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Acordo de Trump com Nvidia e AMD é visto como “inusitado” por especialistas; o que isso significa para o mundo?
Publicado 11/08/2025 • 13:32 | Atualizado há 3 horas
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Nvidia e AMD pagarão 15% da receita de vendas de chips da China ao governo dos EUA
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Publicado 11/08/2025 • 13:32 | Atualizado há 3 horas
KEY POINTS
Restrições de exportações de chips para a China foram suspensas pelos EUA
Alexandre Debiève/Unsplash
A Nvidia e AMD (Advanced Micro Devices), empresas fabricantes de chips, concordaram em repassar 15% da receita das vendas de chips para a China ao governo dos EUA. Em troca dos 15% da receita, as duas empresas de semicondutores vão receber licenças de exportação para vender os chips H20, da Nvidia, e MI308, da AMD, na China.
O movimento gerou discussões sobre o possível impacto nos negócios das gigantes de chips e se Washington pode buscar acordos parecidos com outras empresas. Os chips estão no centro da batalha entre EUA e China para dominar as indústrias do futuro, como Inteligência Artificial (IA) e automação.
“Seguimos as regras estabelecidas pelo governo dos EUA para nossa atuação nos mercados globais. Embora não tenhamos enviado o H20 para a China há alguns meses, esperamos que as regras de controle de exportação permitam que os EUA possam competir tanto na China como no mundo todo”, afirmou a Nvidia em nota à NBC News. “Os EUA não podem repetir o erro do 5G e perder a liderança em telecomunicações. Nossa tecnologia de IA pode virar padrão global se corrermos atrás.”
Analistas veem o acordo do presidente Donald Trump como “inusitado”, mas que reflete o estilo negociador de Trump. Para investidores, a medida é recebida de forma positiva pelas duas empresas, que garantem novamente o acesso ao mercado chinês.
“Foi uma decisão boa, ainda que meio estranha, e tem a cara do presidente Trump, que sempre gosta de negociar. Ele cede, mas só se receber algo em troca, e isso certamente cria um precedente diferente”, afirmou Ben Barringer, analista global de tecnologia da Quilter Cheviot, à CNBC.
Neil Shah, sócio da Counterpoint Research, disse que a taxa sobre a receita funciona como uma “tarifa indireta na origem”. O CEO do Futurum Group, Daniel Newman, também postou no X, no domingo (10), que a medida é “uma espécie de ‘imposto’ para fazer negócios na China”.
Mas é pouco provável que acordos desse tipo sejam feitos com outras empresas. “Não acredito que isso vá se estender para outros setores tão importantes para a economia dos EUA, como software ou serviços”, comentou Nick Patience, líder de IA no Futurum Group, à CNBC.
Os EUA veem os semicondutores como uma tecnologia estratégica, já que estão presentes em inteligência artificial, eletrônicos de consumo e até aplicações militares. Por isso, o país colocou os chips sob controles de exportação mais rígidos do que qualquer outro produto.
“O setor de semicondutores é muito particular e essa tática de ‘pague para jogar’ pode funcionar para Nvidia e AMD porque tudo gira em torno de conseguir a aprovação do governo estadunidense”, afirmou disse George Chen, sócio e co-presidente da área digital do The Asia Group, à CNBC. “Negócios como Apple e Meta são mais complicados, já que o modelo de atuação e os serviços para a China são diferentes.”
O chip H20 da Nvidia foi criado especificamente para atender às exigências de exportação para a China. Ele estava proibido por restrições, mas no mês passado a empresa informou que esperava obter licença para enviar o produto ao país. Também em julho, a AMD anunciou que voltaria a exportar seus chips MI308.
Na época, não houve menção que a retomada das vendas à China teria condições ou exigiria abrir mão de parte da receita. O anúncio foi comemorado pelo mercado, já que bilhões de dólares (bilhões de reais) em vendas voltavam a ser possíveis.
Na segunda-feira (11), as ações da Nvidia e da AMD caíram só um pouco no pré-mercado, indicando que os investidores não veem o novo acordo como algo negativo para as empresas.
“Do ponto de vista do investidor, ainda é positivo: 85% da receita é bem melhor do que nada”, declarou Ben Barringer.
“A dúvida é se Nvidia e AMD vão reajustar os preços em 15% para compensar a taxa. Mas, no fim das contas, é melhor poder vender para o mercado do que entregar tudo nas mãos da Huawei.” A Huawei é a principal concorrente chinesa da Nvidia e da AMD.
Apesar disso, ainda existe incerteza para as duas empresas estadunidenses no longo prazo. “No curto prazo, o acordo traz mais previsibilidade para as exportações à China. Mas no futuro, não sabemos se o governo dos EUA vai querer aumentar ainda mais a fatia sobre os negócios das empresas no país, especialmente se as vendas continuarem crescendo”, argumenta Chen, do The Asia Group.
Os semicondutores viraram um tema sensível na geopolítica mundial. Nas últimas duas semanas, a China levantou preocupações sobre a segurança dos chips da Nvidia.
No fim do mês passado, reguladores chineses pediram que a Nvidia esclarecesse notícias sobre possíveis falhas de segurança e “portas dos fundos” nos chips. A Nvidia negou que seus chips tenham qualquer “porta dos fundos” que permita acesso ou controle externo. No domingo (10), a empresa voltou a negar que os chips H20 tenham brechas, após acusações feitas por um perfil ligado à mídia estatal chinesa.
O jornal estatal chinês Global Times criticou a postura de Washington.
“Essa estratégia mostra que o governo dos EUA deixou de lado o argumento de segurança e agora pressiona as fabricantes de chips americanas a buscar licenças de exportação para a China pela via econômica”, diz o artigo do Global Times.
Até agora, o governo chinês não comentou o acordo sobre o repasse de receitas.
O acordo de Trump com Nvidia e AMD deve gerar sentimentos mistos na China. Por um lado, o país deve ficar descontente com a negociação. Por outro, as empresas chinesas provavelmente vão tentar garantir acesso a esses chips para continuar avançando em inteligência artificial.
“Para a China, é um dilema: precisam desses chips para avançar em IA, mas a taxa cobrada pelo governo dos EUA encarece o produto e ainda existe a desconfiança de possíveis ‘portas dos fundos’, já que os EUA permitiram o fornecimento via exportação”, comentou Shah, da Counterpoint Research.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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