A fabricante alemã de sistemas navais ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS) espera que o tamanho de seu mercado triplique até o final da década, de acordo com o CEO Oliver Burkhard. “Esperamos que esse mercado acessível em eletrônicos, drones, embarcações de superfície e submarinos dobre ou até triplique até o fim desta década”, disse Burkhard à CNBC.
Isso ocorre após o Parlamento alemão ter votado a favor de um grande pacote fiscal, incluindo mudanças em políticas de endividamento de longa data para permitir um aumento nos gastos com defesa.
Burkhard afirmou que a decisão mostra que “quando se trata do orçamento de defesa, mais ou menos não há mais limites”.
As mudanças propostas significam que gastos com defesa e certas despesas de segurança, acima de um determinado patamar, não estariam mais sujeitos ao freio da dívida, mecanismo que limita o endividamento do governo e define o tamanho do déficit orçamentário estrutural do governo federal.
“Isto é incomum para a Alemanha”, disse Burkhard, destacando que a reforma foi acompanhada pela declaração do chanceler alemão Friedrich Merz, que teria dito: “Diante das ameaças à nossa liberdade e paz em nosso continente, a regra para nossa defesa agora deve ser ‘o que for necessário'”.
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Burkhard ressaltou que “os alemães normalmente não dizem ‘o que for necessário’, porque isso é muito irracional. Temos indicadores-chave de desempenho, números, argumentação, pesquisas, estudos. Com base nisso, tomamos decisões, mas nunca dissemos ‘o que for necessário’, e ‘o que for necessário’ é, mais ou menos, ilimitado”.
Ele acrescentou: “Isso significa que, seja 500 bilhões de euros ou até mais, trata-se de um tipo de financiamento especial que nunca existiu desde 1945”.
Para a indústria de defesa da Alemanha, isso significa que o governo deve acelerar projetos e aumentar as compras junto ao setor.
A ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS) é a divisão de navios de guerra do conglomerado alemão de engenharia industrial ThyssenKrupp e fabrica embarcações navais e submarinos.
Questionado sobre se a empresa prevê uma mudança na construção de embarcações navais tradicionais para drones marítimos não tripulados, como os usados na guerra entre Rússia e Ucrânia, Burkhard sugeriu que eles podem ser melhor descritos como uma “extensão” das atuais plataformas navais, como submarinos cercados por drones de superfície e submarinos.
Burkhard deu um exemplo, dizendo que os clientes podem não encomendar quatro submarinos, mas talvez dois, acompanhados de 50 veículos autônomos.
Ele reconheceu, no entanto, os desafios na ampliação da capacidade produtiva, afirmando que “todos têm orçamentos mais altos. Todos querem que seja mais rápido, e a demanda é muito forte”.
A TKMS adquiriu um novo estaleiro na cidade de Wismar, no norte da Alemanha, que será utilizado para produzir novas embarcações para a Alemanha, Noruega e Israel, além de suas instalações tradicionais de construção naval em Kiel e em uma unidade no Brasil.
No entanto, Burkhard reconheceu que a empresa precisará buscar parcerias caso queira expandir. Ele citou a joint venture firmada em 2025 com a indiana Mazagon Dock Shipbuilders, por meio da qual a TKMS ajudará a projetar e desenvolver seis submarinos para a Marinha Indiana. A MDS será responsável pela construção na Índia.
Cisão
A TKMS tem estado em destaque recentemente devido à notícia de que será desmembrada da empresa-mãe ThyssenKrupp e listada na Bolsa de Valores de Frankfurt. O CEO Burkhard revelou que “tentaremos fazer isso ainda neste ano”.
Os investidores parecem ter recebido bem o aumento do apetite por gastos com defesa. No acumulado do ano, as ações da ThyssenKrupp dispararam impressionantes 155% até 19 de março. Esse momento, segundo Burkhard, melhora as perspectivas para a cisão neste ano.
Ele afirmou que a mensagem da cisão é clara: a TKMS está “em um caminho rumo à independência”.
Burkhard acrescentou que os acionistas da ThyssenKrupp “sofreram” nos últimos anos devido a problemas nos setores de aço e automotivo. Relatórios da Reuters e da mídia alemã revelaram que a empresa deve cortar 1.800 empregos na divisão automotiva e 11 mil na unidade de aço.
A TKMS é a “pérola” do portfólio da ThyssenKrupp, disse Burkhard, acrescentando que a cisão permitiria que os investidores participassem do crescimento da empresa.
“Tentamos tirar essa pérola e dar a todos os acionistas da TK uma ação da TKMS, e então eles podem decidir no primeiro dia de negociação se querem mantê-la… Acho que eles realmente valorizam o que somos”, afirmou.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
