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As profissões mais impactadas pela IA – e como a lei precisa acompanhar o trabalho do futuro
Publicado 24/10/2025 • 07:23 | Atualizado há 12 horas
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Publicado 24/10/2025 • 07:23 | Atualizado há 12 horas
KEY POINTS
A inteligência artificial está remodelando o mercado de trabalho. De tarefas operacionais a funções estratégicas, a tecnologia redefine o papel humano nas empresas e levanta uma série de dúvidas sobre seus limites éticos e legais.
Um estudo da Microsoft, publicado em setembro de 2025, já apontava que as profissões mais suscetíveis à automação são as que dependem de linguagem, produção de conteúdo, comunicação e análise de dados. Já as que exigem habilidades manuais ou envolvem contato físico direto tendem a ser menos afetadas. A conclusão reforça uma tendência que começa a se consolidar no Brasil: a de que a inteligência artificial transforma o modo de trabalhar antes de substituir completamente o trabalho humano.
Para Taciela Cordeiro Cylleno, juíza titular da 9ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, os efeitos são mais intensos nas atividades que seguem padrões e repetição. “As áreas mais vulneráveis são aquelas que lidam com tarefas repetitivas e baseadas em informação. A inteligência artificial aprende com padrões, e tudo o que é padronizável tende a ser automatizado”, explica.
Ela destaca, porém, que o impacto não deve ser visto como ameaça inevitável, mas como transição. “A pergunta não é se a IA vai afetar o seu trabalho, e sim o quanto. Profissões totalmente substituídas serão exceção; as transformadas, regra”, afirma.
Segundo Taciela, o desafio agora é educacional. “O verdadeiro diferencial será humano: pensamento crítico, empatia, ética e criatividade. É preciso preparar as pessoas para usar a tecnologia com propósito e consciência, e não para serem usadas por ela.”
Enquanto o uso da inteligência artificial avança nas empresas, o direito tenta acompanhar o ritmo. Para o advogado André Dantas, especialista em Direito Público e processo legislativo, a principal lacuna está na definição de responsabilidade.
“A tecnologia evolui mais rápido do que a lei consegue reagir. Ainda há dúvidas sobre quem responde quando um algoritmo erra ou gera discriminação. O programador, a empresa ou o gestor que utiliza a ferramenta?”, questiona.
O Projeto de Lei 2.338/2023, em análise no Congresso Nacional, tenta criar um marco legal para a inteligência artificial, inspirado nas diretrizes da OCDE e da União Europeia. A proposta aborda princípios de transparência, segurança e responsabilidade, mas ainda está longe de cobrir as especificidades do ambiente de trabalho.
Taciela observa que, mesmo sem uma legislação específica, há bases jurídicas já aplicáveis. “Princípios como a dignidade da pessoa humana, o valor social do trabalho e o direito a um ambiente laboral saudável continuam válidos. A ausência de regulação detalhada não significa ausência de responsabilidade. Cabe às empresas garantir que o uso da IA não gere discriminação, vigilância abusiva ou precarização”, afirma.
Para os especialistas, o uso ético da inteligência artificial depende de transparência e supervisão humana. As empresas precisam comunicar de forma clara como utilizam sistemas automatizados, especialmente quando essas ferramentas influenciam decisões sobre contratações, promoções ou remunerações.
Dantas lembra que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) garante o direito de revisão humana em decisões automatizadas, mas a fiscalização ainda é limitada. “Na prática, a segurança jurídica depende mais da postura ética das empresas do que da letra da lei. O problema é que muitos gestores implementam a tecnologia sem compreender seus riscos jurídicos”, avalia.
Taciela reforça que a supervisão humana deve permanecer em todos os processos. “Adaptabilidade e aprendizado constante são hoje formas de proteção jurídica e existencial. O desafio não é conter a inteligência artificial, mas humanizar o seu uso.”
Tanto a juíza quanto o advogado defendem que o avanço tecnológico precisa vir acompanhado de políticas públicas de requalificação profissional e responsabilidade corporativa. “Precisamos de regras claras sobre responsabilidade civil e trabalhista envolvendo o uso de IA, mas também de incentivos à capacitação das pessoas que terão suas funções alteradas pela tecnologia”, afirma Dantas.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que um em cada quatro empregos no mundo está potencialmente exposto à transformação pela inteligência artificial generativa. Para Taciela, esse número reforça a urgência de um novo modelo de formação profissional. “A educação precisa evoluir junto com a tecnologia. O futuro do trabalho deve continuar sendo, antes de tudo, um futuro de pessoas.”
O avanço da inteligência artificial também começa a alterar a rotina do próprio Judiciário. Segundo Taciela, há discussões internas sobre o uso de ferramentas de IA para apoio a decisões, análise de jurisprudência e gestão de processos, o que exige ainda mais cuidado com transparência e imparcialidade. “A tecnologia pode auxiliar o sistema de Justiça, mas jamais substituir o julgamento humano. O magistrado deve continuar sendo o responsável final por toda decisão”, afirma.
Para André Dantas, esse movimento reforça a importância de práticas de compliance digital nas empresas. “Com o uso maior de algoritmos em contratações, demissões e promoções, as companhias precisarão adotar políticas internas claras sobre governança de dados, rastreabilidade e auditoria de sistemas automatizados. Quem não estiver preparado para provar que cumpre as boas práticas jurídicas e éticas pode enfrentar riscos significativos de responsabilização.”
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