Putin e Modi se reúnem com Xi Jinping na cúpula de países asiáticos que mira protagonismo chinês

O presidente Xi Jinping reuniu os líderes da Rússia e da Índia, entre dignitários de cerca de 20 países eurasianos, no domingo (31), para dar início a uma cúpula que visa colocar a China na vanguarda das relações regionais.

A cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) será realizada na cidade portuária de Tianjin, no norte do país, até segunda-feira, dias antes de um grande desfile militar na capital Pequim para marcar os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

A OCS é composta por China, Índia, Rússia, Paquistão, Irã, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Uzbequistão e Bielorrússia, com mais 16 países afiliados como observadores ou “parceiros de diálogo”.

O presidente russo, Vladimir Putin, desembarcou em Tianjin no domingo com uma comitiva de políticos seniores e representantes empresariais.

Xi realizou uma série de reuniões bilaterais consecutivas com líderes, incluindo o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, um dos principais aliados de Putin, e o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, em sua primeira visita à China desde 2018.

Modi disse a Xi que a Índia estava comprometida em “levar adiante nossos laços com base na confiança mútua, dignidade e sensibilidade”.

Xi, por sua vez, disse a Modi que esperava que os dois países reconhecessem que são “parceiros e não rivais”.

Se eles se virem como “oportunidades de desenvolvimento em vez de ameaças”, as relações China-Índia crescerão de forma constante, acrescentou Xi, de acordo com a emissora estatal chinesa CCTV.

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As duas nações mais populosas do mundo são rivais que competem por influência no sul da Ásia e travaram um confronto de fronteira mortal em 2020 que culminou com o afastamento de suas lideranças.

O degelo começou em outubro passado, quando Modi se encontrou com Xi pela primeira vez em cinco anos em uma cúpula na Rússia.

“Os interesses dos 2,8 bilhões de pessoas de ambos os países estão vinculados a nossa cooperação. Isso também abrirá caminho para o bem-estar de toda a humanidade”, disse Modi a Xi. As conversas bilaterais foram realizadas na Tianjin Guest House, um local intimista cercado por uma área verde exuberante.

China e Rússia têm, por vezes, apresentado a OCS como uma alternativa à aliança militar da OTAN. A cúpula deste ano é a primeira desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, retornou à Casa Branca.

Como a reivindicação da China sobre Taiwan e a invasão da Ucrânia pela Rússia os colocaram em conflito com os Estados Unidos e a Europa, especialistas dizem que Pequim e Moscou estão ansiosos para usar plataformas como a OCS para obter vantagens.

“A China há muito tempo busca apresentar a OCS como um bloco de poder não liderado pelo Ocidente que promove um novo tipo de relações internacionais, que, segundo ela, é mais democrático”, disse Dylan Loh, professor assistente na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

Mais de 20 líderes, incluindo o presidente iraniano Masoud Pezeshkian e seu colega turco Recep Tayyip Erdogan, estão participando da maior reunião do bloco desde sua fundação em 2001.

Putin deve se reunir na segunda-feira com Erdogan e Pezeshkian sobre o conflito na Ucrânia e o programa nuclear de Teerã, respectivamente.

Xi se encontrou com Erdogan no domingo para discutir as situações em Gaza e na Ucrânia, segundo um comunicado de Ancara. A Turquia sediou três rodadas de negociações de paz entre Moscou e Kiev neste ano, que não conseguiram quebrar o impasse sobre como acabar com o conflito.

O presidente russo precisa de “todos os benefícios da OCS como ator no cenário mundial e também do apoio da segunda maior economia do mundo”, disse Lim Tai Wei, professor e especialista em Leste Asiático na Universidade Soka do Japão.

“A Rússia também está interessada em conquistar a Índia, e os atritos comerciais da Índia com os Estados Unidos apresentam essa oportunidade”, disse Lim à AFP.

A cúpula acontece dias depois de a Índia ter sido atingida por um forte aumento nas tarifas dos EUA sobre seus produtos como punição pelas compras de petróleo russo por Nova Déli.

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