O anúncio de aposentadoria de Warren Buffett chamou a maior parte da atenção na reunião anual da Berkshire Hathaway em 2025, mas o investidor bilionário também aproveitou o evento para compartilhar uma recomendação de filme “fascinante”.
“Confiram ‘Becoming Katharine Graham’ e vocês verão um acontecimento notável da história americana”, disse Buffett aos participantes da reunião, que aconteceu no dia 4 de maio. O documentário, disponível no Amazon Prime desde fevereiro, cobre a vida da editora de longa data do The Washington Post, que liderou o jornal em momentos históricos importantes, incluindo a cobertura dos Documentos do Pentágono e do escândalo Watergate.
“Há muitas partes ali que eu, que vivi naquela época, e não conhecia. E acho que todo cidadão americano deveria assistir”, disse Buffett, de 94 anos, que também anunciou sua iminente aposentadoria como CEO da Berkshire Hathaway durante a reunião anual.
Buffett afirmou não ter “nenhum interesse financeiro” no filme, mas ele aparece na obra como um amigo de longa data de Graham, que costumava possuir uma participação significativa no Post. Graham faleceu em 2001, aos 84 anos.
A conexão de Buffett com o The Washington Post
A relação de Buffett com o jornal existe há mais de oito décadas. Quando era jovem, sua família se mudou para Washington, D.C. após seu pai ser eleito para o Congresso dos Estados Unidos. Aos 13 anos, Buffett acordava às 4h30 da manhã para ganhar dinheiro entregando o The Washington Post para seus vizinhos.
Décadas depois, Buffett investiu US$ 11 milhões (cerca de R$ 61,6 milhões, na cotação atual) na The Washington Post Company, a holding que possuía o jornal. Ele fez esse investimento em 1973, apenas um ano após Graham assumir o comando como a primeira CEO mulher de uma empresa da Fortune 500.
Buffett escreveu uma carta para Graham na época, informando que estava comprando ações significativas de sua empresa pública, que ele acreditava estar “dramaticamente subvalorizada”. Na carta, que Graham incluiu em sua autobiografia de 1997, “Personal History”, Buffett também manifestou seu apoio a Graham como CEO.
Após comprar essas ações, Buffett serviu no conselho de administração da empresa por quase quatro décadas, até 2011 — frequentemente compartilhando seus conselhos de investimento com Graham. No documentário, Graham comentou sobre Buffett: “Ele costumava ir às reuniões do conselho com cerca de 20 relatórios anuais, e me levava através desses relatórios anuais. Era como ir para a escola de negócios com Warren Buffett”.
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Na reunião da Berkshire Hathaway de 2013, Buffett elogiou o número de grandes empresas americanas dirigidas por mulheres: “Está indo na direção certa… Mas, sabe, espero que continue se movendo e mais rápido”. Na época, havia 20 mulheres CEOs na Fortune 500. No ano passado, eram 52, de acordo com a Fortune.
A aposta de Buffett em Graham e no jornal rendeu frutos. As ações da empresa “subiram 40 vezes enquanto ela era CEO”, ele destacou durante a reunião de 2013.
O legado e o impacto financeiro
Em 2014, Buffett detinha uma participação de 23,4% na empresa, agora chamada Graham Holdings, que possui uma variedade de propriedades nas indústrias de mídia, saúde e automotiva (A empresa vendeu o The Washington Post para o fundador da Amazon, Jeff Bezos, por US$ 250 milhões – R$ 1,4 bilhão em 2013).
Quando Buffett vendeu suas ações na Graham Holdings em 2014, sua participação estava avaliada em quase US$ 1,1 bilhão (R$ 6,16 bilhões), relatou o The Washington Post na época.
Na reunião da Berkshire em 2025, Buffett disse que os espectadores do documentário provavelmente aprenderão muito com a vida e carreira de Graham: “As pessoas não se lembram o suficiente de Katharine Graham, [sua] história moldou a América de muitas maneiras”.
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