A marca dinamarquesa de joias Pandora alertou sobre aumentos significativos de preços em toda a indústria de joias acessíveis caso os aumentos de tarifas propostos pelo presidente dos EUA, Donald Trump, entrem em vigor após a suspensão de 90 dias das taxas anunciada pela Casa Branca em abril.
O CEO Alexander Lacik disse à CNBC que as atuais taxas de 10% sobre a maioria das importações dos EUA eram “administráveis”, mas observou que, se as tarifas voltassem aos valores “recíprocos” anunciados anteriormente, isso mudaria o jogo para os fabricantes de joias.
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“A maioria das joalherias que atua no segmento de preço em que operamos importa de algum lugar da Ásia. Portanto, pode-se argumentar que, se essas tarifas permanecerem, ficará mais caro para todos os envolvidos”, disse Lacik a Charlotte Reed.
“Portanto, devemos esperar que os preços ao consumidor sofram alguma alteração”, acrescentou.
A Pandora, conhecida por suas populares pulseiras de berloques e joias de prata, depende fortemente da produção na Ásia, principalmente na Tailândia, mas também no Vietnã, Índia e China.
Esses países foram afetados pelo anúncio de tarifas do “Dia da Libertação” do presidente Trump em 2 de abril, com tarifas recíprocas variando de 26% a 46%. Isso levou a empresa a alertar, no dia seguinte, sobre um impacto potencial significativo nas receitas do grupo, que avaliou em cerca de 1,2 bilhão de coroas dinamarquesas (US$ 182 milhões) por ano.
O presidente Trump anunciou posteriormente uma pausa de 90 dias e uma tarifa reduzida de 10% para a maioria dos países, exceto a China, embora atualmente não esteja claro qual será a taxa que os países enfrentarão quando essa pausa expirar no início de julho.
Questionado sobre o nível de aumento de preços que os consumidores podem esperar se as tarifas permanecerem em vigor, Lacik disse que a Pandora havia modelado uma série de cenários, mas que o valor final provavelmente seria liderado pela indústria.
“Todos podemos especular: serão 34[%] ou 40[%]”, disse ele. “Já analisamos vários cenários diferentes. Mas não operamos isoladamente, então precisamos ver um pouco o que o resto do setor fará.”
Se as tarifas permanecerem em 10%, Lacik disse que é improvável que a empresa precise aumentar os preços. No entanto, se subirem para cerca de 30%, por exemplo, “o mundo muda”.
“Existem diferentes maneiras de pensar sobre isso, então vamos ver onde isso vai dar”, disse ele.
Uma pulseira Pandora simples de prata esterlina é vendida atualmente por cerca de US$ 75, enquanto os anéis de diamantes cultivados em laboratório da empresa estão disponíveis a partir de US$ 200.
A Pandora manteve na quarta-feira sua projeção para 2025 de crescimento orgânico de 7% a 8%, embora tenha observado “elevada incerteza macroeconômica”. No entanto, a empresa reduziu sua projeção de margem de lucro operacional em 50 pontos-base, para cerca de 24%, o que Lacik atribuiu à desvalorização do dólar americano.
A projeção revisada exclui o impacto de tarifas potenciais além do período de pausa de 90 dias. No entanto, a empresa afirmou que fornecerá uma atualização sobre o impacto potencial à medida que a situação se tornar mais clara.
“O que não alteramos são as mudanças esperadas devido ao que quer que aconteça com as tarifas porque, do jeito que estamos hoje, não sei”, disse Lacik.
As ações da Pandora estavam sendo negociadas com alta de 2,3% às 13h55, horário de Londres.
Pandora descarta fabricação nos EUA
A Pandora emprega atualmente cerca de 8.000 pessoas nos EUA, principalmente em sua rede de lojas. No entanto, Lacik descartou a perspectiva de realocar a produção para os EUA — um objetivo estratégico fundamental da agenda tarifária do presidente — afirmando que não faria nenhum “sentido financeiro”.
“O custo da mão de obra nos EUA seria completamente anticompetitivo”, disse ele. “Portanto, se fizéssemos isso, os preços ao consumidor teriam que aumentar significativamente.”
Custos à parte, o CEO da joalheria disse que o país não possui a base de habilidades adequada para produzir os produtos artesanais da Pandora.
“Emprego até 15.000 artesãos na Tailândia”, disse ele. “Não consigo encontrar essa quantidade de talentos com experiência em artesanato nos EUA. Portanto, não se trata tanto de uma questão de custo, mas sim de ter pessoas qualificadas que possam realmente fabricar as joias.”
Mais do que custos e mão de obra, porém, Lacik disse que relutaria em aumentar o investimento nos EUA devido à incerteza. Isso ocorre em um momento em que empresas de outros setores, incluindo farmacêutico e automotivo, vêm prometendo bilhões de dólares para impulsionar a produção no país.
“O mais preocupante em tudo isso é que não é previsível”, disse Lacik. “Acho que isso afeta a maioria das pessoas como eu, que trabalha no lado comercial das coisas.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
