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Planos de listagem da Nasdaq vão dificultar abertura de capital de pequenas empresas chinesas nos EUA
Publicado 04/09/2025 • 08:33 | Atualizado há 2 dias
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Publicado 04/09/2025 • 08:33 | Atualizado há 2 dias
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Caroline Rubinstein-Willis/Mayoral Photography Office
PEQUIM — A bolsa de valores Nasdaq, nos Estados Unidos, está planejando adotar requisitos de listagem que tornarão mais difícil para pequenas empresas chinesas abrirem capital em Nova York, após uma enxurrada de ofertas públicas iniciais de baixo valor.
Como parte das mudanças propostas, empresas que operam principalmente na China precisarão levantar pelo menos US$ 25 milhões em ofertas públicas iniciais para serem listadas na bolsa, informou a Nasdaq na noite de quarta-feira, no horário local.
A medida ocorre em meio ao acirramento das tensões entre EUA e China e enquanto a Nasdaq enfrenta questões mais amplas no mercado financeiro.
“Será mais difícil para pequenas empresas chinesas abrirem capital na Nasdaq sob a nova regra”, disse Winston Ma, professor adjunto da Faculdade de Direito da NYU. “A nova regra reage a alguns casos de IPO com esquema de ‘pump and dump’ devido ao pequeno volume de ações em circulação.”
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Houve poucas grandes aberturas de capital de empresas chinesas nos EUA desde a polêmica em torno da listagem da Didi em Nova York, em 2021. Mas em 2024, 35 pequenas companhias com sede na China abriram capital em Nova York — quase o dobro das 17 microcaps dos EUA — segundo a Renaissance Capital em dezembro.
Microcaps normalmente se referem a ações com valor de mercado entre US$ 50 milhões e US$ 300 milhões, o que significa que as empresas levantaram apenas alguns milhões em suas ofertas iniciais.
A mudança de regra é “positiva”, disse Gary Dvorchak, diretor-gerente do Blueshirt Group, que assessora empresas chinesas em IPOs. “Acho que isso vai trazer mais confiança de que as empresas estão abrindo capital por motivos legítimos, reduzindo a chance de manipulação com as ações e também protegendo as próprias companhias.”
A Nasdaq destacou que as listagens de empresas chinesas oferecem maior risco aos investidores americanos devido à incapacidade dos EUA de tomar medidas legais “contra entidades e indivíduos envolvidos em possíveis atividades manipulativas com esses papéis”.
“Além disso, a bolsa observou que empresas chinesas que abriram capital na Nasdaq com ofertas inferiores a US$ 25 milhões apresentaram maiores índices de problemas de conformidade”, disse a Nasdaq.
A proposta ainda precisa de aprovação formal da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). Empresas já em processo de IPO teriam 30 dias para concluí-lo sob as regras antigas, segundo a Nasdaq, enquanto todas as listagens subsequentes precisariam atender às novas exigências.
A Bolsa de Valores de Nova York, que normalmente lida apenas com IPOs de porte bem maior, não respondeu de imediato a um pedido de comentário fora do horário comercial dos EUA. A SEC e a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China também não se pronunciaram.
O requisito da Nasdaq é “mais um exemplo da multiplicidade de maneiras pelas quais a condução de negócios, comércio e relações de investimento entre os dois países está se tornando mais complexa e difícil”, disse Stephen Olson, pesquisador sênior visitante no ISEAS-Yusof Ishak Institute.
De fato, a mudança de regra da bolsa de Nova York veio logo após o anúncio de Pequim, na noite de quarta-feira, de que aplicaria novas tarifas punitivas sobre alguns produtores de fibra óptica dos EUA, em vigor a partir de quinta-feira.
“A China está dizendo: estamos preparados para revidar na mesma moeda”, afirmou Olson. “A trégua comercial é apenas um curativo temporário. Pode desmoronar a qualquer momento.”
O Ministério do Comércio da China citou uma investigação de seis meses que concluiu que alguns exportadores americanos driblaram tarifas antidumping ao vender uma versão modificada da fibra óptica.
A Corning, produtora de fibra óptica sediada em Nova York, agora enfrenta tarifa de 37,9% sobre exportações do produto para a China. A OFS Fitel terá tarifa de 33,3% e a Draka Communications Americas, de 78,2%.
No balanço de 2024, a Corning informou que a China representou 32% de sua receita total, sendo o maior mercado da companhia fora dos EUA.
A empresa e o Departamento de Comércio dos EUA não responderam de imediato a pedidos de comentário.
Segundo dados oficiais da alfândega, a China registrou déficit de US$ 57 milhões no comércio de fibra óptica com os EUA nos primeiros sete meses deste ano.
Esse desequilíbrio pode ter dado a Pequim o “pretexto técnico para agir”, disse Tianchen Xu, economista sênior da Economist Intelligence Unit, observando que os itens importados dos EUA tendem a ser mais avançados e, portanto, mais caros por unidade.
“O fogo cruzado [entre EUA e China] continuará de muitas formas”, prevê Xu, o que pode atrapalhar planos de encontro entre os presidentes dos dois países.
A decisão veio um dia depois de Washington revogar a autorização da Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC) para enviar equipamentos e tecnologia essenciais de fabricação de chips para sua planta na China — o movimento mais recente para conter os avanços de Pequim no setor de semicondutores.
A tarifa sobre fibras ópticas “sinaliza insatisfação” com as recentes medidas dos EUA para restringir o acesso da China a chips avançados e à cadeia de suprimentos de cabos submarinos, disse Alfredo Montufar-Helu, diretor-gerente da consultoria GreenPoint.
Mas a tarifa é “também direcionada e moderada o suficiente para evitar o colapso de meses de negociações comerciais. E também serve como lembrete de que a alavancagem da China vai além das terras raras”, acrescentou Montufar-Helu.
Embora a China venha incentivando o desenvolvimento financeiro doméstico, também busca controlar a saída de capitais, incluindo listagens no exterior. Novas políticas dos últimos três anos exigem aprovação do regulador de valores mobiliários para listagens internacionais, especialmente quando a empresa possui grande base de usuários no mercado interno.
Nos EUA, a medida da Nasdaq representa um passo significativo no escrutínio regulatório que cresce sobre pequenas aberturas de capital chinesas nos últimos anos.
Segundo a Bolsa de Hong Kong e o regulador local, em comunicado conjunto de maio de 2021, as comissões médias recebidas por bancos coordenadores de IPOs com valor de mercado inferior a US$ 600 milhões triplicaram em quatro anos, chegando a 12% em 2020.
Em novembro de 2022, a Autoridade Reguladora da Indústria Financeira dos EUA (FINRA) alertou investidores sobre “aumentos significativos e incomuns de preços no dia ou logo após o IPO de certas small caps, a maioria delas com operações em outros países”. O comunicado mencionava a China em particular.
A FINRA acrescentou que “tem preocupações” sobre como estrangeiros abriram contas em corretoras americanas para investir em IPOs e, em seguida, realizaram “ordens e negociações manipulativas para inflar os preços no mercado secundário”.
Em um podcast da FINRA de 12 de novembro de 2024, Peter Gonzalez, da unidade de investigações especiais, afirmou que os esquemas de “pump and dump” evoluíram — agora ocorrem semanas ou meses após o IPO, em vez de apenas alguns dias.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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