Conflito ou cessar-fogo, a maioria dos mercados permanece inabalável — eis o porquê

As ações globais registraram ganhos moderados na terça-feira (24), enquanto os investidores assimilavam o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de um cronograma de cessar-fogo entre Irã e Israel, bem como sinais crescentes de fadiga em relação às políticas de Trump.

O índice MSCI World, que acompanha mais de mil empresas de grande e média capitalização de 23 mercados desenvolvidos, estava apenas 0,24% mais alto às 13h, horário de Cingapura.

Os futuros dos EUA também subiram ligeiramente. Os futuros vinculados ao índice Dow Jones Industrial Average subiram 0,71%. Os futuros do S&P 500ganhou 0,74%, enquanto os futuros do Nasdaq 100 subiram 0,98%.

Enquanto as ações asiáticas subiam, indicadores mais amplos do sentimento dos investidores permaneceram relativamente moderados, refletindo um mercado que está potencialmente ficando insensível às políticas dos EUA.

“Os mercados estão novamente estagnados por dois motivos. O primeiro é que há elementos do mercado se tornando céticos em relação às mudanças na política de Trump, embora isso já esteja acontecendo há algum tempo”, disse Hugh Dive, diretor de investimentos da Atlas Funds Management.

Dive acrescentou que o segundo motivo seria a resposta iraniana aos ataques dos EUA às suas instalações nucleares, que foi em grande parte contida. Na segunda-feira, um ataque com mísseis do Irã a uma base aérea americana no Catar não deixou vítimas. 

Após as oscilações bruscas das mudanças na política tarifária em abril, cada mudança sucessiva teve menos movimento, destacou Dive. 

“Reverter as alarmantes manchetes sobre tarifas resultou em menos choques subsequentes”, disse ele à CNBC.

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A reversão das alarmantes mudanças nas tarifas resultou em menos choques subsequentes.

Hugh Dive
Diretor de investimentos, Atlas Funds Management

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Desde o início do ano, o padrão de Trump de ameaçar tarifas altas e políticas que abalam os mercados, apenas para aliviá-las ou adiá-las após uma forte liquidação do mercado, provocou uma frase que irritou o presidente: “Trump sempre se acovarda”.

Alguns também viam uma redução da tensão no Oriente Médio como uma possibilidade.

Embora o ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araghchi, tenha refutado as alegações de que Teerã havia concordado com um acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA com Israel, ele sinalizou que seu país estava pronto para interromper as hostilidades.

“Na realidade, acredito que os mercados se concentram muito rapidamente na probabilidade de a geopolítica ter permitido ao Irã refletir sobre qual seria sua resposta. E acredito que a distensão parecia um evento provável”, disse Vis Nayar, diretor de investimentos da Eastspring Investments.

O cessar-fogo relatado é “o resultado mais otimista” que Wall Street poderia esperar, disse Dan Ives, diretor administrativo da Wedbush Securities, que acredita que os mercados dos EUA devem se recuperar quando começarem a ser negociados na terça-feira.

“Alguns dirão que o cessar-fogo não durará, mas a realidade é que o Irã tem opções limitadas e as negociações agora assumirão o controle, o que é positivo para as ações”, acrescentou Ives.

Ativos de refúgio seguro, que normalmente sofrem mais vendas em tempos percebidos como de paz, sofreram uma queda marginal.

Os preços do ouro à vista recuaram 1,05%, para US$ 3.333 a onça, permanecendo em máximas históricas.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos subiram cerca de 2 pontos-base, para 4,344%. Os rendimentos e os preços se movem inversamente no mercado de títulos, o que significa que rendimentos mais altos equivalem a preços mais baixos e, potencialmente, a uma queda na demanda. 

Os rendimentos dos títulos do governo japonês de 10 anos, outro porto seguro típico, subiram apenas um pouco, cerca de 1 ponto-base, para 1,425%.

O franco suíço permaneceu firme em 0,8114 em relação ao dólar. O índice do dólar americano, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moedas, caiu 0,29%.

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Cido Coelho

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