Com Trump e aumento dos riscos globais, ultra-ricos depositam seu ouro fora dos EUA
Publicado
27/05/2025 • 12:52
| Atualizado há 19 horas
Redação CNBC
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KEY POINTS
Os ultra-ricos estão cada vez mais transferindo seu ouro para Singapura.
Uma crescente sensação de desconforto está impulsionando esse aumento.
Investidores ricos também estão optando por barras de ouro físicas em vez de papel por vários motivos.
Barras de ouro.
Pixabay.
Os ultra-ricos estão transferindo cada vez mais seu ouro para o exterior, à medida que a incerteza econômica e geopolítica agita os mercados — e Cingapura emerge como um destino privilegiado.
Não muito longe do aeroporto da cidade-estado, há uma instalação de seis andares coberta de ônix e protegida por um forte sistema de segurança. Escondidas atrás de suas portas de aço, estão barras de ouro e prata no valor de cerca de US$ 1,5 bilhão.
Conhecida como “A Reserva”, a instalação de armazenamento conta com dezenas de cofres particulares e uma imponente câmara de armazenamento repleta de milhares de cofres que chegam a três andares de altura.
Do início do ano até abril, o repositório de metais preciosos recebeu um aumento de 88% nos pedidos para armazenar ouro e prata no cofre em relação ao mesmo período de 2024, disse seu fundador, Gregor Gregersen.
A Reserva, que também vende barras de ouro e prata, viu as vendas de barras de metais preciosos dispararem 200% em relação ao ano anterior, segundo dados fornecidos pela própria empresa.
Nicky Shiels da MKS Pamp
“Singapura é vista como a “Genebra do Oriente”; tem a reputação de ser uma jurisdição segura, com relativa estabilidade política e econômica”.
Um crescente sentimento de desconforto está impulsionando o aumento, de acordo com observadores do setor.
“Muitos clientes com patrimônio líquido muito alto estão de olho nas tarifas, nas mudanças no mundo e no potencial de instabilidades geopolíticas”, disse Gregersen à CNBC.
“A ideia de colocar metal físico em uma jurisdição segura como Cingapura, com partes em quem possam confiar, está se tornando uma grande tendência hoje em dia”, disse ele, acrescentando que 90% dos novos pedidos vêm de fora de Cingapura.
A Reserva (Reprodução CNBC Internacional)
A ascensão do ouro tem sido meteórica nos últimos meses, com os preços do ouro atingindo recordes consecutivos. Isso foi impulsionado, em parte, por seu apelo como porto seguro diante da volatilidade provocada pelas tensões comerciais entre EUA e China e pela venda massiva de ativos nos EUA em abril.
Embora os preços do ouro tenham arrefecido recentemente após a melhora do apetite dos investidores por risco, após o degelo nas tensões comerciais entre as duas superpotências econômicas, alguns observadores do mercado ainda acreditam que o ouro pode chegar a US$ 5.000 a onça no próximo ano.
Os preços à vista do ouro estão atualmente sendo negociados a US$ 3.346,32 a onça, próximos aos níveis históricos.
Barra física versus papel
Os ricos também estão cada vez mais optando por barras de ouro físicas em vez de barras de papel, pois não querem tantos riscos geopolíticos e de contraparte, disse Gregersen.
Embora armazenar e possuir ouro físico não seja totalmente isento de exposição ao preço, limita a exposição a certos riscos que o ouro em papel carrega.
Por exemplo, os riscos de contraparte são menores se o ativo for de propriedade direta. A crise dos bancos do Vale do Silício, que eclodiu em 2023, impulsionou a preferência dos investidores por possuir fisicamente ou alocar barras de ouro específicas com segurança, em vez de depender de direitos de crédito em papel ou possuir apenas uma participação em uma reserva conjunta — que poderia ser colocada em risco se um banco falisse, disse Nicky Shiels, chefe de pesquisa e estratégia de metais da MKS Pamp, uma empresa de refino e comercialização de metais preciosos.
O estrategista-chefe de mercado do World Gold Council, John Reade, também observou que isso se aplica especialmente àqueles preocupados com a saúde do sistema financeiro global.
“Alguns detentores de metais preciosos físicos têm receio de armazenar ouro no sistema bancário, mesmo em forma alocada, preferindo mantê-lo em entidades que não sejam bancos”, disse Reade.
A falta de confiança em alguns bancos nacionais também é um fator-chave, disse Jeremy Savory, fundador da Millionaire Migrant, uma consultoria sediada em Dubai que fornece serviços relacionados à cidadania para indivíduos de alto patrimônio líquido.
“Se você está em um país onde não confia no sistema bancário, por exemplo, Líbano, Egito ou Argélia… eles não querem depositá-lo no banco”, disse Savory, cujos clientes incluem indivíduos de alto patrimônio líquido em todo o mundo que estão tentando transferir ouro físico para cofres na Suíça, Singapura e Dubai.
Dito isso, o ouro em cofres pode ser menos atraente para investidores de curto prazo, dado que os custos de transação para comprar e movimentar ouro físico são maiores do que os do ouro em papel, disse Reade, do World Gold Council.
O depósito da Reserva conta com dezenas de cofres privados com capacidade para armazenar de 25 a 60 toneladas de ouro, que são armazenados em caixas e lacrados. Crédito: A Reserva (Reprodução CNBC Internacional)
Mas por que armazená-los em Cingapura?
“Singapura é vista como a ‘Genebra do Oriente’; tem a reputação de ser uma jurisdição segura com relativa estabilidade política e econômica”, disse Shiels.
O papel do país do Sudeste Asiático como um importante centro de trânsito também o torna um local atraente e conveniente para os ricos guardarem seu ouro.
“Singapura é um centro de trânsito. Em qualquer lugar que seja um centro de trânsito, geralmente faz sentido que haja um cofre de ouro”, disse Savory. “Você pode depositar, pode armazenar seu ouro lá, mas também pode retirá-lo [facilmente] porque é um centro de trânsito. E é aqui que a Suíça está perdendo”, acrescentou.
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