Contração? Que contração? Para o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu gabinete, nesta quarta-feira (30), tudo estava bem com a economia — e com todo o resto.
A notícia de que a economia dos EUA encolheu inesperadamente em meio ao caos das tarifas de Trump não impediu que sua equipe principal se revezasse para elogiar o presidente enquanto se reuniam na Casa Branca no dia seguinte ao seu centenário no poder.
Em um toque nacionalista, bonés de beisebol vermelhos e pretos com as palavras bordadas “Golfo da América” foram colocados na frente de cada alto funcionário sentado ao redor da enorme mesa de madeira do gabinete.
O bilionário Elon Musk chegou a colocar um dos bonés vermelhos — que usam o nome que o governo decretou unilateralmente para o Golfo do México — sobre seu próprio boné preto de beisebol, que é sua marca registrada.
“Todos são excepcionais”, disse Trump durante a maratona de duas horas de reunião de gabinete diante de repórteres. “Nunca fiquei tão impressionado.”
“Incomparável”
Trump, de 78 anos, começou alardeando seu tema central, a migração, elogiando o que ele chamou de “um trabalho incrível” de cortar as travessias de migrantes na fronteira com o México.
Em relação à economia, a principal mensagem de Trump foi insistir no sucesso de suas tarifas abrangentes — e culpar seu antecessor democrata, Joe Biden, pela contração da economia nos primeiros meses do mandato do republicano.
O magnata bilionário havia prometido, durante sua campanha eleitoral de 2024, impulsionar a economia e reduzir a inflação, mas números divulgados nesta quarta-feira (30) mostraram que o PIB dos EUA contraiu a uma taxa anual de 0,3% no primeiro trimestre.
“É um grande desafio para virar, e teremos o melhor país, financeiramente, da história do mundo”, insistiu Trump.
Trump então se voltou para o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, à sua esquerda, brincando que ele era “a pessoa menos controversa para mim” — apesar do crescente escândalo “Signalgate” sobre o uso do aplicativo comercial por Hegseth para discutir ataques aéreos contra o Iêmen.
Um por um, o gabinete de Trump — que reúne o maior número de bilionários entre os principais membros da equipe de qualquer presidente — se revezou para enaltecer seu líder.
Hegseth, usando uma gravata camuflada, atribuiu a Trump um “renascimento do recrutamento” nas Forças Armadas. O Secretário de Comércio, Howard Lutnick, elogiou o investimento “inacreditável”. O Conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz — também lutando por seu cargo durante o Signalgate — disse que “o mundo está muito melhor e muito mais seguro” por causa de Trump.
A chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, disse que foram “100 dias incomparáveis na minha memória, e os melhores, posso dizer, de todos os tempos”.
Scott Bessent, secretário do Tesouro de Trump, amplamente considerado uma voz estabilizadora em relação às tarifas, elogiou a liderança de Trump como “importante”.
O sempre combativo vice-presidente JD Vance então lançou um ataque aos repórteres presentes na sala por “se concentrarem em mentiras falsas”.
“Muitos chapéus”
E assim foi, com Musk finalmente assumindo a sua vez.
“Elon, eu adoro o chapéu duplo”, disse Trump sobre o magnata da Tesla e da Space X. “Ele é o único que consegue se safar disso.”
“Dizem que eu uso muitos chapéus. É verdade — até o meu chapéu tem chapéu”, brincou Musk, que lidera a campanha de corte de custos de Trump no chamado Departamento de Eficiência Governamental, além de administrar seus negócios.
Mas também pode ser uma das últimas aparições de Musk na mesa de gabinete, onde ele já foi uma das principais atrações.
Musk disse recentemente que começará a dar um passo atrás em sua função de corte de custos para se concentrar em seu negócio de carros elétricos Tesla, em meio a protestos contra seu envolvimento no governo Trump.
Desta vez, foi a vez de Trump distribuir elogios.
“Você fez um trabalho fantástico”, disse Trump. “Você sabe que está convidado a ficar o tempo que quiser. Em algum momento, ele quer voltar para casa, para os carros dele.”
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