Involução ou evolução? China quer acabar com guerra de preços dos EV, mas analistas duvidam
Publicado 05/06/2025 • 09:57 | Atualizado há 1 dia
Publicado 05/06/2025 • 09:57 | Atualizado há 1 dia
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Pixabay
À medida que a guerra de preços dos veículos elétricos na China se intensifica, seus principais líderes soam o alarme com apelos de alto nível para conter a concorrência excessiva, conhecida coloquialmente como “neijuan” ou involução.
Embora a palavra da moda tenha assumido vários significados na China, sugerindo uma corrida para o fundo do poço, o termo foi mencionado no relatório anual de trabalho do premiê chinês Li Qiang em março.
A reunião do regulador de mercado no mês passado também pediu a “remediação abrangente da concorrência ‘involutiva’”.
No início desta semana, executivos sêniores de vários fabricantes chineses de veículos elétricos foram convocados a Pequim para se “autorregularem”, informou a Bloomberg.
No entanto, participantes do setor e analistas previram que a concorrência só aumentará.
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“Uma determinada montadora assumiu a liderança no lançamento de cortes significativos de preços e muitas empresas seguiram o exemplo, desencadeando uma nova rodada de pânico em torno da ‘guerra de preços’”, afirmou a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis em um comunicado em chinês no sábado, traduzido pela CNBC.
A associação, ligada ao governo, estava criticando a gigante de veículos elétricos BYD, que provocou a última rodada de descontos em 23 de maio, incluindo um corte de mais de 30% no preço de um de seus modelos de carro.
“Guerras de preços desordenadas intensificam a concorrência acirrada”, afirmou a associação, alertando para uma pressão adicional sobre as margens de lucro e riscos à segurança do consumidor. A associação pediu que as empresas respeitem a concorrência leal e não monopolizem o mercado ou “despejem” produtos a preços abaixo do custo de produção.
“‘Guerras de preços’ não têm vencedores, muito menos futuro”, afirmou posteriormente o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, citando o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação. A informação foi divulgada em uma tradução da CNBC para o chinês.
O ministério aumentará a regulamentação da concorrência improdutiva e cooperará com outros departamentos para aplicar leis que promovam a concorrência leal, segundo a reportagem.
O ministério não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. A BYD remeteu a CNBC ao seu comentário à mídia estatal chinesa, no qual a montadora afirmou apoiar firmemente os apelos da associação de fabricantes por concorrência leal e pela criação de um mercado saudável.
Analistas observaram que os recentes descontos da BYD estão, na verdade, formalizando descontos que os consumidores provavelmente teriam recebido anteriormente sob o programa de subsídios de troca da China, que visava impulsionar o consumo.
Apesar de uma participação de mercado de quase 30%, a BYD também enfrenta pressão competitiva, apontaram analistas da Nomura em um relatório divulgado na segunda-feira.
A montadora, que contou com Warren Buffett como um dos primeiros investidores, relatou um crescimento de 14% nas vendas no mês passado, uma desaceleração em relação ao crescimento anual de 19% registrado em abril.
“Dada a atual situação de excesso de oferta no mercado automotivo chinês, acreditamos que a fase competitiva mais intensa ainda está por vir, até que possamos ver uma consolidação significativa do mercado no futuro”, disseram os analistas da Nomura.
Apesar da retórica, não há muito que se possa fazer sobre a concorrência de mercado, disse Zhong Shi, analista da Associação de Concessionárias de Automóveis da China, na semana passada. Ele acrescentou que outros países também estão observando a intensa concorrência no mercado automobilístico chinês e o que isso pode significar para suas indústrias automobilísticas locais.
O preço médio de um carro exportado da China caiu desde 2023, revertendo uma tendência de alta anterior, de acordo com dados publicados nas redes sociais pelo Secretário-Geral da Associação de Automóveis de Passageiros da China, Cui Dongshu.
Nas vendas de automóveis da China para a Alemanha, o preço médio de exportação por veículo caiu para US$ 21.000 neste ano, ante US$ 30.000 em 2023, mostraram os dados. O México, principal destino das exportações de automóveis chineses, foi uma exceção, com o preço médio subindo para US$ 13.000, ante US$ 12.000 há dois anos.
Na China, o preço médio de varejo de automóveis caiu cerca de 19% nos últimos dois anos, para cerca de 165.000 yuans (US$ 22.900), segundo a Nomura, citando dados do setor do Autohome Research Institute.
Há outros sinais de que a corrida por carros elétricos criou um excesso de oferta.
Um “fenômeno estranho” de carros usados vendidos com quilometragem zero surgiu, disse o presidente do conselho da Great Wall Motor, Wei Jianjun, em entrevista à Sina Finance, realizada em mandarim em 23 de maio. Ele acrescentou que cerca de 3.000 a 4.000 vendedores em plataformas chinesas de carros usados estavam vendendo esses carros.
Veículos eram registrados como vendas ou entregas para montadoras, apenas para serem vendidos no mercado de usados quase imediatamente, o que inflou os volumes de vendas. Mas isso criou “muito caos”, levando Wei a pedir uma melhor regulamentação no setor.
O mercado chinês de carros movidos a bateria e híbridos, em rápido crescimento, sofreu diversos cortes de preços nos últimos dois anos.
A guerra de preços ainda não atingiu seu auge e “a concorrência se tornará mais intensa nos próximos cinco anos”, disse o CEO da startup de veículos elétricos, He Xiaopeng, à mídia chinesa na semana passada, o que a empresa confirmou com a CNBC.
“Isso é apenas um ‘aperitivo’ do que está por vir”, acrescentou. Ele afirmou que, em vez de competir em preço, a Xpeng competiria em tecnologia e se expandiria para além da China, para o resto do mundo.
A startup se concentrou em tornar seu sistema de assistência ao motorista um ponto de venda e entregou mais de 30.000 carros por mês nos últimos sete meses. Na semana passada, a Xpeng lançou a versão Max do seu Mona 03 por 129.800 (US$ 18.020), quase 17% mais barato do que quando o modelo de menor preço foi revelado inicialmente em agosto.
Como a maioria das startups de carros elétricos, a Xpeng reportou prejuízos atribuíveis aos acionistas no primeiro trimestre de cerca de US$ 90 milhões. A Nio, que se concentrou em veículos mais premium, reportou na terça-feira um prejuízo de US$ 949,6 milhões no primeiro trimestre.
No entanto, a empresa chinesa de smartphones Xiaomi previu na terça-feira que seu negócio de carros elétricos daria lucro no segundo semestre do ano, confirmou um porta-voz da empresa à CNBC. A empresa entrou no mercado de veículos elétricos no ano passado com seu sedã SU7, com preço mais baixo que o Model 3 da Tesla, e espera-se que a empresa enfrente o Model Y com um SUV YU7 neste verão, no hemisfério norte.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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