CNBC

CNBCMonetizadores versus fabricantes: como o mercado de IA pode se fragmentar em 2026

Cinema & TV

Como séries bilionárias passaram a ditar preços, apostas e estratégias dos streamings

Publicado 26/12/2025 • 20:37 | Atualizado há 4 horas

KEY POINTS

  • Em 2025, plataformas de streaming como Netflix, Apple TV, Amazon Prime Video, Disney+ e Max concentraram bilhões de dólares em poucas séries autorais.
  • O setor entrou em uma fase caracterizada por crescimento mais lento, competição intensa e pressão crescente por rentabilidade. 
  • O resultado foi um aumento expressivo nos orçamentos por série e uma nova lógica de retorno sobre investimento, menos imediata e mais estratégica.

Montagem/Divulgação

Em 2025, plataformas de streaming como Netflix, Apple TV, Amazon Prime Video, Disney+ e Max concentraram bilhões de dólares em poucas séries autorais, transformando lançamentos culturais em ativos estratégicos de negócios. Em um ano de crescimento mais lento de assinantes, essas produções de alto impacto passaram a ditar preços, retenção de usuários e estratégias financeiras das empresas.

O ano de 2025 marcou uma mudança no mercado global de streaming. Após mais de uma década de expansão acelerada, o setor entrou em uma fase caracterizada por crescimento mais lento, competição intensa e pressão crescente por rentabilidade

Nesse cenário, séries autorais deixaram de ser apenas produtos culturais e passaram a ocupar o centro das decisões financeiras das plataformas.

Em vez de grandes volumes de lançamentos, os serviços passaram a apostar em poucas produções de altíssimo impacto, capazes de gerar eventos globais, atrair atenção midiática e sustentar a percepção de valor das assinaturas. 

O resultado foi um aumento expressivo nos orçamentos por série e uma nova lógica de retorno sobre investimento, menos imediata e mais estratégica.

Netflix: quando o tamanho vira vantagem financeira

Se existe uma plataforma capaz de transformar gastos extravagantes em estratégia racional, ela é a Netflix. Em 2025, a empresa fechou o ano com mais de 300 milhões de assinantes globais, um volume que nenhum concorrente conseguiu igualar (Netflix Investor Relations). É justamente essa escala que permite à companhia jogar um jogo diferente, e mais agressivo, quando o assunto é série autoral.

O melhor exemplo é Stranger Things. Na quinta temporada, a produção entrou para o seleto grupo das séries mais caras da história da televisão, com custos estimados entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões por episódio.

Em termos tradicionais, trata-se de um investimento difícil de justificar apenas pela aquisição de novos usuários. Mas, para a Netflix, a conta não fecha episódio por episódio, ela fecha no ecossistema. 

A série funciona como um ativo de retenção em massa, mantendo usuários engajados por mais tempo e reduzindo cancelamentos em mercados maduros, onde conquistar novos assinantes se tornou mais caro.

Além disso, Stranger Things desempenha um papel central na valorização dos planos com publicidade, que passaram a representar uma fatia crescente da receita da empresa. Executivos da empresa já afirmaram que conteúdos “evento” são fundamentais para sustentar audiência consistente no modelo com anúncios (Netflix Earnings Call) (Wall Street Journal).

Na prática, o serviço de streaming dilui um dos maiores custos da indústria em sua base global, transformando um risco financeiro extremo em uma vantagem competitiva estrutural. Para plataformas menores, um projeto desse porte seria uma aposta existencial.

Para a Netflix, é o resultado direto de um modelo desenhado para operar em escala industrial – onde tamanho, engajamento e tempo de consumo valem tanto quanto novas assinaturas.

Apple TV: prejuízo bilionário como estratégia para construir valor de marca

Se a Netflix aposta na escala, a Apple aposta em algo mais raro no streaming: prestígio editorial. O Apple TV segue operando no vermelho, com perdas anuais estimadas em cerca de US$ 1 bilhão, mas, ao contrário do que o número sugere, esse prejuízo é tratado internamente como um investimento estratégico (Bloomberg).

Em 2025, a empresa não apenas manteve como intensificou seus aportes em séries autorais, apostando em poucos projetos de alto nível criativo e orçamentos robustos. O principal símbolo dessa estratégia foi Pluribus, criada por Vince Gilligan, o mesmo nome por trás de Breaking Bad e Better Call Saul. 

A série foi anunciada pela própria Apple como a mais assistida da história da plataforma, um marco significativo para um serviço com base de assinantes muito menor do que a de seus concorrentes diretos.

Ao lado de Pluribus, Severance consolidou o posicionamento editorial da marca. A segunda temporada da série teve um custo estimado em US$ 200 milhões, reforçando o padrão cinematográfico da plataforma e sua busca por narrativas sofisticadas e alto reconhecimento crítico (Forbes).

O contraste com outras plataformas é evidente. Enquanto concorrentes lançam dezenas de títulos por mês, a Apple trabalha com um catálogo enxuto, mas altamente curado. 

