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Prêmio Nobel de Medicina vai para americanos e japonês por revelar como o sistema imune se controla

Publicado 06/10/2025 • 07:33 | Atualizado há 1 hora

KEY POINTS

  • Descoberta da tolerância imune periférica transformou o entendimento do sistema imunológico.
  • FOXP3 revelou o código de desenvolvimento das células T reguladoras.
  • Avanços científicos abrem caminhos para novas terapias contra autoimunidade e câncer.

Ill. Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

A edição de 2025 do Prêmio Nobel de Medicina foi concedida a Mary E. Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi. O comitê destacou a contribuição dos três cientistas para desvendar como o sistema imunológico é regulado para não atacar os próprios tecidos, por meio da descoberta de um mecanismo chamado tolerância imune periférica.

Todos os dias, o sistema imune humano protege o organismo contra milhares de vírus, bactérias e outros microrganismos invasores. Essas ameaças não têm aparência uniforme, e muitas desenvolveram semelhanças com células humanas para escapar da detecção. A capacidade de distinguir entre o que deve ser atacado e o que deve ser preservado é essencial para a sobrevivência. Durante décadas, acreditou-se que esse equilíbrio dependia exclusivamente da chamada tolerância central, um processo no timo que elimina linfócitos T autorreativos.

 Ilustração: Como as células T descobrem um vírus © Nobel Prize Outreach

Em 1995, nadando contra a corrente da comunidade científica, o imunologista japonês Shimon Sakaguchi demonstrou que o sistema imunológico era mais complexo do que se imaginava. Ele descobriu um novo tipo de célula, as células T reguladoras (Tregs), que atuam como “guardas de segurança” — monitorando e controlando outras células T para impedir respostas autoagressivas.

A descoberta representou uma mudança profunda no entendimento da imunologia e abriu uma nova frente de pesquisa.

Seis anos depois, em 2001, os pesquisadores americanos Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell elucidaram a base genética desse fenômeno. Ao investigar uma linhagem de camundongos conhecida como scurfy, altamente suscetíveis a doenças autoimunes, eles identificaram mutações em um gene desconhecido até então: o Foxp3.

Em paralelo, mostraram que alterações no equivalente humano — o FOXP3 — causam uma doença rara e grave, a síndrome IPEX, caracterizada por desregulação imune severa em meninos.

Ilustração: Como as células T nocivas são eliminadas © Nobel Prize Outreach

Dois anos depois, Sakaguchi conectou os achados: demonstrou que o gene FOXP3 governa o desenvolvimento das células T reguladoras que ele havia identificado anos antes. Essa ligação estabeleceu os pilares conceituais e moleculares da tolerância imune periférica, um mecanismo vital para a manutenção da saúde.

As descobertas dos laureados não ficaram restritas ao campo teórico. Elas impulsionaram o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas. Ensaios clínicos em andamento testam o uso de substâncias como interleucina-2 em baixas doses para expandir Tregs e tratar doenças autoimunes ou reduzir rejeições em transplantes.

Ao mesmo tempo, terapias oncológicas buscam bloquear Tregs infiltradas em tumores para tornar o sistema imune mais eficaz contra o câncer. Estratégias incluem expansão ex vivo dessas células, terapias celulares personalizadas e o desenvolvimento de anticorpos monoclonais para eliminar Tregs associadas a tumores.

O valor total do prêmio é de 11 milhões de coroas suecas (US$ 1,17 milhão) , dividido igualmente entre os três vencedores. A cerimônia oficial acontecerá em 10 de dezembro, em Estocolmo.

O experimento de Sakaguchi. © Nobel Prize Outreach

Mary E. Brunkow nasceu em 1961, tem doutorado em Princeton e atua como gerente sênior no Institute for Systems Biology, em Seattle. Fred Ramsdell, nascido em 1960 e doutor pela UCLA, é consultor científico da Sonoma Biotherapeutics, em São Francisco. Shimon Sakaguchi, nascido em 1951, é médico e doutor pela Universidade de Kyoto e professor distinto no Immunology Frontier Research Center, da Universidade de Osaka.

As contribuições desses pesquisadores lançaram as bases de uma área de estudo que hoje está no centro da medicina translacional. Com o avanço das terapias celulares e imunomoduladoras, os princípios revelados por Sakaguchi, Brunkow e Ramsdell têm potencial para transformar o tratamento de câncer, doenças autoimunes e transplantes nas próximas décadas.

História

O Prêmio Nobel foi criado pelo químico e empresário sueco Alfred Nobel, que em seu testamento determinou que a maior parte de seu patrimônio fosse usada para financiar “prêmios para aqueles que, durante o ano anterior, conferiram o maior benefício à humanidade”.

Nobel é mais conhecido como o inventor da dinamite, mas também escreveu poesia e drama, e falava russo, francês, inglês e alemão desde os 17 anos. As cinco categorias originais de prêmios refletem os interesses mais próximos de seu coração.

Ele passou grande parte da carreira desenvolvendo tecnologias de armas, ganhando muito dinheiro com isso. Mais tarde, tornou-se amigo próximo da ativista e pacifista austríaca Bertha von Suttner.

Suttner se tornou a primeira mulher a ganhar o Prêmio da Paz em 1905, e muitos acreditam que foi sua influência que levou Nobel a incluir um prêmio nessa categoria.

Alfred Nobel morreu em 1896, mas só em 1901, após uma batalha judicial sobre seu testamento, os primeiros prêmios foram concedidos.

Quem concede

Nobel selecionou a Real Academia Sueca de Ciências para conceder os prêmios de Química e Física, a Academia Sueca para Literatura, o Instituto Karolinska (Universidade Médica) para Fisiologia e Medicina e o Parlamento Norueguês para o Prêmio da Paz.

Não se sabe exatamente por que Nobel escolheu a Noruega para conceder o prêmio da paz, embora isso possa refletir o fato de que Noruega e Suécia estavam unidas por uma união política na época em que ele redigiu seu testamento.

Em 1968, quando o Banco Central da Suécia comemorava seu 300º aniversário, a instituição criou o Prêmio em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, com uma doação à Fundação Nobel. Esse prêmio também é concedido pela Real Academia Sueca de Ciências, segundo os mesmos princípios das demais categorias.

A cerimônia

Os Prêmios Nobel são entregues no dia 10 de dezembro, data da morte de Alfred Nobel. O Prêmio da Paz é entregue em Oslo pelo presidente do Comitê Norueguês do Nobel, enquanto os demais prêmios são concedidos pelo rei da Suécia no Stockholm Concert Hall.

Durante a noite, cerca de 1.300 convidados participam de um banquete na Prefeitura de Estocolmo. O cardápio, elaborado durante meses por alguns dos melhores chefs e sommeliers da Suécia, é mantido em segredo até o momento do serviço, feito por 200 garçons.

Próximas divulgações

Terça-feira (7): Nobel de Física
Quarta-feira (8): Nobel de Química
Quinta-feira (9): Nobel de Literatura
Sexta-feira (10): Nobel da Paz
13 de outubro: Nobel de Economia* — concedido pelo Banco Central da Suécia, não pela Fundação Nobel.

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