Crise em Washington: shutdown fecha agências, pressiona economia e impulsiona ouro

O governo dos Estados Unidos iniciou à meia-noite desta quarta-feira (1º) a paralisação de serviços não essenciais, o chamado shutdown. Entre as reações mais recentes estão críticas de executivos, suspensão de serviços de proteção ao consumidor, mensagens partidárias em sites oficiais e a disparada do ouro nos mercados internacionais.

O CEO da Ford, Jim Farley, afirmou que o impasse em Washington ocorre em um momento “delicado para o país” e representa riscos diretos para a economia.

“Não é uma coisa boa. Precisamos mesmo que os líderes em Washington se unam. É um momento muito delicado para o nosso país. Precisamos que a liderança se una. Não podemos ter uma paralisação. Isso é ruim para a economia e para o nosso país”, disse o executivo em entrevista à CNBC.

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FTC fechada e mensagens partidárias

A Comissão Federal de Comércio (FTC), responsável por supervisionar práticas comerciais e proteger consumidores de fraudes, anunciou que está fechada durante o shutdown. A interrupção impede que cidadãos registrem denúncias ou utilizem serviços como o cadastro “Não Ligue”. “A FTC está fechada devido à falta de financiamento”, informou a agência em comunicado em seu site.

Apesar da suspensão de atividades, a FTC havia anunciado, na terça-feira (30), uma ação judicial contra as empresas Zillow e Redfin, acusadas de práticas anticompetitivas no setor imobiliário.

Além disso, o site oficial do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD), sob a gestão de Donald Trump, passou a exibir uma mensagem responsabilizando a “esquerda radical” pelo fechamento do governo.

Aviação

Na aviação civil, o Departamento de Transportes informou que o treinamento de novos controladores de tráfego aéreo será mantido, mesmo com o shutdown. Segundo a pasta, 13.294 profissionais continuarão trabalhando sem remuneração, enquanto mais de 11 mil funcionários da Administração Federal de Aviação (FAA) foram colocados em licença.

O tema é considerado sensível, já que a falta de controladores provocou atrasos e cancelamentos em aeroportos da região de Nova York durante a paralisação de 2018 e 2019.

A paralisação pode custar ao setor de viagens dos EUA US$ 1 bilhão por semana, de acordo com estimativas da US Travel Association, que representa grandes grupos hoteleiros e outros.

“Quanto mais tempo durar o lockdown, maior será a probabilidade de vermos filas maiores na TSA, atrasos e cancelamentos de voos, parques nacionais em ruínas e atrasos desnecessários na modernização da infraestrutura de viagens”, disse Geoff Freeman, presidente do grupo, em comunicado.

Ouro em alta

Nos mercados, a incerteza levou investidores a buscar refúgios seguros, impulsionando o preço do ouro a níveis recordes. Na manhã desta quarta-feira (1º), o metal era negociado a US$ 3.893,06 no mercado à vista, enquanto os contratos futuros para dezembro se aproximavam da marca de US$ 4.000.

O movimento reforça a percepção de que o ouro mantém seu papel como ativo defensivo em meio à instabilidade econômica e política.

Reação dos mercados

As bolsas dos Estados Unidos operavam instáveis na tarde desta quarta-feira (1º). Por volta de 13h45 (horário de Brasília), o Dow Jones tinha queda de 0,07%, enquanto o S&P 500 subia 0,06% e o Nasdaq avançava 0,18%.

No cenário doméstico, o Ibovespa B3 acentuava a queda. O principal índice da Bolsa de Valores brasileira recuava 0,57%, aos 145.404 pontos. O dólar subia 0,19% frente ao real, negociado a R$ 5,33.

Com informações da CNBC

Naty Falla

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