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Por que discos de vinil como “The Life of a Showgirl”, de Taylor Swift, estão protegidos de tarifas
Publicado 03/10/2025 • 11:07 | Atualizado há 2 horas
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Publicado 03/10/2025 • 11:07 | Atualizado há 2 horas
KEY POINTS
O álbum anterior de Taylor Swift, "The Tortured Poets Department", vendeu 3,49 milhões de cópias físicas e digitais
Nesta sexta-feira (3), Tayra McDaniels, de 24 anos, vai descer correndo as escadas do prédio onde mora no East Village para buscar quatro edições em vinil do novo álbum de Taylor Swift, “The Life of a Showgirl”, que ela comprou antecipadamente — cada uma de uma cor e com uma capa colecionável diferente. Depois, segundo ela, ainda vai passar na Target para garantir três CDs exclusivos e mais um vinil.
Esse combo vai passar dos 200 dólares (cerca de R$ 1.067,54). “Eu sei que é muito dinheiro”, ela admite. “Mas não quero perder nada.”
Pelo menos em um ponto, ela e outros fãs de vinil têm um alívio: não precisam se preocupar com tarifas nessas compras.
Discos de vinil, CDs e fitas cassete ficaram de fora da decisão do governo Trump, no fim de agosto, de acabar com a isenção chamada de “de minimis”. Essa regra permitia que pacotes de até 800 dólares (aproximadamente R$ 4.270,16) fossem importados sem tarifa, simplificando a alfândega para importações de baixo valor e reduzindo custos para consumidores e pequenos lojistas. O fim dessa isenção permitiu que tarifas fossem aplicadas a tais remessas — mas não à música física.
Uma exceção criada na Guerra Fria, conhecida como Emenda Berman à Lei de Poderes Econômicos Internacionais de Emergência, impede que presidentes regulem o fluxo de “materiais informativos”, categoria que inclui música física, livros e obras de arte.
“Se o vinil tivesse sido tarifado, talvez víssemos o preço de um disco subir para 40 ou 50 dólares (entre R$ 213,51 e R$ 266,89)”, disse Ralph Jaccodine, professor do Berklee College of Music, à CNBC. “Então, essa é uma ótima notícia para quem compra música física.”
A isenção, que protege um dos segmentos que mais crescem no setor musical, também foi bem recebida por Wall Street.
As vendas de vinil voltaram com tudo na última década, especialmente durante a pandemia, puxadas por compradores mais jovens e pelo clima de nostalgia. Hoje, os discos de PVC representam quase três quartos de toda a receita de música física nos EUA — um salto de quase 20% desde 2020, segundo dados da Associação da Indústria Fonográfica da América.
“É animador e até um alívio saber que os formatos físicos de música estão isentos de tarifas”, afirma Ryan Mitrovich, diretor-geral da Vinyl Alliance, uma organização que promove a mídia física e atua junto a fabricantes, distribuidores e gravadoras. “Mas, com tanta instabilidade no comércio internacional, não estamos contando vitória antes da hora.”
O boom de vendas tem sido lucrativo para gravadoras como a Universal Music Group (UMG), que trabalha com Taylor Swift.
O álbum anterior dela, “The Tortured Poets Department”, vendeu 3,49 milhões de cópias físicas e digitais, segundo a empresa de dados Luminate, impulsionando um aumento de 9,6% na receita da UMG no segundo trimestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. A receita com produtos físicos, incluindo vinil, disparou 14,4% no trimestre.
Sem um disco novo de Swift nas lojas até agora este ano, o relatório mais recente da UMG, divulgado em julho, mostrou uma alta de 4,5% na receita anual, mas a receita com produtos físicos caiu 12,4%. As ações da UMG caíram 24% após a divulgação dos resultados de julho.
A Universal Music Group preferiu não comentar.
Essa queda pode ser passageira. A Billboard estima que, já na primeira semana, as vendas em vinil do novo álbum de Swift, com 12 faixas e lançamento para sexta-feira (3), podem ultrapassar 1 milhão de cópias — batendo o recorde anterior da própria cantora, de 859 mil, com “The Tortured Poets Department”.
“A Taylor Swift tem uma capacidade única de movimentar o mercado com suas decisões de como lançar e divulgar música”, diz Jaccodine, que já trabalhou com artistas como Bruce Springsteen. “O lançamento dela pode — e provavelmente vai — causar um novo boom na indústria musical.”
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Nem todo mundo está comemorando a isenção das tarifas. Alguns fabricantes americanos de discos dizem que estão perdendo oportunidades de negócio.
“Apoiamos as tarifas porque isso ajuda a indústria dos EUA, e queremos fazer parte desse movimento de produzir aqui”, diz Alex Cushing, cofundador e presidente da Hand Drawn Records, de Dallas, ao canal CNBC.
Segundo especialistas do setor, a maior parte do vinil é prensada no exterior. O maior fabricante, a GZ Media, fica na República Tcheca. O CEO da GZ, Michal Šteřba, conta que a empresa já produziu discos campeões de venda para artistas como Lady Gaga, Madonna e U2. Em média, a companhia fabrica um em cada quatro discos em fábricas espalhadas pelo mundo, inclusive em Nashville e Memphis, nos Estados Unidos.
“Nosso objetivo é manter a produção o mais perto possível do cliente, para que um disco vendido nos EUA também seja fabricado aqui”, diz Šteřba à CNBC.
