Nesta terça-feira (20), o banco central da Austrália cortou sua taxa básica de juros em 25 pontos-base, para o menor nível em dois anos, à medida que as preocupações com a inflação no país continuam diminuindo, dando espaço para o banco flexibilizar a política monetária.
O Reserve Bank of Australia cortou a taxa básica de juros para 3,85%, seu menor nível desde maio de 2023, em linha com as expectativas de economistas consultados pela Reuters.
Embora o RBA tenha dito que os riscos de alta para a inflação diminuíram “substancialmente”, a incerteza sobre a política comercial global provavelmente continuará a pesar sobre a economia.
“A inflação geral deve aumentar ao longo do segundo semestre de 2025, à medida que os subsídios temporários do governo às famílias forem suspensos, antes de retornar ao ponto médio da meta mais tarde no período previsto”, disse o banco central em sua declaração de política monetária.
A inflação na Austrália está em tendência de queda, com o número mais recente de inflação atingindo a menor taxa em quatro anos, de 2,4%, no primeiro trimestre de 2025. A meta de inflação do RBA está entre 2% e 3%.
No entanto, o banco central alertou que o consumo das famílias pode se recuperar em um ritmo mais lento do que o esperado anteriormente, resultando em um crescimento contido na demanda geral e uma deterioração mais acentuada no mercado de trabalho.
“Há uma boa chance de que [o RBA] corte as taxas ainda mais do que estamos prevendo [neste] ciclo”, disse Abhijit Surya, economista sênior da APAC na Capital Economics, em nota.
Surya, no entanto, acredita que o banco superestimou a extensão em que sua economia será prejudicada pelas tensões comerciais generalizadas.
A economia australiana passou por uma espécie de recuperação, com a leitura mais recente do PIB mostrando uma expansão anual de 1,3% no quarto trimestre, marcando sua primeira expansão desde setembro de 2023.
No entanto, analistas, antes da reunião do RBA, destacaram riscos negativos para a economia australiana devido às tensões comerciais globais e à incerteza em torno da economia doméstica.
Em nota de 16 de maio, analistas do HSBC observaram que “a economia global e os mercados financeiros têm passado por momentos tumultuados” desde a última reunião do RBA em 1º de abril, incluindo a imposição — e subsequente suspensão — das tarifas do “Dia da Libertação” do presidente dos EUA, Donald Trump.
Os analistas previram um “moderado impacto negativo no crescimento” do país e disseram que os choques de mercado provavelmente são ligeiramente desinflacionários para a Austrália.
Isso se deve ao crescimento global mais fraco esperado e ao desvio de comércio de produtos manufaturados da China para mercados fora dos EUA, incluindo a Austrália.
Carl Ang, analista de pesquisa de renda fixa da MFS Investment Management, também observou em uma nota de 15 de maio que os riscos de queda e a incerteza em torno das perspectivas econômicas da Austrália aumentaram substancialmente, devido ao “Dia da Libertação” e às políticas comerciais globais.
Isso provavelmente provocará uma “mudança tangivelmente moderada do RBA”, disse ele, prevendo que o banco central atingirá uma taxa terminal de 3,1% no início de 2026.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC
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