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Boletim informativo Inside India da CNBC: O que aflige a manufatura do país?

Publicado 27/03/2025 • 16:59 | Atualizado há 3 dias

CNBC

Redação CNBC

KEY POINTS

  • Em 2020, o governo indiano lançou um esquema de incentivo à produção (PLI, na sigla em inglês) para estimular empresas locais e estrangeiras a estabelecer e expandir suas operações no país.
  • Com um investimento de 1,97 trilhão de rupias (23 bilhões de dólares), o esquema PLI se concentrou em 14 setores.
  • A participação da manufatura no produto interno bruto caiu para 14% no ano fiscal de 2024-25, de mais de 15% quando o esquema foi lançado.

Pixabay.

A Índia possui há muito tempo o objetivo de se tornar uma potência na produção industrial. No entanto, uma iniciativa importante lançada pelo governo indiano há cinco anos para alcançar essa meta tem falhado em atingir resultados significativos. O programa de incentivos ligados à produção, lançado em 2020, foi criado para atrair empresas locais e estrangeiras a estabelecer e expandir suas operações no país.

O plano foi iniciado como um piloto sob a iniciativa “Make in India”, que busca tornar o país um hub de manufatura. Com um investimento de 1,97 trilhões de rúpias indianas (aproximadamente US$ 23 bilhões), o programa de incentivos focou em 14 setores, incluindo aeroespacial, automotivo, eletrônicos, farmacêutico e têxtil. O programa, juntamente com outras reformas, visava aumentar a participação da manufatura no Produto Interno Bruto (PIB) da Índia para 25% até 2025.

Entretanto, os resultados ficaram aquém das expectativas. A participação da manufatura no PIB caiu para 14% no ano fiscal encerrado em março de 2025, em comparação com mais de 15% quando o programa foi lançado. O programa também tinha como meta gerar uma produção de 15,52 trilhões de rúpias indianas, mas até novembro de 2024, esse número ficou em cerca de 14 trilhões de rúpias.

O governo indiano, diante dos resultados insatisfatórios, pode não renovar o programa. De acordo com a Reuters, várias empresas não conseguiram iniciar a produção, enquanto outras que cumpriram as metas de produção enfrentaram atrasos no pagamento dos subsídios.

Em resposta ao relatório, o Ministério do Comércio e Indústria da Índia não abordou diretamente o status do programa, mas destacou a eficácia da iniciativa, afirmando que “incentivou a manufatura doméstica, resultando no aumento da produção, criação de empregos e crescimento nas exportações”.

Até agora, 764 empresas, incluindo o fornecedor da Apple Foxconn, o conglomerado indiano Reliance Industries e a gigante automotiva Mahindra & Mahindra, se inscreveram no programa, com investimentos que totalizam 1,61 trilhões de rúpias indianas até novembro de 2024.

Desafios Estruturais

Enquanto o futuro do programa de incentivos da Índia permanece incerto, especialistas apontam que os desafios enfrentados pelo país para alcançar suas ambições de produção vão além da falha do programa de incentivos ou da iniciativa “Make in India”.

Dhiraj Nim, estrategista de câmbio e economista do ANZ Bank, observa que as dificuldades da Índia no setor de manufatura são estruturais e remontam a políticas que protegeram a manufatura interna, tornando-a menos competitiva em relação a outros hubs globais. “Nunca houve uma expectativa de que o programa de incentivos funcionaria em todos os 14 setores. Ele teve sucesso em algumas áreas específicas, mas a manufatura na Índia tem sido limitada por muito tempo. Isso remonta às políticas que tornaram a produção doméstica menos competitiva”, afirmou Nim.

Entre as lacunas nas políticas, estão as cargas regulatórias, leis trabalhistas inflexíveis e dificuldades para fazer negócios, o que, segundo Nim, pode estar “freando a manufatura”.

A Índia também tem sido uma economia voltada para os serviços, com foco em tecnologia e operações de comando global, criando uma força de trabalho menos preparada para a manufatura. O país enfrenta uma lacuna de habilidades em setores como a produção têxtil, o que tem afetado sua produtividade e produção, enquanto outros mercados emergentes, como Bangladesh, Filipinas, Vietnã, Marrocos e México, têm apresentado melhor desempenho, segundo Nim.

Esses países também possuem mão de obra mais barata e uma vantagem de preços, dado que a “rúpia indiana não tem sido competitiva em relação a outras moedas por 15-20 anos”, acrescentou.

Oportunidades para o futuro

Apesar dos desafios, a Índia tem uma vantagem significativa: uma população jovem e urbana com rendas crescentes, o que permite o acesso a produtos de qualidade. Isso tem atraído empresas globais que buscam acessar esse mercado consumidor, incentivando uma presença no país.

Anupam Singhal, chefe global de manufatura da Tata Group, afirmou: “Toda grande fabricante já tem ou está considerando ter uma fábrica na Índia. A Índia é considerada a nação mais jovem, e muitos jovens têm aspirações de consumir. Então, para qualquer empresa ser competitiva, ela precisa estar na Índia.”

Além disso, a crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e países como China, México e Canadá tem feito da Índia uma “localização estratégica” para a fabricação e exportação, como observou Samir Kapadia, CEO da India Index. Ele explicou que com tarifas cada vez mais severas sobre as exportações da China para os EUA, “ninguém pode fazer negócios lá com esses números”.

O caminho à frente

No entanto, os planos de tarifas retaliatórias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem afetar a competitividade da Índia como destino de manufatura. Relatórios indicam que a Índia está considerando cortar tarifas sobre 55% das importações dos EUA para proteger suas exportações, com tarifas que atualmente variam entre 5% e 30%.

Enquanto o impacto direto das tarifas dos EUA sobre as exportações da Índia será gerenciável, conforme apontado por Nim, ele alerta que essas tarifas podem aumentar o custo de produção e tornar mais difícil para as empresas manterem uma grande força de trabalho.

O Ministro do Comércio e Indústria da Índia, Piyush Goyal, espera que as exportações totais, incluindo serviços, atinjam US$ 2 trilhões até 2030, a partir dos US$ 778,21 bilhões do ano fiscal de 2023-2024. Para isso, a Índia planeja reduzir impostos sobre exportações e firmar mais acordos de livre comércio, como com Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.

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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

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