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BMG Foods: de frigorífico paraguaio a gigante da carne no Brasil

Publicado 25/03/2025 • 13:39 | Atualizado há 3 meses

Agência DC News

KEY POINTS

  • Essa espécie de volta às origens foi decisiva para o grupo acelerar seu crescimento. “Em cinco anos, a perspectiva é que a operação brasileira dobre e fature R$ 10 bilhões”, afirmou Renan Lima, presidente da BMG Foods desde janeiro e filho de Jair.
  • A redução de preço da carne no começo do ano é um movimento natural do mercado. Mas para este ano, é estimada uma redução da produção de proteína bovina brasileira em 5%. I
  • São 5,5 mil funcionários no Brasil e 10 mil no grupo todo. Desde 2021, quando chegamos aqui, fomos de R$ 0 a R$ 4,7 bilhões, que foi nosso faturamento em 2024.
De acordo com Renan Lima, ainda que sejam brasileiros, o fato de o grupo ter nascido fora do país tornou a comunicação e o caixa mais frágeis.

De acordo com Renan Lima, ainda que sejam brasileiros, o fato de o grupo ter nascido fora do país tornou a comunicação e o caixa mais frágeis

Divulgação/ BMG Foods

O case de sucesso da BMG Foods contraria a lógica. Esta marca low-profile, que está entre os maiores frigoríficos do país, foi fundada pelo brasileiro Jair Antonio de Lima. Nascida em 1997 no Paraguai, somente há sete anos a empresa iniciou sua jornada internacional, inicialmente pela Bolívia (2018) e, depois (2021), no Brasil.

Essa espécie de volta às origens foi decisiva para o grupo acelerar seu crescimento. “Em cinco anos, a perspectiva é que a operação brasileira dobre e fature R$ 10 bilhões”, afirmou Renan Lima, presidente da BMG Foods desde janeiro e filho de Jair.

Para atingir o objetivo, o empresário aposta no valor agregado de seus produtos. “Com isso, podemos atingir uma linha de produção de 50 toneladas por dia”, afirmou. O caminho no mercado nacional, no entanto, não foi fácil.

Além de ter que se adaptar ao complicado emaranhado tributário brasileiro, a empresa precisou se fortalecer também entre os fornecedores. “Acho que não existe perfil mais conservador no país do que o do criador de boi”, disse o novo presidente.

De acordo com Renan Lima, ainda que sejam brasileiros, o fato de o grupo ter nascido fora do país tornou a comunicação e o caixa mais frágeis. “Eles só queriam negociar conosco se pagássemos mais caro e à vista. Por isso, a gente reservou tanto capital de giro na entrada no Brasil.”

Pisando em ovos e silenciosos, o grupo paraguaio com DNA brasileiro começou gradualmente. Primeiro, contratou frigoríficos que produziam a carne da BMG com os bois da empresa, marca e identidade visual. Depois, partiu para o aluguel de frigoríficos para ter controle de gestão e manuseio do produto. Por fim, mais recentemente, passou a comprar operações frigoríficas para comandar toda a cadeia e reduzir os custos da operação. E assim, colocou de vez os dois pés no mercado brasileiro, somando anualmente 220 mil toneladas de carne bovina e suína produzidas e mais de 1,2 milhão de animais abatidos. Confira a entrevista exclusiva de Renan Lima à Agência DC NEWS.

Agência DC News – Por que a BMG Foods nasceu no Paraguai?

Renan Lima – Meu pai já era do setor de carnes aqui no Brasil, mas identificou uma grande oportunidade no Paraguai por três motivos. O setor tinha um grande potencial de desenvolvimento, já que havia um rebanho bovino considerável, com pouco mais de 6 milhões de animais naquela época, e poucas indústrias instaladas no país. O segundo motivo foi que havia condições de desenvolver uma operação com custo reduzido de produção e mão de obra. Por fim, a carga tributária era muito menor do que a brasileira.

Agência DC News – A expansão para a Bolívia aconteceu da mesma forma?

Renan Lima – A empresa foi crescendo ao longo do tempo de forma orgânica, reinvestindo toda a lucratividade em ampliação de capacidade industrial, até que, em 2018, quando já era a maior processadora e exportadora de carne bovina do Paraguai, decidiu ir para a Bolívia. Era uma situação parecida com a que meu pai encontrou no Paraguai em 1997, quando a empresa foi fundada.

Agência DC News – Em condições econômicas?

Renan Lima – Era um país com um rebanho bovino interessante, de pouco mais de 9 milhões de cabeças, e apenas dois frigoríficos locais, com a grande possibilidade de acessar o mercado chinês.

Agência DC News – E quando o Brasil passou a se tornar uma opção de negócio?

Renan Lima – Viemos depois de diversificarmos a proteína com que trabalhávamos no Paraguai e na Bolívia, porque já éramos o maior processador de carne bovina no Paraguai. Achamos melhor não investir demais na Bolívia devido à política do país. Tínhamos US$ 300 milhões em investimentos que demandavam duas frentes: diversificar a proteína e diversificar a geografia da companhia. Então, diversificamos proteína primeiro [suína, além de bovina] e depois, a geografia, quando viemos ao Brasil. O país oferecia uma grande janela de oportunidades.

Agência DC News – Quais foram os passos para entrar no mercado brasileiro?