Se as tarifas fossem aplicadas, afirma Šteřba, o custo iria direto para o consumidor final.
“Ao manter a cadeia de produção livre de tarifas — seja qual for o produto ou o país — o consumidor se beneficia com preços melhores”, declarou Šteřba. “No fim das contas, normalmente é o cliente quem paga a conta se as tarifas entrarem em vigor.”
Cushing, que também integra a Associação de Fabricantes de Discos de Vinil, acredita que haveria mais empregos nos EUA se as tarifas fossem aplicadas ao vinil.
“Poderíamos empregar mais americanos com bons salários”, diz. “Nossa empresa fabrica 2 milhões de discos por ano com uma equipe de só 60 pessoas. Se o objetivo é aumentar empregos na área de manufatura, esta seria uma ótima indústria.”
Cushing admite, porém, que fabricantes americanos como o dele não teriam capacidade para atender à demanda de um álbum do porte de Swift. Mas, para artistas de menor alcance, tarifas sobre importados poderiam trazer mais negócios para dentro do país.
“Nossas matérias-primas têm tarifas, mas com o frete e os custos de material subindo no mundo todo, o transporte regional dentro dos EUA, aliado a estoques menores, pode ajudar a baixar custos”, explica Cushing.
Algumas fábricas americanas se anteciparam ao risco de custos extras no início deste ano.
“As tarifas já eram esperadas, e o setor vinha se preparando há um bom tempo”, conta Mitrovich, da Vinyl Alliance. “Várias empresas se protegeram aumentando os estoques de tinta, PVC e outros insumos nos meses que antecederam as tarifas.”
Para muitos músicos, as vendas de produtos físicos ainda rendem mais do que o streaming.
No Spotify, os ganhos costumam variar entre 0,003 e 0,005 dólar (entre R$ 0,016 e R$ 0,027) por reprodução, dependendo do contrato do artista com a gravadora, explica Jaccodine. Já nos discos físicos, artistas costumam ficar com entre 10% e 25% dos royalties, conforme a Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores.
“A não ser que você esteja entre poucos músicos, basicamente não dá para sobreviver só com streaming”, diz Jaccodine. “Para artistas grandes e pequenos, produtos como discos, CDs, fitas, bonés, moletons e ingressos são o que realmente sustentam a carreira.”
Para comparar, a turnê Eras Tour de Swift, a mais lucrativa da história, vendeu mais de 2 bilhões de dólares (cerca de R$ 10,68 bilhões) em ingressos para 149 shows ao longo de dois anos, segundo o New York Times. Já com streaming, ela faturou entre 200 e 400 milhões de dólares (de R$ 1,07 bilhão a R$ 2,13 bilhões) nesse mesmo período, segundo a Billboard.
Analistas acreditam que o mercado de vinil deve continuar crescendo, ainda que não no ritmo acelerado visto na pandemia.
“O mercado de vinil é forte e deve continuar assim por um bom tempo, mas sempre existe o risco de problemas na oferta”, alerta Jaccodine.
De acordo com especialistas, a Geração Z é a principal responsável pelo ressurgimento do vinil. Uma pesquisa da fabricante musical Key Production mostrou que quase 60% dos jovens de 18 a 24 anos ouvem música em formato físico, o percentual mais alto entre todos os grupos demográficos. O levantamento foi feito no Reino Unido entre 27 de fevereiro e 5 de março de 2024, com 503 entrevistados.
A volta do vinil também disparou o lançamento de “variantes”: edições colecionáveis de álbuns ou singles com capas alternativas, discos coloridos ou faixas bônus exclusivas para vinil.
No TikTok, as “compras de vinil” acumulam milhões de visualizações, com fãs exibindo variantes raras e coleções, o que aumenta a demanda e incentiva pessoas como McDaniels a comprar ainda mais.
“É tipo um Pokémon, você quer pegar todos”, brinca McDaniels. “Rola um FOMO [medo de ficar de fora] se alguém tem uma variante que você não tem.”
Especialistas dizem que o interesse da Geração Z pelo vinil também é uma resposta ao cansaço digital.
“Muita gente passa o tempo todo na frente de telas e paga para ter acesso ao conteúdo, mas nunca tem nada de fato. O vinil traz esse sentimento de propriedade”, diz Cushing. “O vinil vai na contramão da facilidade da música moderna, e é por isso que as pessoas querem.”
Nenhum artista soube aproveitar essa tendência melhor que Swift.
“The Tortured Poets Department” foi o álbum mais vendido de 2024, respondendo por mais de 6% do total de vendas — mais de sete vezes à frente do segundo colocado, segundo a Luminate. Swift lançou 36 variantes diferentes nos EUA, entre versões digitais e físicas.
“The Life of a Showgirl” chega com pelo menos sete versões diferentes em vinil colorido, cada uma com uma capa exclusiva. Para Swift e a UMG, cada edição exclusiva de vinil, CD ou fita pode render milhões em receita extra.
“As vendas dos álbuns da Swift movimentam praticamente todo o setor musical”, afirma Jaccodine. “Os fãs dela aguardam ansiosamente o lançamento, mas a indústria também.”
Para McDaniels e milhares de outros superfãs, a grande dúvida é saber quem vai conseguir garantir primeiro as variantes exclusivas.
“Eu sei que muita gente acha loucura”, diz ela. “Enquanto um vinil novo custar menos de 75 dólares (R$ 400,33), pra mim vale a pena. É quase um vício colecionar esses discos, mas eu adoro.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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