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Startups

Investimento desigual: especialista explica como vieses inconscientes afetam startups lideradas por mulheres

Publicado 06/09/2025 • 12:40 | Atualizado há 6 horas

KEY POINTS

  • Apenas 2,3% do capital global de venture capital em 2024 foi destinado a startups fundadas exclusivamente por mulheres.
  • Investidores fazem mais perguntas “preventivas” a fundadoras, reduzindo as chances de captação de recursos.
  • Falta de rede de apoio, educação financeira e programas de mentoria ainda são barreiras para empreendedoras.

A desigualdade de gênero no mundo dos investimentos e startups vai além do número reduzido de mulheres fundadoras. Um estudo da PhD Dana Kanze mostrou que até mesmo o tipo de perguntas que são feitas por investidores influenciam o destino do capital.

De acordo com a pesquisa, 67% das perguntas direcionadas aos empreendedores homens têm foco em promoção — conquistas e crescimento. Já 66% das perguntas feitas às mulheres seguem uma lógica preventiva, com ênfase em riscos e contenção.

Dados de 2024 mostram que, dos US$ 289 bilhões investidos em venture capital global, somente US$ 6,7 bilhões foram destinados a equipes fundadas exclusivamente por mulheres. No Brasil, levantamento da Abstartups indica que apenas 19,7% dos fundadores de startups são mulheres.

Itali Collini, economista, investidora-anjo e liderança da Potencia Ventures no Brasil, afirmou ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC que esse viés inconsciente é um entrave para o desenvolvimento do ecossistema: “Se enquanto investidores não admitirmos que temos um ‘defeito de fábrica’ na forma como avaliamos fundadoras, não faremos parte da solução”.

Além disso, a presença feminina ainda é baixa em cargos executivos. Estudo da Bain & Company aponta que, entre 2019 e 2024, a proporção de mulheres CEOs subiu de 3% para 6%. Já a participação em posições de liderança executiva alcançou 34% e em conselhos, 10%.

Segundo Collini, os entraves vão desde a falta de rede de apoio até a escassez de acesso a capital, educação financeira e informações estratégicas. “Mulheres ainda sofrem com a falta de networking e de incentivos, o que limita a validação e a escala de suas soluções”, afirma.

Impactos no ecossistema

A desigualdade de gênero não prejudica apenas as empreendedoras. Collini apontou que a concentração de capital em startups lideradas por homens reduz a diversidade, algo que afeta a competitividade do setor e limita a criação de soluções mais abrangentes. Além disso, explica, esse movimento distorce a distribuição de renda, já que concentra recursos em negócios masculinos e deixa de impulsionar empreendimentos que poderiam gerar impacto em outros segmentos da sociedade.

Para reduzir essa disparidade, fundos de investimento têm criado programas específicos. No Brasil, iniciativas como o Potencia Up, da Potencia Ventures, e a mentoria da Astella para empreendedoras são exemplos. Também atuam aceleradoras como B2mamy, Sebrae Delas e programas como Mulheres Inovadoras da Finep.

Na América Latina, fundos como Amplifica, EWA, Sororité e We Ventures trabalham com a tese de gênero. “É preciso que os investidores entendam as diferentes barreiras que fundadoras enfrentam e aumentem a representatividade feminina em seus portfólios”, reforçou a investidora.

Preparação para rodadas

Para mulheres que buscam capital, Collini recomenda uma preparação que vá além do pitch. Estudar o perfil dos fundos e verificar se já possuem investidas lideradas por mulheres é um primeiro passo para aumentar as chances de aderência. Ela também destacou a importância de selecionar mentores que compreendam os desafios específicos de gênero e de se conectar com outras empreendedoras que já passaram pelo processo de captação.

Pesquisas reforçam a lacuna nesse campo: 63% das mulheres nunca tiveram um mentor formal, apesar de 67% reconhecerem a mentoria como essencial para o desenvolvimento de carreira. Na visão da investidora, essa ausência de suporte é um dos fatores que dificultam a jornada de fundadoras em busca de recursos.

“O contato com outras mulheres investidoras e empreendedoras pode reduzir essa assimetria de informação e abrir portas para oportunidades que muitas vezes não estão visíveis no ecossistema”, afirmou.

Perspectivas

Apesar dos desafios, ela acredita em avanços. O crescimento no número de investidoras e a maior conscientização sobre diversidade podem criar um ambiente mais favorável para as próximas rodadas de captação. Segundo ela, a presença feminina em posições de decisão ajuda a ampliar o olhar sobre teses de investimento e reduz a repetição de vieses inconscientes.

“Conforme alocarmos mais capital e acompanhamento pós-investimento, vamos desbloquear o talento de muitas empreendedoras. Isso beneficiará não só as startups fundadas por mulheres, mas também os retornos do próprio setor de venture capital”, afirma. Para a investidora, a equação é diversidade de gênero é um vetor de competitividade, capaz de gerar portfólios mais equilibrados e lucrativos.

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