cultivam culturas baseadas em respeito, empatia e propósito terão longevidade e capacidade real de se reinventar. Empresas com alma saudável são mais fortes, mais humanas e, por isso, mais duradouras.”

Conclusão: Um Imperativo Estratégico

A saúde mental deixou de ser um tema periférico nas discussões corporativas para se tornar um imperativo estratégico e financeiro. Os dados sobre afastamentos e custos são inegáveis, e o impacto na produtividade, no engajamento e na retenção de talentos é evidente. Empresas que transcendem a “moda” do bem-estar e adotam uma abordagem integrada, mensurável e apoiada pela tecnologia não apenas cumprem um papel social fundamental, mas também constroem uma vantagem competitiva sustentável. Cuidar da mente de quem move o negócio é, hoje, a decisão mais inteligente e lucrativa.

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