O primeiro trem de alta velocidade do Brasil, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, pode começar a operar em 2032. A informação foi dada pelo CEO da TAV Brasil, Bernardo Figueiredo, que revelou detalhes do projeto em entrevista recente. O traçado de 417 quilômetros exigirá um investimento estimado em R$ 60 bilhões.
A proposta ganhou força após a aprovação do Marco Legal das Ferrovias, em 2021, que passou a permitir a construção de trens de alta velocidade no país. Em 2023, o governo federal firmou um acordo com a TAV Brasil, concedendo à empresa a responsabilidade pela construção e operação do trem-bala por um período de 99 anos.
Segundo Figueiredo, em entrevista à Exame, o percurso completo entre São Paulo e Rio levará 1h45min, com o trem alcançando velocidades de até 320 km/h. A passagem entre os dois extremos deve custar cerca de R$ 500, enquanto os bilhetes para as cidades intermediárias terão valor estimado em R$ 250, por trecho.
O plano prevê a construção de quatro estações ao longo do trajeto:
- São Paulo
- São José dos Campos (SP)
- Volta Redonda (RJ)
- Rio de Janeiro
De acordo com projeções da empresa, o trem-bala poderá adicionar até R$ 168 bilhões ao PIB nacional e gerar R$ 36 bilhões em arrecadação tributária até 2055, além da criação de 130 mil empregos.
A legislação brasileira permite a desapropriação de terrenos próximos às estações para expansão da malha ferroviária, com possibilidade de construção de hotéis, centros comerciais e outros empreendimentos. A TAV também avalia a compra de terrenos privados para esse mesmo fim.
O projeto está atualmente na fase final do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), necessário para obter as licenças obrigatórias que permitirão o início das obras.
Figueiredo também confirmou que estão em andamento conversas com investidores internacionais — especialmente da China, da Espanha e de fundos árabes — para viabilizar os recursos necessários à execução do projeto.
O Japão foi o pioneiro mundial no uso de trens de alta velocidade, com a linha entre Tóquio e Osaka inaugurada em 1964. A China começou sua rede em 2008 e, desde então, já construiu 40 mil quilômetros — dois terços de toda a malha existente no mundo.
O pedido formal de autorização para a obra já foi protocolado junto ao Ministério dos Transportes, que está analisando a solicitação. A expectativa é que os estudos técnicos sejam concluídos até o final de 2026, permitindo o início da construção.
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