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Ozempic é aposta de longo prazo para ciência, mas mercado pressiona Novo Nordisk; entenda
Publicado 30/12/2025 • 07:45 | Atualizado há 2 horas
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KEY POINTS
Metsera classificou como “superior” a oferta da Novo Nordisk, que pode chegar a US$ 10 bilhões
O Ozempic atravessa um dos momentos mais desafiadores desde que se tornou o medicamento mais emblemático do mercado global de obesidade. Em 2025, a Novo Nordisk enfrentou forte desvalorização de suas ações, a maior reestruturação de liderança em seus mais de 100 anos de história e um ceticismo crescente dos investidores quanto à capacidade de transformar inovação científica em crescimento financeiro sustentável.
A reação do mercado ocorre em um cenário de concorrência mais intensa. Novos medicamentos, versões alternativas e a entrada de rivais — como a Eli Lilly — ampliaram a disputa por participação em um setor que deixou de ser dominado por poucos players. Ainda assim, para a comunidade científica, o potencial do Ozempic está longe de se esgotar.

Inicialmente desenvolvido para o tratamento do diabetes tipo 2, o Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, ganhou projeção mundial ao demonstrar capacidade de reduzir o apetite e promover perda de peso. Com o tempo, passou a ser aprovado também para o tratamento da obesidade e hoje gera bilhões de dólares em receita anual para sua fabricante.
Agora, pesquisadores ampliam o olhar sobre a classe dos agonistas de GLP-1. O interesse vai além do controle de peso e do açúcar no sangue e avança para possíveis efeitos em doenças cardiovasculares, hepáticas, renais e até neurológicas.
Em agosto, ao aprovar o uso do Wegovy para o tratamento de doenças hepáticas, a agência reguladora dos Estados Unidos afirmou que o medicamento “promove perda de peso e pode envolver outros mecanismos ainda não totalmente compreendidos”. A semaglutida também já é autorizada para reduzir o risco de infarto e AVC em pacientes com sobrepeso e doenças cardiovasculares.
Uma das frentes mais promissoras envolve o impacto do Ozempic sobre o cérebro. Estudos observacionais indicam que medicamentos da classe GLP-1 reduzem não apenas o desejo por comida, mas também por álcool, tabaco e drogas recreativas. A hipótese é que essas substâncias alterem os circuitos de recompensa do cérebro, modulando sinais de dopamina.
“Existe um interesse crescente em entender o potencial da semaglutida em diferentes funções cerebrais”, afirmou Laura Nisenbaum, diretora executiva da Alzheimer’s Drug Discovery Foundation, em entrevista à CNBC. Segundo ela, compreender como inflamação e uso de energia afetam o cérebro é relevante para diversas doenças neurológicas e psiquiátricas.
Pesquisas recentes sugerem que semaglutida e tirzepatida, da Eli Lilly, podem funcionar como os primeiros agentes “anticonsumo”, com potencial para tratar compulsões alimentares, alcoolismo, dependência de nicotina e até comportamentos de compra excessiva.
Em novembro, a Novo Nordisk decepcionou investidores ao divulgar dados de um estudo clínico de dois anos que avaliava se a semaglutida poderia retardar o declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer. O estudo não atingiu seu objetivo principal e a empresa decidiu interromper uma extensão do ensaio.
Apesar disso, pesquisadores afirmam que o resultado não deve ser interpretado como um fracasso definitivo. Segundo Ivan Koychev, professor associado de neuropsiquiatria do Imperial College London, a semaglutida mostrou impacto positivo em biomarcadores ligados ao Alzheimer, além de reduzir marcadores de inflamação sistêmica.
“O sinal sempre esteve mais ligado à prevenção do que ao tratamento”, afirmou o pesquisador, destacando que novos estudos podem avaliar o uso desses medicamentos em estágios mais iniciais da doença.
Enquanto a ciência trabalha em ciclos longos, o mercado financeiro opera com horizontes bem mais curtos. As ações da Novo Nordisk acumulam queda de cerca de 50% em 2025, o pior desempenho desde a listagem na Bolsa de Copenhague. A desvalorização reflete o avanço da concorrência, a entrada de versões manipuladas mais baratas e dúvidas sobre a capacidade do pipeline de sustentar margens elevadas.
Analistas do Jefferies afirmaram recentemente não enxergar um “piso claro” para a avaliação da companhia, destacando que a proximidade do vencimento de patentes nos próximos anos tende a pressionar ainda mais o modelo de negócios. Já o Goldman Sachs mantém visão mais construtiva, apostando em crescimento de volume conforme o mercado de obesidade evolui, ainda que esse movimento leve tempo.
Além da concorrência, a Novo Nordisk enfrenta pressões regulatórias e políticas, incluindo iniciativas para reduzir preços de medicamentos nos Estados Unidos e riscos associados a tarifas de importação. Esses fatores ampliam a distância entre o entusiasmo científico e a impaciência do mercado.
Para pesquisadores, no entanto, o desenvolvimento de medicamentos como o Ozempic exige persistência. “É um jogo de longo prazo”, resume Nisenbaum. A história recente de tratamentos para Alzheimer, marcada por décadas de tentativas e erros, reforça a visão de que avanços relevantes raramente seguem o ritmo esperado pelos investidores.
No embate entre ciência e mercado, o futuro do Ozempic segue em aberto. O que parece claro é que o medicamento já ultrapassou o papel de fenômeno comercial e se tornou peça central de uma nova geração de terapias metabólicas, com impactos que ainda estão sendo descobertos.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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