A J&F, holding controlada pelos irmãos Batista, realizou nesta quinta-feira (15) o pagamento à vista de US$ 2,64 bilhões (R$ 15 bilhões) para adquirir a totalidade das ações da Eldorado Brasil Celulose detidas pela Paper Excellence. Assim, a transação leva a J&F a ser a única acionista da Eldorado.
“Este investimento reforça a confiança da J&F no Brasil, na Eldorado e na competitividade do país no setor celulose”, afirma Aguinaldo Filho, presidente da J&F e presidente do conselho de administração da Eldorado, em comunicado à imprensa.
Segundo a J&F, o acordo encerra todas as ações judiciais e arbitrais em curso, no Brasil e no exterior. “Esta é uma página que viramos de forma amigável, desejando sucesso a nossos ex-sócios e abrindo um novo capítulo na história da Eldorado”, disse Filho.
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Histórico da disputa
Em 2017, a multinacional indonésia Paper Excellence adquiriu 49,41% da Eldorado Celulose. O contrato previa a compra total da empresa, que permanecia sob controle da J&F, com os 50,59% restantes.
No momento da transferência das ações, a J&F contestou o negócio e iniciou questionamentos judiciais em diferentes instâncias.
Decisões judiciais e arbitrais
Em 2021, a Paper Excellence venceu processo arbitral na ICC Brasil, que determinou a venda de 100% da Eldorado à companhia asiática. A decisão, tomada por três votos a zero entre quatro árbitros, foi posteriormente contestada pela J&F na Justiça de São Paulo.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), por meio do ministro Mauro Campbell, suspendeu o julgamento da ação a pedido da holding brasileira.
Nova arbitragem e entraves legais
Em 2024, a Eldorado informou que o Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região suspendeu a transferência das ações da J&F para a Paper Excellence. Na sequência, a multinacional abriu nova arbitragem na Câmara de Comércio Internacional (CCI), em Paris, solicitando indenização de US$ 3 bilhões, sob alegação de atos que teriam impedido a concretização do negócio.
A J&F, por sua vez, sustentava que a Paper não liberou garantias previstas no contrato. Outro argumento apresentado pela holding se baseava em uma lei brasileira que restringe a compra de terras nacionais por estrangeiros. A Eldorado detém cerca de 450 mil hectares de área.
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