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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

CNBCPreços dos alimentos seguem altos nos EUA — e podem subir ainda mais com novas tarifas

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Brasil não buscará submissão aos EUA em disputa tarifária, afirma Celso Amorim

Publicado 12/08/2025 • 13:46 | Atualizado há 19 horas

Estadão Conteúdo

KEY POINTS

  • Celso Amorim, assessor especial da Presidência, afirmou que o Brasil não deve se “auto-humilhar” para evitar o tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump.
  • Amorim destacou dificuldades para estabelecer contato direto com autoridades decisórias dos EUA e defendeu acionar a OMC, apesar das restrições impostas pelos próprios estadunidenses ao órgão.
  • O diplomata ainda classificou o momento como o desafio mais complexo de sua carreira.
O assessor-chefe especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim.

O assessor-chefe especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim.

© Roque de Sá

Em meio à escalada das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, defendeu uma postura firme do governo brasileiro diante das recentes ameaças tarifárias. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (11), Amorim afirmou que o país não deve adotar uma atitude de submissão frente ao presidente norte-americano Donald Trump.

Segundo ele, não é apropriado o Brasil se “auto-humilhar” para evitar medidas mais duras. “Atitude de auto-humilhação para se evitar o pior não é correta. Não estamos sendo arrogantes. Pelo contrário, buscamos vários contatos”, disse, ressaltando que o Planalto avalia todas as possibilidades diante do cenário atual.

Preparo diante das ameaças e críticas à “mentalidade de dependência”

Amorim demonstrou ceticismo quanto à efetivação da tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros, mas garantiu que o governo está pronto para reagir caso a medida se concretize. “É um absurdo tão grande que me recuso a acreditar. Mas estaremos preparados. O governo tem pensado em tudo que é necessário fazer”, afirmou.

Ele atribuiu a postura dos EUA a exigências “inaceitáveis de propósito”, como forma de justificar o aumento das tensões. Também criticou o que chamou de “mentalidade de dependência” em alguns setores no Brasil. “Muita gente no país tem mentalidade de dependência. Tudo que os americanos criticam ou acham ruim vira motivo de temor. Não podemos nos curvar. Falamos em defesa da integridade territorial, mas também precisamos defender a integridade da dignidade nacional.”

Amorim disse acreditar que a pressão tarifária parte de setores da extrema-direita norte-americana, com influência do estrategista Steve Bannon, cujo objetivo seria desestabilizar o Brasil. “Não atribuiria todo o poder ao (ex-presidente Jair) Bolsonaro. Há o desejo da extrema-direita dos EUA, liderada por Steve Bannon, de desestabilizar o Brasil. Precisamos estar conscientes disso.”

Ele relatou ainda que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem enfrentado dificuldades para estabelecer contato direto com os principais tomadores de decisão nos EUA, apesar de os canais diplomáticos brasileiros permanecerem abertos. “Da nossa parte, os canais não estão fechados. Mas o próprio ministro me disse que não é fácil falar com quem decide de fato nos Estados Unidos.”

Desafios no cenário internacional e papel dos Brics

O diplomata afirmou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) precisa ser testada diante da situação, embora reconheça as limitações do órgão devido a bloqueios norte-americanos na nomeação de juízes. Para ele, este é o momento mais complexo de sua carreira de seis décadas na diplomacia. “O mundo vive uma situação em que duas guerras têm potencial de se tornarem conflitos globais”, disse.

Amorim defendeu que os países do Brics ampliem o uso de moedas locais no comércio bilateral, reduzindo a dependência do dólar. Segundo ele, essa mudança é inevitável, independentemente das preferências de líderes mundiais. “Vai acontecer e é bom que aconteça. A aceitação do dólar como moeda de reserva está ligada ao sistema multilateral, isso não nasceu por acaso.”

O assessor esclareceu que, no diálogo com os Brics, o Brasil não busca uma ação coletiva contra as tarifas, mas sim a troca de experiências e estratégias para fortalecer o multilateralismo. “O Brasil não está necessariamente procurando uma ação em bloco. Trocar ideias e saber como reagir é natural. Um dos objetivos dos Brics é defender o multilateralismo.”

Desde a adoção da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem conversado com líderes do Brics para discutir respostas ao aumento tarifário imposto por Washington. Na quinta-feira (7), falou com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; no sábado (9), com o presidente da Rússia, Vladimir Putin; e, nesta segunda-feira (11), com o presidente da China, Xi Jinping, reiterando a defesa de uma ação conjunta do bloco diante das medidas de Trump.

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