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A nova era da IA: não basta automatizar, é preciso coragem para mudar
Publicado 31/07/2025 • 16:24 | Atualizado há 2 meses
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Publicado 31/07/2025 • 16:24 | Atualizado há 2 meses
Pixabay
Inteligência Artificial
A inteligência artificial não é uma onda passageira — é um divisor de águas definitivo. Ela veio para ficar, remodelando não apenas ferramentas, mas a lógica do trabalho, os modelos de negócio e as bases simbólicas da cultura organizacional. Estamos vivendo o início de uma nova era, em que a forma como empresas operam, inovam e geram valor será irreversivelmente transformada.
Apesar dos avanços tecnológicos e dos investimentos bilionários, a maioria das empresas ainda não consegue extrair valor real da IA. Segundo nova pesquisa global da BCG (Boston Consulting Group) com 1.000 executivos em 59 países, apenas 26% das organizações estão gerando impacto tangível com IA — e apenas 4% atingiram excelência em todas as funções de negócio por meio da IA.
Não é falta de tecnologia. Não é ausência de dados.
É o modelo mental que ainda não mudou.
O que separa os líderes da maioria não são algoritmos geniais, mas decisões humanas — a coragem de mexer na estrutura, nos processos e nos vínculos que sustentam a organização. Porque em tempos de mudança acelerada, as certezas do passado tornam-se as prisões do presente.
Leia mais artigos da coluna Vida nas Organizações por Joaquim Santini
Muitas empresas iniciam suas jornadas de IA pelas bordas: RH, jurídico, compras, TI, atendimento. Áreas mais “seguras”, onde o impacto é controlado e os riscos, supostamente, menores. Mas essa escolha confortável costuma esconder uma armadilha.
Os dados do BCG são claros: 62% do valor da IA deve estar nas funções centrais de negócio, como operações (23%), vendas e marketing (20%) e P&D (13%). As funções de suporte, embora importantes, respondem por apenas 38% do valor total.
Ao evitar aplicar IA no core — onde mora a essência do negócio — as empresas protegem exatamente aquilo que mais precisa ser reinventado.
Muitas vezes, o que chamamos de 'resistência à inovação' é, na verdade, a defesa de laços emocionais que oferecem segurança e pertencimento ao grupo. Tentar transformar o coração do negócio sem reconhecer esses vínculos invisíveis é negar a base afetiva que o sustenta.
Setores como fintech (49%), software (46%) e bancos (35%) concentram hoje a maior proporção de líderes em IA. E isso não é coincidência.
Essas indústrias enfrentaram a disrupção digital mais cedo, quando ainda era moda duvidar da mudança. Foram obrigadas a se reinventar não só na infraestrutura, mas na própria lógica organizacional. Desenvolveram, ao longo do tempo, o que Edgar Morin chamaria de uma inteligência da complexidade: capacidade de navegar incertezas, interconectar variáveis e adaptar a cultura ao invés de apenas a estrutura.
Mais do que tecnologia, essas empresas cultivaram fluência adaptativa — e entenderam que IA não é sobre aliviar dores periféricas, mas transformar o sistema nervoso central do negócio.
Essas organizações:
Porque inovação de verdade não é zona de conforto — é território de risco, de luto organizacional e de renascimento.
O principal erro das empresas que ficam para trás é tratar IA como um projeto técnico, isolado. Mas IA não é sobre automatizar tarefas — é sobre repensar como o trabalho acontece, quem decide, quem contribui e como o valor é gerado, ou seja, é uma mudança radical no modelo de negócio e no sistema de gestão.
Como mostrou a pesquisa da Microsoft (Work Trend Index 2025), a IA só cria impacto real quando acompanhada de redesenho do trabalho, da cultura e da governança. Ainda assim, apenas 25% dos líderes entrevistados afirmam estar redesenhando fluxos, papéis e decisões com base no uso da IA.
O restante segue preso ao modelo anterior: automatizando o passado, ao invés de criar o futuro.
É a manutenção de “pactos de funcionamento defensivo" — estruturas que protegem o status simbólico vigente, ainda que já sem valor real. Vale ressaltar que Mudanças que não são elaboradas emocionalmente tendem a gerar um mal-estar silencioso. O que não é compreendido, é resistido— e muitas vezes essa resistência se disfarça de apatia, ironia ou boicote disfarçado.
Aplicar IA aonde ela mais gera valor — nas funções centrais — é, paradoxalmente, também onde dói mais.
Essas áreas envolvem múltiplos stakeholders, sistemas legados e decisões críticas. Exigem mais do que investimento: exigem coragem institucional para reconfigurar o que é considerado “intocável”.
As empresas líderes em IA, segundo a pesquisa da BCG fazem isso com método e disciplina:
• Começam por casos de uso de alto impacto e risco controlado.
Não é qualquer automação. Os líderes escolhem problemas centrais que, se resolvidos, demonstram o valor da IA de forma clara para o negócio. Não apostam em “quick wins” superficiais, mas em provas tangíveis de transformação com efeito multiplicador.
• Formam times verdadeiramente multidisciplinares.
Integram cientistas de dados, desenvolvedores, analistas de negócio e profissionais das áreas-fim (operações, marketing, P&D, etc.). Essa integração evita a “bolha da tecnologia” e garante que o uso da IA esteja conectado às dores reais do negócio e aos fluxos práticos do dia a dia.
• Criam estruturas decisórias ágeis, descentralizadas e orientadas a aprendizado.
Lideranças não centralizam tudo no topo nem travam a execução em comitês infinitos. Adotam uma lógica de “testar e aprender”, com ciclos curtos, correções rápidas e autonomia nas pontas para experimentar e escalar o que funciona. A governança vira aliada da fluidez, não um entrave burocrático.
• Escalam com paciência estratégica — não com pânico digital.
Ao contrário do impulso comum de “escalar tudo ao mesmo tempo”, os líderes sabem que escala sem base é ruído. Escolhem poucas frentes com alto potencial, amadurecem soluções reais, criam rituais de acompanhamento e só depois replicam. A pressa, quando desorganizada, só amplifica os erros.
O que Executivos e Investidores Precisam Observar
Se você é executivo, conselheiro ou investidor, observe os sinais abaixo. Eles indicam quem está realmente transformando — e quem apenas automatizando o que já não funciona:
Chega de confundir eficiência com transformação.
Chega de chamar de “disruptivo” o que apenas digitaliza o velho.
A inteligência artificial não é uma ferramenta — é um espelho.
Ela reflete o quanto estamos (ou não) preparados para mudar a lógica do nosso negócio.
Não é no algoritmo que mora o desafio.
É na cultura que resiste, na liderança que hesita, nos vínculos que protegem o passado.
Transformar com IA é mais do que automatizar fluxos.
É redesenhar a própria ideia de contribuição, valor e pertencimento.
Por isso, não queremos mais cases que brilham em apresentações e morrem no chão da fábrica.
Queremos líderes que sabem onde a IA realmente gera valor:
Queremos menos iniciativas e mais propósito.
Menos hype e mais consequência.
Menos dashboards — e mais coragem.
Porque o que separa as empresas líderes sem IA dos atrasados não é o acesso à tecnologia — é a maturidade para reimaginar o trabalho com ela.
Que venha a IA.
Mas que venha junto da única inteligência que nunca poderá ser terceirizada: a humana.
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