Nascido em Taiwan nos anos 1980, o bubble tea — um chá adoçado com leite e bolinhas de tapioca — deixou de ser uma bebida exótica ou passageira para se transformar em um setor bilionário da indústria de alimentos e bebidas.
Impulsionada pelas redes sociais e pela demanda crescente da geração Z por produtos personalizados e “instagramáveis”, a bebida se espalhou por países da Ásia, Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, tornando-se um símbolo da cultura pop asiática.
Em 2025, três grandes redes do setor estrearam na Bolsa de Valores de Hong Kong: Guming, Michué e Ontigen, levantando centenas de milhões de dólares. A Michué já ultrapassou 46 mil lojas globalmente, superando redes tradicionais como Starbucks, McDonald’s e Subway em número de unidades. A expansão foi possível graças a um modelo de franquias altamente escalável, com estrutura de fornecimento centralizada e foco em redução de custos operacionais.
Um copo de bubble tea custa, em média, US$ 5 (cerca de R$ 27,35, na cotação atual), mas a margem líquida de lucro gira em torno de 20%. Isso significa que os operadores lucram cerca de US$ 1 (R$ 5,47) por unidade vendida — o que exige volume elevado para manter a viabilidade financeira.
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Além disso, os franqueados enfrentam desafios como aluguel elevado, competição intensa e a presença de lojas da mesma marca a poucos metros de distância, o que tem aumentado a taxa de fechamento de unidades em algumas regiões.
As principais redes adotam diferentes posicionamentos de mercado. A Michué foca em preços mais baixos e rápido crescimento por meio de franquias, enquanto a Ontigen atua com tíquete médio mais alto e expansão regionalizada. Já a Guming busca ocupar uma faixa intermediária, mirando grandes centros urbanos.
Em comum, todas apostam em controle rígido da cadeia de suprimentos, com fabricação própria de ingredientes e sistemas logísticos integrados, o que reduz dependência externa e permite maior controle de qualidade e custos.
A competição direta com redes de café também tem se intensificado. Em algumas regiões da China, por exemplo, a linha entre cafeterias e casas de bubble tea é cada vez mais tênue, já que marcas como Michué passaram a oferecer também bebidas à base de café para atrair um público mais amplo.
Apesar do crescimento contínuo, o setor enfrenta uma fase de consolidação. A saturação de mercado em algumas áreas, a queda nas margens e a alta taxa de rotatividade entre franqueados colocam em xeque a sustentabilidade do modelo atual. A expectativa, segundo analistas, é que apenas as marcas com maior capacidade logística, diferenciação de produto e controle de custos consigam manter o ritmo de expansão e se firmar globalmente.
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