Impacto das tarifas no café é “brutal” para economia dos EUA, diz especialista

Com o anúncio das tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras de Trump, o café pode ser um dos produtos mais afetados por essa medida. O Brasil é o principal fornecedor do café para os Estados Unidos, com cerca de 1/3 do mercado norte-americano, o que pode fazer com que o preço do café para os americanos aumente, se a tarifa entrar em vigor.

Em entrevista exclusiva para o Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC Vinícius Estrela, diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais, explica que o impacto destas tarifas para o setor e para a economia americana é “brutal”.

De acordo com Estrela, das mais de 25 milhões de sacas que o americano consome de café, cerca de 8 milhões delas vêm do Brasil, o que faz com que os americanos não consigam substituir as importações brasileiras. “Não existe café disponível para suprir esse volume no mercado americano em tão pouco tempo.”, explica ele.

Estrela também explica que, apesar de outros mercados de café estarem crescendo, como no Oriente Médio e no Sudeste Asiático, o americano ainda é o principal mercado consumidor de café. Por conta disso, o impacto na próprio economia dos Estados Unidos será alto, já que “a cada dólar de café exportado para os Estados Unidos é gerado na economia cerca de US$ 40”.

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Cenário das tarifas para o Brasil

Estrela afirma que “o cenário não é positivo” para o Brasil, devido as safras que já estão sendo colhidas e preparadas e os contratos futuros já realizados pelos exportadores. Além disso, ele aponta que os importadores americanos tendem a comprar o grão muito próximo de seu consumo, gerando estoques muito pequenos nos Estados Unidos, o que faz um momento de incerteza prejudicial aos produtores no Brasil.

O diretor também aponta um novo fenômeno nos EUA, onde os americanos cada vez mais consomem o café brasileiro e entendem a qualidade das exportações vindas do Brasil. Por conta disso, ele acredita que seja necessário uma diminuição nas tarifas, através do diálogo, para que os preços para o consumidor não sejam alterados.

“Não vejo como um cenário muito factível a redução drástica do preço do café brasileiro, porque ele já é um café que é vendido a um preço um pouco mais baixo do que, por exemplo, os cafés colombianos ou de outras origens.”

Porém, diante das mudanças no mercado, o Brasil pode ter oportunidades de novas relações comerciais com países da Europa e de outros mercados emergentes, que além de importar do Brasil podem reexportar o café brasileiro.

Cafés especiais

O diretor-executivo explica que para o setor de cafés especiais, as tarifas também terão um impacto enorme. A Associação Americana de Cafés realizou uma pesquisa onde pela primeira vez, mais da metade dos americanos disseram consumir pelo menos uma xícara de café especial no ano.

Além disso, das 8 milhões de sacas exportadas para os EUA do Brasil, cerca de 2 milhões de sacas são de cafés especiais. Ou seja, a tarifa também deve “impactar severamente os cafés de alta qualidade”, o que diminui a qualidade dos cafés oferecidos no mercado americano e prejudicando o consumo deste tipo da bebida dos Estados Unidos.

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