A interrupção em alguns aeroportos europeus continuou pelo segundo dia no domingo, após um ataque cibernético ter como alvo a empresa de tecnologia de check-in Collins Aerospace. O maior aeroporto do Reino Unido, Heathrow, estava entre os afetados, juntamente com os aeroportos de Berlim e Bruxelas.
O Aeroporto de Bruxelas pediu no domingo às companhias aéreas que cancelassem metade dos voos programados para segunda-feira, já que problemas com seu sistema de check-in continuam sem solução. Um porta-voz do aeroporto disse que a Collins Aerospace, fornecedora do sistema, ainda não entregou uma versão atualizada e segura do software necessária para restaurar a funcionalidade total.
O que aconteceu?
A Collins Aerospace “fornece sistemas de check-in e embarque para diversas companhias aéreas em vários aeroportos em todo o mundo”, disse o Aeroporto de Heathrow em um comunicado publicado ontem na rede social ‘X’. A empresa-mãe da Collins, RTX, disse em uma declaração à Reuters que estava ciente de “interrupções relacionadas à segurança cibernética” em seu software MUSE.
“O impacto se limita ao check-in eletrônico de clientes e ao despacho de bagagem, podendo ser mitigado com operações de check-in manual”, afirmou a RTX, antiga Raytheon Technologies, em comunicado enviado por e-mail à Reuters. A empresa acrescentou que busca resolver o problema o mais rápido possível.
A CNBC entrou em contato com a RTX para comentar e está aguardando uma resposta.
Quais aeroportos são afetados?
O provedor de análises de aviação Cirium disse à CNBC que, até o domingo, 38 partidas e 33 chegadas foram canceladas em Heathrow, Berlim e Bruxelas, até as 10h, horário de Londres. No sábado, 35 partidas e 25 chegadas foram canceladas. Bruxelas registrou o maior número de cancelamentos de voos, com 15. Todos os três aeroportos emitiram declarações atualizadas no domingo.
O aeroporto de Heathrow disse que estava trabalhando para “resolver e recuperar” após a interrupção do Collins que impactou o check-in. “Pedimos desculpas àqueles que enfrentaram atrasos, mas, trabalhando em conjunto com as companhias aéreas, a grande maioria dos voos continuou a operar”, disse no X. “Incentivamos os passageiros a verificar o status de seus voos antes de viajar para Heathrow e a chegar no máximo três horas para voos de longa distância e duas horas para voos de curta distância.”
Já, o de Bruxelas disse em seu site, que o ataque cibernético estava tendo “um grande impacto na programação dos voos e, infelizmente, causa atrasos e cancelamentos de voos”. A empresa aconselhou os viajantes a verificarem o status do voo antes de partirem para o aeroporto.
Em Berlim, os viajantes estão sendo avisados do tempo de espera mais longos devido a uma “falha de sistema em um provedor de serviços”. O Aeroporto de Dublin também foi afetado, mas disse que espera operar a programação sem atrasos.
“Algumas companhias aéreas no Terminal 2 continuam usando soluções manuais para gerar etiquetas de bagagem e cartões de embarque. Isso significa que os processos de check-in e despacho de bagagem podem demorar um pouco mais do que o normal”, informou o aeroporto no X.
O mais recente de uma série de ataques cibernéticos
O ataque à Collins Aerospace é o mais recente de uma série de violações de segurança cibernética de alto perfil que ganharam as manchetes. A Jaguar Land Rover disse na semana passada que estava estendendo uma pausa na produção até 24 de setembro, após um ataque cibernético. “Tomamos esta decisão enquanto nossa investigação forense do incidente cibernético continua e enquanto consideramos as diferentes etapas do reinício controlado de nossas operações globais, o que levará tempo”, afirmou a empresa em um comunicado.
Enquanto o varejista britânico Marks & Spencer no início deste ano, disse que um ataque cibernético recente, que deixou as prateleiras de alimentos vazias e paralisou as vendas online, eliminaria quase um terço dos seus lucros anuais.
No entanto, Charlotte Wilson, chefe corporativa da empresa de segurança cibernética Check Point, observou que o setor de aviação era um alvo particular para criminosos cibernéticos, dada sua dependência de sistemas digitais compartilhados.
“Esses ataques atingem frequentemente a cadeia de suprimentos, explorando plataformas de terceiros usadas por diversas companhias aéreas e aeroportos simultaneamente”, disse ela em um comunicado por e-mail. “Quando um fornecedor é comprometido, o efeito cascata pode ser imediato e de longo alcance, causando interrupções generalizadas entre fronteiras.”
Para melhorar a resiliência, ela afirmou que as empresas de aviação devem garantir que os sistemas de software sejam atualizados regularmente e que sistemas de backup bem testados estejam em vigor. Ela também pediu um melhor compartilhamento de informações entre os provedores de tecnologia, as companhias aéreas e os governos.
“Ataques cibernéticos raramente param nas fronteiras nacionais, então quanto mais rápido um país puder identificar e relatar um ataque, mais rápido outros poderão tomar medidas para contê-lo”, disse ela. “Uma defesa integrada será muito mais eficaz do que respostas isoladas.”
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