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Um mês de tarifaço: indústria e agro brasileiros buscam saída diplomática
Publicado 06/09/2025 • 13:26 | Atualizado há 5 horas
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Publicado 06/09/2025 • 13:26 | Atualizado há 5 horas
KEY POINTS
O tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos iniciou um teste de estresse para a indústria e o agronegócio brasileiro. Nas primeiras quatro semanas, o setor privado operou em dois eixos: abrir canais de negociação em Washington e recalibrar vendas externas para preservar receitas, enquanto o campo político segue como o principal gargalo.
Nesse período, o governo federal lançou o Plano Brasil Soberano, um pacote de medidas econômicas, trabalhistas e diplomáticas para mitigar os efeitos das tarifas. Serão R$ 30 bilhões em crédito com juros reduzidos, diferimento de tributos federais, prorrogação do regime de drawback e retomada do Reintegra, com alíquotas de até 6% para micro e pequenas empresas até 2026.
Além disso, criou uma Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego e intensificou a ofensiva diplomática, com ação protocolada na OMC e abertura de novos mercados em países como Canadá, Índia e Vietnã.
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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) levou a Washington uma comitiva de 130 empresários, federações e associações setoriais. O presidente da entidade, Ricardo Alban, definiu o balanço como “missão cumprida” no que cabe ao setor privado: encontros com o Departamento de Comércio, Departamento de Estado, parlamentares e audiência no USTR (que investiga práticas comerciais brasileiras).
Alban reconheceu, porém, que nenhuma solução concreta saiu da mesa: a remoção ou redução ampla das tarifas exige negociação de governo para governo. À indústria coube preparar o terreno, reduzir ruídos e apresentar ativos de interesse bilateral.
Para transformar crise em oportunidade, a CNI levou três frentes de cooperação bem recebidas pelos interlocutores americanos:
A avaliação interna da CNI é que a pauta “oportunidades + segurança energética/tecnológica” ajuda a requalificar o diálogo num momento em que o comércio está travado por razões políticas.
Alban reforçou que, no curtíssimo prazo, não há perspectiva de redução geral de tarifas, mas podem surgir isenções pontuais à medida que a ponte política amadurece. Segundo ele, houve sinalização de receptividade para propostas “propositivas e arrojadas” e canal aberto para conversas com autoridades americanas — inclusive com interlocução potencial via vice-presidente Geraldo Alckmin. Até lá, a CNI mantém medidas paliativas e amplia contatos internacionais para mitigar danos.
Do lado governamental, além das negociações diretas em Washington, o Planalto acionou a Lei da Reciprocidade, aprovada em abril, que autoriza medidas comerciais simétricas contra países que imponham barreiras unilaterais às exportações brasileiras. O objetivo é dar ao Brasil instrumentos para reagir enquanto busca novos parceiros.
Enquanto a indústria abriu portas, o agronegócio levou aos EUA uma defesa técnica contra a investigação iniciada com base na Seção 301 da Lei de Comércio. A CNA, por meio de sua diretora de Relações Internacionais, Sueme Mori, rebateu acusações de práticas desleais e sustentou que a competitividade do setor decorre de condições naturais, pesquisa e inovação, e não de benefícios indevidos.
A CNA protocolou defesa escrita em agosto e participou de audiência pública nesta semana, reforçando a legalidade das políticas em três eixos da investigação: tarifas preferenciais, acesso ao mercado de etanol e desmatamento.
No dossiê, o etanol desponta como ponto de convergência. A CNA lembrou que o Brasil importou 17 vezes mais etanol dos EUA do que da Índia em 2024 e que o programa RenovaBio é aberto a produtores estrangeiros que cumpram critérios técnicos e ambientais. Ao lado do SAF (com matérias-primas como macaúba), o biocombustível se apresenta como trilho de cooperação energética, com efeitos sobre balanço de carbono, agroindústria e cadeias logísticas.
Com os EUA mais caros, empresas aceleraram estratégias de redirecionamento. No agro, a carne deslocou parte dos volumes perdidos para China e Argentina; no café, a exposição aos EUA acendeu o alerta em cooperativas e traders — substituição existe, mas leva tempo pela especificidade de blends e contratos.
No industrial, máquinas e equipamentos sentiram o baque do custo; setores como aeronáutico e pedras ornamentais enfrentam dificuldade para realocar volumes no curto prazo. Em paralelo, manufaturados com demanda argentina encontraram escoamento mais rápido.
Funcionou: antecipação de embarques nas janelas anteriores ao aumento efetivo das tarifas; diversificação por destino no agro; abertura de mesas técnicas em Washington; agenda positiva com SAF, data centers e minerais; medidas do Plano Brasil Soberano como crédito emergencial e diferimento de tributos, que deram alívio imediato ao setor exportador.
Trava: política externa — tema sensível que não se resolve sem diálogo governo a governo; e setores de alta especificidade (aeronaves, pedras, máquinas) com mercados alternativos mais estreitos.
Indústria e agro convergiram em duas mensagens:
Na prática, isso significa: garantir fôlego às empresas com medidas paliativas, buscar isenções pontuais enquanto o contencioso maior amadurece e usar projetos-âncora (SAF, data centers verdes, minerais críticos, etanol) usando as como moeda de entendimento. No comércio, o plano é diversificar sem abandonar o mercado americano — recalibrar, não romper.
Neste 1º mês, a agenda andou onde poderia andar — no campo técnico e setorial. Para que a engrenagem gire de fato, será preciso que diplomacia e política assumam o centro da mesa. Até lá, indústria, agro e governo mantêm o curso: defender, negociar, redirecionar e investir.
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