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VISÃO EMPREENDEDORA Camila Farani

Ausência de governança custa caro para startups

Publicado 20/06/2025 • 12:56 | Atualizado há 5 horas

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Camila Farani

Camila Farani é uma investidora, empreendedora e referência no ecossistema de inovação e startups no Brasil. Reconhecida como uma das principais "sharks" do programa Shark Tank Brasil, ela construiu sua trajetória no mundo dos negócios a partir do varejo, tornando-se especialista em investimentos-anjo e mentorando empresas com alto potencial de crescimento. Fundadora da G2 Capital e com mais de 20 prêmios na America Latina, Camila também é uma palestrante requisitada e voz influente em temas como empreendedorismo, inovação e liderança feminina. Seu trabalho tem impacto direto no desenvolvimento de novos negócios, ajudando empreendedores a escalarem suas startups e acessarem capital de maneira estratégica.

Quando uma startup nasce, o brilho da inovação costuma roubar todos os holofotes. É compreensível. Fundadores visionários, tecnologia de ponta, crescimento acelerado. Mas existe uma parte do palco que raramente recebe atenção suficiente, até que a cortina cai: a governança.

Se tem um aprendizado que se repete no mundo dos negócios, é que ideias brilhantes não salvam empresas mal estruturadas. E a Builder AI é um exemplo emblemático disso. Uma startup que surfou na onda da inteligência artificial, captou bilhões em rodadas robustas, atraiu fundos como o SoftBank… e, mesmo assim, tropeçou onde muitos tropeçam: na ausência de governança sólida.

Governança não é papelada. Não é burocracia. Governança é um conjunto de práticas e estruturas que garantem que as decisões sejam tomadas de forma ética, transparente e responsável. Ela é o que separa o hype do negócio sustentável.

Eu sempre defendi que startups precisam nascer com cultura de governança. A maioria não nasce. E o motivo vai além da falta de conhecimento técnico: é, muitas vezes, uma resistência dos próprios fundadores. Existe uma dificuldade real em dividir o volante, em ouvir, em aceitar que o olhar externo, quando experiente, pode ser a diferença entre escalar e quebrar.

O conselho, por exemplo, não é decorativo. Não é um adereço para embelezar a apresentação aos investidores. Um conselho forte pressiona, questiona, confronta. E isso pode ferir egos. Mas uma empresa que evita ser questionada está mais preocupada com a aparência do que com a sustentabilidade do negócio.

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A estatística é alarmante: 68% dos unicórnios dos últimos 10 anos faliram. O que esses fracassos têm em comum? Em boa parte deles, a ausência de governança efetiva. Isso significa ausência de due diligence real, de documentos contábeis sólidos, de planos de crescimento críveis. Significa, muitas vezes, espaço para fraude, maquiagem de métricas e omissão de dívidas — como aconteceu com a própria Builder AI.

Num cenário de captação abundante, como o que vimos recentemente, o brilho do capital fácil acaba mascarando a urgência de criar fundamentos. A inteligência artificial, por exemplo, virou uma hype tão poderosa que muitos fundadores passaram a vender pitches mais inspirados em storytelling do que em capacidade real de entrega. E, sim, há investidores que compram esse discurso. Porque o FOMO — medo de ficar de fora — ainda fala alto no ecossistema.

Só que negócios não se constroem com medo. Negócios se constroem com responsabilidade. E responsabilidade começa por aceitar que ninguém constrói algo grande sozinho.

Como investidora e conselheira de empresas, vejo de perto o impacto positivo que uma boa governança pode causar. Não é sobre tirar o poder do fundador. É sobre complementar. O fundador é a alma do negócio, mas é no equilíbrio entre sonho e realidade que o negócio vira empresa.

Fica aqui uma provocação para empreendedores e investidores: o quanto vocês estão dispostos a ouvir o que não gostariam de ouvir?

Se a resposta for “muito pouco”, talvez seja hora de repensar o jogo. Porque hype passa. Governança fica.

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