Esqueça os Millennials ou Geração Z: são os 50+ que impulsionam oportunidades de investimentos; entenda

A crescente riqueza e o aumento do poder de compra dos maiores de 50 anos devem acelerar uma série de oportunidades de investimento em diversos setores no Reino Unido, segundo investidores. Especialistas do mercado afirmam que essa faixa etária — apelidada de “Libra Cinza” ou “Gastadores Prateados” — está obtendo maior controle sobre seus ativos.

Com maior riqueza e mais renda disponível, uma parcela maior desse grupo demográfico é cada vez mais vista como a nova “rica ociosa”. Dan Coatsworth, chefe de mercados da AJ Bell, disse que os maiores de 50 anos são um grupo demográfico cada vez mais influente no setor de consumo.

“Aqueles que ainda estão trabalhando podem estar bem avançados em suas carreiras, ter quitado seus financiamentos imobiliários e ter bastante dinheiro disponível. Eles podem ter trabalhado duro por décadas e sentir que merecem gastar”, disse Coatsworth à CNBC. “Aqueles que estão aposentados podem pertencer à geração que recebeu generosos planos de previdência com benefícios definidos e acumular uma boa quantia para financiar um estilo de vida extravagante”, acrescentou.

Coatsworth disse que o grupo quer proteger o máximo possível de seu patrimônio da tributação, o que significa buscar aconselhamento sobre impostos, investimentos e planejamento financeiro em geral.

Ativos de capitalização

Alyx Wood, cofundador e diretor de investimentos da Kernow Asset Management, disse que havia um claro subconjunto de vencedores e perdedores dentro desse grupo. O dia a dia para “muitos” deles ainda é “bastante difícil e normal”, mas há outros que estão “acertando em cheio em termos de multiplicação de seus ativos”, disse ele.

Este último segmento mais rico está desenvolvendo um apetite por bens de luxo “que nunca tiveram antes”, bem como por serviços de gestão de patrimônio e seguros “de alta qualidade”. Esses clientes estão cada vez mais buscando “conteúdo, história, envolvimento, um propósito” que vá além dos retornos passivos tradicionais, acrescentou Wood.

Ele destacou nomes como o grupo de seguros Hiscox e a gestora de patrimônio privada Evelyn Partners como potenciais vencedores, à medida que os consumidores mais velhos se voltam para certos produtos premium de gestão de patrimônio e seguros. “Os bancos estão tentando voltar a investir no setor de gestão de patrimônio”, disse Wood, apontando para o interesse relatado na Evelyn Partners por parte do NatWest Group e do Barclays, enquanto as empresas de private equity Permira e Warburg Pincus buscam se desfazer de seus investimentos. “Espero que vejamos algumas dessas aquisições.”

Wood, um investidor que adota uma estratégia contrária à tendência e cujo fundo de hedge é especializado em ações do Reino Unido,No mês passado, durante a conferência anual de investimentos da Sohn London, Wood delineou uma posição importante na Saga plc, que, segundo ele, também era em parte uma aposta na força da “libra prateada”.

Ele afirmou que as pessoas que estão vivendo seus “anos Saga”, uma referência à marca de viagens e seguros focada no público acima de 50 anos, representarão cerca de 60% de todos os gastos do consumidor no Reino Unido até 2030. A Saga — que representa cerca de 10% do portfólio de Kernow — é uma empresa “materialmente subvalorizada”, cujo preço das ações pode subir mais de 400% nos próximos anos, acrescentou Wood.

A lista continua

Wood disse que a Pets At Home, varejista especializada em alimentos, brinquedos e acessórios para animais de estimação listada na Bolsa de Valores de Londres, é outro nome que enfrenta pressões de curto prazo, mas que pode acabar se beneficiando da tendência, à medida que os consumidores mais velhos compram mais para seus animais de estimação e gastam menos com seus filhos.

“Experiências e bens materiais estarão no topo da lista de prioridades de gastos — como férias, bons jantares, carros de luxo, reformas residenciais, produtos de beleza e bem-estar”, disse Coatsworth sobre esse grupo. “A lista é extensa.”

Coatsworth também afirmou que o setor de saúde provavelmente se beneficiará, já que o envelhecimento da população implicará em uma demanda crescente por medicamentos e tratamentos. “Casas de repouso particulares, condomínios para idosos e investidores imobiliários com clínicas e hospitais como inquilinos estão entre os beneficiados por essa tendência”, disse Coatsworth à CNBC por e-mail.

Cauê Rigamonti

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