Analistas do setor frequentemente apontam que o streaming opera com uma taxa de acerto percebida superior à média da indústria, resultado de um catálogo mais enxuto e curado. No Rotten Tomatoes, a empresa tem média de aprovação acima de 85% em muitas de suas séries originais, enquanto que a líder do mercado, conta com muitos títulos abaixo de 60%.

Essa escolha, porém, tem custo em audiência. Estimativas indicam que a plataforma gera menos visualizações em um mês do que a Netflix em um único dia, evidenciando a diferença brutal de escala entre os serviços. Nos Estados Unidos, o Apple TV+ responde por apenas 0,2% da audiência televisiva total (Bloomberg)

Leia mais:
Por que a Warner Bros. considera a Netflix mais estratégica que a Paramount para uma fusão
Disney cruza US$ 6 bilhões – e faz isso quando ninguém mais em Hollywood consegue

Amazon Prime Video: conteúdo como alavanca de um ecossistema trilionário

Entre os grandes serviços de streaming, a Amazon opera sob a lógica mais ampla, a mais difícil de comparar. 

Diferentemente de Netflix ou Apple, o Prime Video não existe para se pagar sozinho. Ele faz parte de um pacote que inclui e-commerce, logística, música, jogos e serviços digitais, o que muda completamente a forma como o retorno sobre investimento é calculado (Amazon Annual Report).

Nesse contexto, séries autorais funcionam como um sistema de fidelização, e não apenas como produtos de entretenimento. 

Em 2025, a grande aposta da empresa foi Fallout, série baseada em uma das franquias de games mais conhecidas da indústria, com quatro jogos principais e diversos spin-offs lançados ao longo dos anos. A primeira temporada recebeu um investimento estimado em US$ 150 milhões, posicionando a produção entre as mais caras do ano (Variety).

Para a Amazon, o verdadeiro retorno não está apenas na permanência do usuário no streaming, mas no aumento do consumo dentro de todo o ecossistema: mais compras no marketplace, maior adesão a serviços complementares e maior valor vitalício do cliente. Isso torna o cálculo de ROI menos direto, porém potencialmente mais poderoso no longo prazo.

Disney+ e Max: franquias para defender base e valor

Em 2025, Disney+ e Max adotaram estratégias parecidas: usar franquias consolidadas para proteger assinantes, em vez de buscar crescimento acelerado. No Disney+, o principal ativo autoral foi a 2ª temporada de Percy Jackson e os Olimpianos, série baseada na saga literária com mais de 100 milhões de livros vendidos globalmente . 

A produção seguiu como um dos títulos mais relevantes da plataforma para o público jovem e familiar, segmento crucial para reduzir perda de assinaturas e sustentar o valor da assinatura.

Já a Max apostou na 2ª temporada de The Last of Us, uma das séries mais valiosas da televisão atual. A produção manteve um custo estimado em cerca de US$ 20 milhões por episódio e seguiu entre os conteúdos mais assistidos da plataforma em 2025. Baseada em uma franquia de games com mais de 37 milhões de cópias vendidas, a série funcionou como âncora de retenção em mercados estratégicos (Bloomberg).

A diferença entre as duas abordagens está no foco. Enquanto a Disney usa Percy Jackson para ampliar a vida útil da assinatura dentro das famílias, a Max utiliza The Last of Us para sustentar percepção premium e justificar preços mais altos

Em ambos os casos, franquias fortes operam como mecanismos defensivos, protegendo receita e relevância em um mercado de streaming cada vez mais seletivo.

Tabela comparativa dos principais serviços de streaming

PlataformaSérie autoral (2025)Orçamento estimadoBase de assinantesPlanos mais baratos no Brasil (2025)
NetflixStranger Things (S5)US$ 50–60 milhões por episódio+300 milhõesR$ 18,90 Com anúncio
Apple TVSeveranceUS$ 200 milhões
(2ª temporada)
45–60 milhões (estim.)R$ 29,90 Sem anúncio
Amazon Prime VideoFalloutUS$ 150 milhões (1ª temporada)+200 milhões (Prime)R$ 19,90 Com anúncio
MaxThe Last of UsUS$ 20 milhões por episódio~125 milhõesR$ 22,90 Com anúncio
Disney+Percy Jackson e os OlimpianosDezenas de milhões por episódio (estim.)~150 milhõesR$ 27,99 Com anúncio

Analisando os preços das assinaturas no Brasil, cada plataforma adota sua própria lógica de custo-benefício. A Netflix oferece planos com anúncios a partir de R$ 18,90, enquanto Apple TV cobra R$ 29,90 sem anúncios. O Amazon Prime Video tem planos a partir de R$ 19,90, Disney+ começa em R$ 27,99, e Max inicia nos R$ 22,90. Mais do que o valor isolado, o custo-benefício se reflete na forma como cada serviço utiliza a assinatura para engajar e reter os usuários.

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:


🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no

MAIS EM Cinema & TV

;