Os riscos invisíveis da conectividade: como proteger setores críticos contra ameaças tecnológicas

Nos últimos anos, a digitalização transformou setores inteiros, trazendo eficiência, inovação e novas possibilidades de crescimento. No entanto, essa revolução também ampliou a superfície de ataque para cibercriminosos, expondo empresas e instituições a riscos que, muitas vezes, passam despercebidos. Do setor de saúde ao agronegócio, da justiça ao varejo, a conectividade tem um preço: a vulnerabilidade.

Cirurgias Conectadas e o Risco à Vida

O avanço da robótica na medicina tem possibilitado cirurgias menos invasivas e com maior precisão. No entanto, esses robôs cirúrgicos, conectados à internet para permitir operações remotas e suporte médico à distância, também estão suscetíveis a ataques cibernéticos. Um hacker que comprometa um sistema hospitalar pode afetar equipamentos vitais e colocar vidas em risco.

A infraestrutura da saúde precisa ser pensada com foco na segurança digital. Tudo que está conectado à internet tem risco de ser acessado por alguém. A proteção desses sistemas deve ser tão rigorosa quanto a segurança física de um hospital.

O Agro e os Perigos Virtuais nas Lavouras

O agronegócio brasileiro é um dos setores mais avançados em tecnologia. Máquinas agrícolas autônomas, drones para aplicação de defensivos e sensores em animais são parte da nova realidade do campo. No entanto, como alerta Alexandre Bonatti, VP de Engenharia da Fortinet Brasil, os fazendeiros ainda não percebem os riscos que a tecnologia traz.

“Se você explicar para um produtor rural que um trator autônomo pode ser hackeado e controlado remotamente por criminosos, ele tende a achar que isso é algo de ficção científica”, afirma Bonatti. Mas a ameaça é real. Um ataque pode interromper colheitas, prejudicar safras inteiras e comprometer a segurança alimentar.

O desafio é conscientizar os responsáveis sobre a importância de investir não apenas em novas tecnologias, mas também em estratégias de cibersegurança para proteger seus ativos digitais e físicos.

Justiça Digital: Quando a Privacidade Está em Jogo

Outro setor que tem adotado rapidamente soluções tecnológicas é o jurídico. Juízes e advogados estão utilizando assistentes virtuais baseados em inteligência artificial para transcrição de audiências e organização de processos. O problema? Muitas dessas ferramentas armazenam informações sigilosas em sistemas de terceiros, muitas vezes sem garantia de privacidade.

Dados confidenciais podem ser utilizados para treinar inteligências artificiais sem o consentimento das partes envolvidas, comprometendo segredos judiciais e até mesmo a imparcialidade das decisões. Estamos colocando informações sensíveis em sistemas abertos sem saber quem pode acessá-las.

Varejo: O Alvo Principal do Ransomware

No setor varejista, os ataques cibernéticos são ainda mais evidentes. O ransomware, um dos ataques mais comuns, sequestra sistemas de lojas e redes inteiras, tornando-os inoperantes até que um resgate seja pago, geralmente em criptomoedas.

Bonatti explica que o grande problema do varejo é a sua descentralização: “Uma loja pequena pode ser o ponto de entrada para comprometer toda a rede, inclusive o data center da empresa.”

Grandes redes têm investido em isolamento de sistemas para evitar que um ataque em uma filial se espalhe. No entanto, muitas empresas ainda subestimam a ameaça, deixando brechas abertas para criminosos explorarem.

Este tema foi tratado na última coluna Real Tech, do jornal Real Time. Confira a coluna, na íntegra.

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