IPO problemático da Shein sinaliza problemas crescentes para a gigante de fast fashion
Publicado 30/05/2025 • 12:14 | Atualizado há 4 dias
Publicado 30/05/2025 • 12:14 | Atualizado há 4 dias
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Foto: Wikipedia Commons
Os problemas da gigante do fast fashion Shein continuam a aumentar depois que sua tão aguardada oferta pública inicial (IPO) em Londres supostamente encontrou um novo obstáculo.
A gigante do comércio eletrônico agora busca uma listagem em Hong Kong após não obter aprovação dos reguladores chineses para sua tão badalada oferta pública inicial (IPO) em Londres, informou a Reuters na quarta-feira (28).
Uma listagem em Londres foi vista como uma bênção para a empresa de 16 anos, fundada na China, proporcionando legitimidade internacional e acesso a um grupo amplo e maduro de investidores ocidentais. Analistas, no entanto, disseram que não ficaram surpresos com a decisão, dado o escrutínio contínuo em torno da empresa.
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“Sempre dissemos que achávamos que Hong Kong seria uma opção de IPO mais segura para a Shein”, disse Samuel Kerr, chefe de mercados de capitais de ações globais da Mergermarket, ao programa “Squawk Box Europe” da CNBC na quinta-feira (29).
“Para investidores internacionais, este sempre seria um IPO com muitos investidores, e talvez seja mais bem recebido pelo público doméstico”, acrescentou.
Nem a Shein, nem a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC) responderam ao pedido de comentários da CNBC sobre os planos. A Hong Kong Exchanges and Clearing Limited afirmou que não comenta sobre empresas individualmente.
A Shein tem enfrentado uma batalha árdua em suas ambições de listagem, enquanto busca se livrar das alegações sobre o uso de trabalho forçado na produção de suas camisetas de US$ 5 e sapatos de US$ 7. Embora negue veementemente as alegações, a Shein mudou seu foco de uma listagem em Nova York para Londres no ano passado, após enfrentar constante resistência dos legisladores americanos sobre essas questões.
Enquanto isso, a preocupação com suas práticas comerciais motivou uma investigação da UE, que no início desta semana concluiu que a empresa violou as leis de proteção ao consumidor, incluindo o uso de descontos falsos, vendas sob pressão e a indução a erro de compradores sobre alegações de sustentabilidade.
O fechamento, neste mês, da brecha mínima imposta pelos EUA para produtos de baixo custo — e possíveis medidas semelhantes pela UE e pelo Reino Unido — só agravaram os problemas da empresa.
“A enxurrada de críticas, que parecia prestes a se intensificar antes da listagem em Londres, é considerada, em parte, a razão pela qual os reguladores chineses relutaram em dar sinal verde para o IPO”, escreveu Susannah Streeter, chefe de dinheiro e mercados da Hargreaves Lansdown, em nota na quarta-feira (28).
A proposta de listagem da Shein em Londres também foi vista como um impulso muito necessário ao fraco mercado de IPOs do Reino Unido, após uma série de fechamentos de capital e deserções em meio à intensa concorrência de outros mercados financeiros.
“Isso será um golpe para as ambições de Londres de atrair nomes maiores para listar na capital, mas, dados os obstáculos que se acumulam, não é surpreendente que a empresa pareça estar se desviando para outra direção”, disse Streeter.
Ainda assim, alguns expressaram preocupação de que posicionar a polêmica listagem como o rosto da retomada dos IPOs em Londres pudesse enviar um sinal errado aos investidores.
“Havia um certo receio por parte de alguns em Londres de que a Shein fosse vista como um barômetro de referência para o futuro da Bolsa de Valores de Londres e para o retorno dos IPOs a Londres. Acho que isso teria sido problemático”, disse Kerr.
Um escrutínio adicional no Reino Unido também foi visto como um fator que pressionava a avaliação da Shein, em meio a comparações com outras empresas varejistas listadas, como Asos, Next e Boohoo. A empresa já estava supostamente sob pressão para reduzir sua avaliação de listagem em Londres para cerca de US$ 30 bilhões, segundo a Bloomberg, ante US$ 50 bilhões estimados anteriormente.
“Afastar-se do Reino Unido e desses pares britânicos provavelmente permitirá que ela obtenha uma avaliação mais alta”, observou Kerr.
Enquanto isso, a listagem da Shein pode representar um novo impulso para Hong Kong no que se configura como um ano forte para o mercado, após novos fluxos de capital de investidores locais e estrangeiros.
“Teria sido um marco significativo para a Shein listar suas ações em Londres ou Nova York, dada a maturidade, a profundidade e o potencial de avaliação desses mercados”, disse Rui Ma, fundador e analista da Tech Buzz China, à CNBC por e-mail.
“Dito isso, os mercados são, em última análise, moldados pela qualidade de suas listagens e participantes. A listagem da Shein é uma vitória para Hong Kong — mas ainda não é um ponto de virada”, acrescentou.
Os investidores da Shein com quem a CNBC conversou não quiseram comentar sobre a suposta realocação da listagem.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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