Renan Lima – Entramos aqui já com as duas proteínas e modelo híbrido de expansão. O primeiro é contratando outro frigorífico para produzir a carne para mim, com o meu animal, mandando os meus insumos para a linha de produção dele e algumas pessoas para supervisionar o processo de produção e garantir a qualidade. Ele produz com a minha marca, e eu comercializo o produto. O segundo caminho de expansão foi alugando um frigorífico. Ficamos totalmente responsáveis pela gestão, incluindo contratações e licenças. Só depois partimos para a aquisição, porque queríamos colocar um valor baixo que oferecesse uma estrutura razoável.

Agência DC News – E qual o maior desafio aqui?

Renan Lima – Conquistar o pecuarista. Acho que não existe perfil mais conservador no país do que o criador de boi. Como éramos novos, só queriam negociar conosco se pagássemos mais caro e à vista. Por isso, a gente reservou tanto capital de giro na entrada no Brasil.

Agência DC News – Como tem sido o mercado brasileiro?

Renan Lima – A BMG conseguiu, em um pequeno espaço de tempo de três anos, alcançar a terceira posição quando falamos em frigoríficos bovinos. São 5,5 mil funcionários no Brasil e 10 mil no grupo todo. Desde 2021, quando chegamos aqui, fomos de R$ 0 a R$ 4,7 bilhões, que foi nosso faturamento em 2024.

Agência DC News – Quais são as expectativas de crescimento para 2025?

Renan Lima – A gente deve crescer entre 15% e 20%.

Agência DC News – E para os próximos cinco anos?
Renan Lima – Vejo a BMG batendo R$ 10 bilhões de faturamento.

Agência DC News – Você assumiu o comando da operação brasileira recentemente, em janeiro. Como tem sido?

Renan Lima – Bom, com certeza a operação brasileira do grupo é a mais complexa. Pela estrutura tributária, jurídica e trabalhista. Foi até por isso que acabei sendo nomeado como CEO aqui do Brasil. Quando terminei a universidade, fui para o Paraguai e entrei no setor a partir de lá. Eu estava acostumado com mamão com açúcar, né?

Agência DC News – Já o Brasil…

Renan Lima – O Brasil é uma grande escola para mim. Estou sendo muito desafiado na cadeira em que estou agora.

Agência DC News – Com o bom resultado na agropecuária, há planos para a BMG Foods inaugurar lojas físicas?

Renan Lima – Temos hoje duas lojas físicas no Paraná. Uma delas fica na entrada do nosso frigorífico em Iporã, frigorífico de carne suína. Uma loja muito bonita, com a marca BMG Foods. A segunda loja fica em Umuarama, também no Paraná, em um shopping. Achamos que ainda não estamos preparados para entrar nas grandes capitais.

Agência DC News – Por quê?

Renan Lima – O varejo demanda uma logística muito complexa. Hoje, ainda não temos estrutura que consiga atender um tipo de loja como essa. E ter uma loja só a gente não vê muito sentido.

Agência DC News – Então os esforços estão voltados para a indústria…

Renan Lima – Sim, o nosso pipeline de inovação está muito voltado para a industrialização da carne suína. Temos uma produção que gera um volume importante para a gente transformar em produtos de maior valor agregado.

Isso quer dizer que temos uma linha de inovação e já fizemos alguns investimentos para produzir presunto, mortadela, salsicha, bacon, embutidos defumados, paio, calabresa, aumentar o portfólio de linguiças. Temos o plano de investir R$ 30 milhões até o fim de 2026 para colocar uma linha de produção de 50 toneladas por dia em marcha.

Agência DC News – Hoje, vocês estão em 12 estados e no Distrito Federal. Existem planos para expandir as operações para outras regiões do Brasil?

Renan Lima – Por meio de centros de distribuição, talvez. Existem alguns estados que a gente tem olhado. Pernambuco foi o mais recente deles. Também já estamos em Brasília, mas não estamos em Goiás. Talvez Goiânia seja uma possibilidade. Continua em fase de análise, mas para centros de distribuição.

Agência DC News – Qual linha de produtos representa a maior fonte de receita para a empresa?

Renan Lima – Atualmente, é a marca Gold Beef, com cortes mais usados no dia a dia.

Agência DC News – O preço da carne no Brasil caiu 1,95% em fevereiro, segundo o IBGE. Como ele deverá se comportar este ano?

Renan Lima – A redução de preço da carne no começo do ano é um movimento natural do mercado. Mas para este ano, é estimada uma redução da produção de proteína bovina brasileira em 5%. Isso quer dizer que vai haver menos oferta de carne no mercado e, em algum momento do ano, isso acabará puxando o preço para cima.

Agência DC News – Sobre o mercado externo, como estão as vendas?

Renan Lima – Atualmente, cerca de 20% são exportações e 80% são destinadas ao abastecimento do mercado interno. O Brasil tem uma cultura de churrasco que impulsiona muito o consumo em geral, o que nos ajuda bastante. Não existe nenhum país no mundo que pague o valor que o Brasil paga pelos cortes de churrasco, porque churrasco é tradição nacional. Mas nosso objetivo é equilibrar as exportações e o mercado interno nos próximos anos.

Agência DC News – Quais são os principais destinos das exportações da BMG Foods?

Renan Lima – Temos a frente de carne suína e a de carne bovina. Da carne suína, os destinos são Filipinas, Japão e Coreia do Sul. Já da carne bovina, são China, Oriente Médio e Argélia.

Agência DC News – Para finalizar, quanto vocês produzem de carne?

Renan Lima – No final de 2024, tivemos 180 mil toneladas de carne bovina com osso produzida, oriundas do abate de 750 mil animais. De carne suína, abatemos 500 mil animais, que responderam a mais de 40 mil toneladas de carne com osso.

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