Elon Musk afirmou nesta quinta-feira (27) que enviará os terminais de internet via satélite Starlink para a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), ao mesmo tempo em que declarou, sem fornecer evidências, que a tecnologia atual representa um risco para a segurança do tráfego aéreo.
O bilionário e principal conselheiro do presidente Donald Trump, que foi designado para cortar custos em todo o governo federal, fez essas afirmações em sua plataforma de mídia social, X.
Executivos de grandes companhias aéreas disseram à CNBC na quinta-feira que não veem riscos para a segurança do tráfego aéreo devido à tecnologia da FAA.
A FAA, que regula a empresa SpaceX de Musk, disse nesta semana que tem testado a tecnologia Starlink na cidade de Atlantic City, no estado de New Jersey, e no Alasca.
A FAA “está considerando o uso do Starlink desde a administração anterior para aumentar a confiabilidade em locais remotos, incluindo no Alasca”, afirmou a agência na segunda-feira. “Nesta semana, a FAA está testando um terminal em sua instalação em Atlantic City e dois terminais em locais não críticos para a segurança no Alasca.”
O Washington Post informou na quarta-feira que a FAA está prestes a cancelar um contrato com a Verizon para uma nova tecnologia de comunicação para controle de tráfego aéreo e transferi-lo para o Starlink de Musk.
Musk disse na quinta-feira no X: “O sistema de comunicação da Verizon para controle de tráfego aéreo está quebrando muito rapidamente.” A Verizon disse em um comunicado que “os sistemas da FAA atualmente em operação são administrados pela L3Harris e não pela Verizon.” Musk se corrigiu mais tarde, afirmando que a L3Harris é responsável pelo “sistema em rápido declínio.”
A L3Harris não respondeu imediatamente ao pedido de comentário.
A Verizon disse que está trabalhando na substituição de tecnologias mais antigas de controle de tráfego aéreo.
“Nossa empresa está trabalhando na construção do sistema da próxima geração para a FAA, que apoiará a missão da agência para viagens aéreas seguras e protegidas”, disse a Verizon em seu comunicado. “Estamos no início de um contrato de vários anos para substituir sistemas antiquados e legados. Nossas equipes têm trabalhado com as equipes de tecnologia da FAA e nossa solução está pronta para ser implantada. Continuamos a parceria com a FAA para alcançar seus objetivos de modernização.”
Musk não respondeu imediatamente ao pedido de comentário.
Alguns legisladores democratas levantaram preocupações sobre o papel de Musk na administração Trump, ao mesmo tempo em que ele estaria trabalhando para fornecer tecnologia para um de seus reguladores.
“Embora eu apoie os esforços para modernizar nosso sistema de controle de tráfego aéreo e melhorar a segurança da aviação, essa decisão levanta preocupações sobre conflitos de interesse, dado a posição dupla de Elon Musk como CEO da SpaceX e seu amplo papel na administração Trump”, escreveu o senador Ed Markey, D-Mass., a Chris Rocheleau, chefe interino da FAA, na quarta-feira.
Outros expressaram preocupações após a administração Trump demitir centenas de funcionários da FAA, embora não incluam controladores de tráfego aéreo.
“No mínimo, precisamos saber por que essa redução repentina foi necessária, que tipo de trabalho esses funcionários estavam realizando e que tipo de análise a FAA conduziu – se houve alguma – para garantir que isso não impactasse negativamente a segurança, aumentasse os atrasos nos voos ou prejudicasse as operações da FAA”, escreveu a senadora Tammy Duckworth, D-Ill., a Rocheleau em 19 de fevereiro.
A FAA afirmou que manteve os funcionários “que desempenham funções críticas para a segurança. A FAA não comenta sobre o trabalho de certificação em andamento.”
As companhias aéreas há anos pressionam pela modernização do tráfego aéreo. As transportadoras se queixam há muito tempo de como os sistemas antigos não acompanharam as necessidades da indústria, levando a atrasos nos voos que custam tanto aos passageiros quanto às transportadoras. A demanda por viagens aéreas bateu recordes após a pandemia.
“As transportadoras fizeram mudanças notáveis e investimentos significativos em tecnologias, operações, produtos e pessoas”, disse a Airlines for America, que representa as principais transportadoras dos EUA, na quinta-feira. “O governo precisa fazer o mesmo de maneira organizada e pontual.”
Os comentários de Musk sobre falhas na segurança aérea, que não incluíram evidências, surgiram após a colisão fatal no mês passado entre um jato regional da American Airlines e um helicóptero Black Hawk do Exército, matando todas as 67 pessoas a bordo das duas aeronaves. O incidente marcou o fim de um período sem acidentes fatais de aviação nos EUA, sendo o primeiro acidente fatal de um avião de passageiros no país desde 2009 e o mais fatal desde 2001.
Na semana passada, mais de uma dúzia de grupos da indústria da aviação e sindicatos pediram aos legisladores que aprovassem “financiamento emergencial” para a modernização e o aumento da equipe de controle de tráfego aéreo.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
